DAN no III Simpósio de Guerra de Minas – 1ª parte

III-Simpósio-de-Guerra-de-Minas
Vice-Almirante Viveiros no III-Simpósio-de-Guerra-de-Minas

O Defesa Aérea & Naval-DAN, esteve presente no III Simpósio de Guerra de Minas, realizado na cidade de Salvador-BA nos dias 20 e 21 de outubro, e trás aos leitores do DAN todas as novidades sobre Guerra de Minas.

O evento é promovido pela Marinha do Brasil através do Comando do 2º Distrito Naval, que é atualmente comandado pelo Vice-Almirante Cláudio Portugal de Viveiros.

Com a presença de oficiais da Marinha, da Aeronáutica e do Exército, das empresas fabricantes de equipamentos destinados à Guerra de Minas, das Universidades e a participação de espectadores on-line, o simpósio serviu para apresentar novas tecnologias em equipamentos, troca de informações entre as diversas organizações militares e empresas, com destaque para os militares estrangeiros que, através de sua vasta experiência no assunto, contribuíram para o sucesso do simpósio, como iremos detalhar mais adiante.

NV Abrolhos

O almirante Viveiros tem no seu comando a Força de Minagem e Varredura – ForMinVar, que mantém e emprega os Navios-Varredores da classe Aratu, construídos na Alemanha pelo estaleiro Abeking & Rasmussen e especialmente projetados para atividades de contramedidas de minagem, que tem como objetivo manter livres da ameaça de minas as rotas marítimas estratégicas do País.

O comando do 2º DN através do Grupo de Avaliação e Adestramento de Guerra de Minas (GAAGueM), mantém e difunde os conhecimentos de Guerra de Minas através de atividades de pesquisa e da realização de cursos e eventos acadêmicos.

O GAAGueM, através de pesquisas, enxergou a necessidade da ForMinVar implementar novos procedimentos como:

A Marinha sabe da necessidade de recuperar sua capacidade operacional e se atualizar na área de Guerra de Minas, assim, o Estado-Maior da Armada – EMA, liderou estudos para a aquisição por oportunidade ou pela construção de novos meios, elaborando um Empreendimento Modular que apontará quais as ações orientarão as decisões nessa área tão específica.

A presença do homem no campo minado, seja para identificar, classificar e promover a destruição de minas foi alvo da palestra do Capitão-de-Fragata (RM-1) Toscano. Com um currículo invejável, Toscano defendeu que apesar da evolução dos equipamentos que atuam na área de Guerra de Minas, seja através dos modernos sonares e dos AUVs, o homem ainda é fundamental para a execução de determinados passos onde os meios autônomos não tem como obter sucesso. Exemplos foram apresentados por Toscano como áreas de baixa profundidade, em que os navios caça minas teriam dificuldade em se aproximar e onde a vegetação ou os detritos impediriam a operação de um ROV (Veículo Remotamente Operado).

Porém, vários países estão trabalhando arduamente para a redução da presença do homem nas tarefas de destruição ou neutralização de minas. Investimentos estão sendo feitos em robôs não-tripulados, nas técnicas de detecção, classificação, neutralização e identificação de artefatos explosivos, com a intenção de reduzir os riscos que essa função impõe aos mergulhadores.

Diferentes tipos de equipamentos usados pelos mergulhadores da Marinha

Abeking & Rasmussen

A Abeking & Rasmussen foi representada no Simpósio pelo Capitão-de-Mar-e-Guerra da reserva Peter Decker, que iniciou sua palestra mostrando a importância das Linhas Comerciais Marítimas-LCM, para a economia mundial, ressaltando que 92% do comércio mundial é realizado pelo mar.

CMG-Peter-Decker

Mas apesar disso, o número de navios MCM vem sendo reduzidos drasticamente entre algumas marinhas europeias (França, Inglaterra,Bélgica, Alemanha e Holanda), onde na década de 60 existiam aproximadamente 450 MCMs e nos dias atuais este número está restrito a apenas 47 unidades.

O CMG Decker apresentou a solução da empresa para uma plataforma tipo catamarã a qual foi denominada SWATH – (Small Waterplane Area Twuin Hull), para o emprego de ROVs. A grande vantagem segundo o CMG Decker é que as embarcações baseadas no conceito SWATH garantem uma área da superfície do casco em contato com a água, significativamente menor em comparação com um casco convencional.

     

Construindo este tipo de embarcação desde 1999, ele defendeu que a maior estabilidade da mesma oferece vantagens, como o maior conforto em estados de mar alto, para a tripulação poder operar os equipamentos.

Marinha da Suécia

O Cmte. Jonas Hård af Segerstad, comandante do 42º esquadrão de MCM da Real Marinha da Suécia, esteve presente para apresentar e compartilhar como e com que meios, seu esquadrão opera no teatro de Guerra de Minas.

A Guerra de Minas Naval moderna engloba novos conceitos e recursos em Contramedidas de Minagem. O reconhecimento tático é fundamental para o sucesso das missões, juntamente com modernos navios Caça Minas equipados com Veículos Submarinos Autônomos (AUV) e Veículos Remotamente Operados (ROV), e conectados a um Centro de Dados de Guerra de Minas (MWDC). Além desses meios, também são necessários outros dispositivos como por exemplo o Saab Kockums SAM 3 (Veículo de Superfície Autônomo de varredura de minas), para uma completa varredura do campo minado.

No teatro atual, o comandante Jonas mostrou que a evolução das minas, algumas Stealth/Furtivas com detonadores multisensoriais, tornou o trabalho dos esquadrões de Guerra de Minas muito mais difícil. As novas minas possuem novas assinaturas sísmicas, elétricas e equipadas com dispositivos anti-varredura/anti-caça. Mas uma das principais dores de cabeça para eles é a instalação de sensores em minas antigas, transformando-as em verdadeiras armadilhas para os mergulhadores, pois o modo de desativação não é o mesmo. O comandante Jonas enfatiza também que em alguns litorais, algumas minas não poderão ser caçadas ou eliminadas, devido a formação do relevo do fundo do mar. A colocação de minas em locais estratégicos é um ponto observado por ele, onde o litoral, seja de águas rasas ou profundas, permite a instalação de minas em locais onde sua detecção se torna praticamente impossível, como pode ser observado abaixo na imagem ao centro (a parte marrom é um exemplo de local de difícil detecção).

Outra armadilha igualmente perigosa é a colocação de minas dentro de tambores de óleo jogados no mar. Isso dificulta a detecção pois, a princípio, são apenas tambores. Na imagem abaixo é possível ver tambores recolhidos durante a segunda guerra do Golfo.

        

O chamado Conceito Operacional de Contra Medidas de Minagem tem por objetivo, a liberdade de ir e vir de navios militares e mercantes, além de submarinos. A prevenção que essas medidas proporcionam são fundamentais para a economia mundial, pois mais de 90% do comércio mundial é feito por importações e exportações pelo oceano, como já citamos.

     

O comandante Jonas informou que a Marinha da Suécia, executa treinamentos constantes de Guerra de Minas, mantendo as tripulações de seus Caça Minas adestradas com excelente desempenho, o que fica ainda mais fácil de se obter com as participações anuais em exercícios internacionais desde 1995, como o Spirit (OTAN/NATO), Lejon Singa (Marinha de Singapura), FOST (Escócia), MOST (Zeebrügge), CEB (Itália) e exercícios no Mediterrâneo (costa da Itália), com resultados impressionantes, centenas de minas destruídas, milhares de objetos investigados e vários portos e caminhos reabertos.

A Marinha da Suécia também fornece treinamento aos oficiais de outras Marinhas como as da Estônia, Latvia e Lituânia.

Continua….

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