Especial DAN 10 anos: Lyon Air Museum, e seus raros e autênticos “warbirds” da 2ª Guerra Mundial

B-25 Mitchel “Guardian of Freedom”

Por Luiz Padilha

Nós do Defesa Aérea & Naval sempre que estamos fora do país produzindo conteúdo para trazer aos nossos leitores, procuramos otimizar nosso tempo ao máximo e conhecer lugares que tenham relevância com o nosso trabalho.

Seguindo uma indicação de nosso amigo e colaborador nos EUA, Carlos Lima, fui conhecer o Lyon Air Museum, que apesar de ser um museu enxuto, guarda verdadeiras preciosidades em seu acervo, como o B-17 Flying Fortress, “Fuddy Duddy,” abaixo.

O Lyon Air Museum foi fundado pelo Major General William Lyon, e está localizado no lado oeste do Aeroporto John Wayne, em Orange County, Califórnia. O acervo do museu é composto por aeronaves autênticas, veículos raros e recordações relacionadas, com ênfase no evento decisivo do século 20, a 2ª Guerra Mundial.

A missão do Lyon Air Museum é proporcionar aos seus visitantes, um local de inspiração de qualidade onde as histórias do passado da aviação podem tocar suas vidas através de exposições educacionais cativantes e provocadoras que levam as pessoas a refletir sobre a história ali contada, além das autênticas aeronaves históricas e as recordações que elas trazem.

O general William Lyon, sem dúvida, teve uma vida cheia de conquistas. Ainda mais impressionante é o fato de que muitas realizações do general Lyon foram além do segmento militar, já que ele fez sua marca como empresário de sucesso.

Prédio do Lyon Air Museum

Na entrada me dirijo ao guichê para adquirir meu ticket, e encontro uma senhora muito simpática que gentilmente me pede desculpas porque a impressora que emite o ticket não está funcionando no momento. Ela então me franqueia a entrada, a qual pagarei na saída. O valor é de US$ 12,00 e procuro a “lojinha”, mas não tem. Existem alguns itens para comprar como lembrança, como camisa, chaveiro, alguns brinquedos e só.

Ao entrar no amplo salão do museu, é uma sensação indescritível, onde não se sabe se olhamos a esquerda para o B-17 ou a direita para o B-25. Vamos começar então pelo lado esquerdo.

B-17 Flying Fortress “Fuddy Duddy”

B-17 Flying Fortress “Fuddy Duddy”

          

Este B-17 possui uma história interessante, pois ele teve atuações distintas durante e após a 2ª Guerra Mundial. O “Fuddy Duddy” foi usado como transporte VIP no Pacífico no final da 2ª Guerra Mundial, tendo transportado uma vez, o general Dwight D. Eisenhower, que mais tarde se tornaria o 34º presidente dos Estados Unidos. No pós guerra foi utilizado no combate à incêndios e, ocasionalmente, participou de filmes, voando na tela no filme de Steve McQueen de 1962, “The War Lover” e em “Tora Tora Tora”, sucesso de 1970.

          

A aeronave se encontra em perfeito estado de conservação, estando apta a voar, porém, ela não está na relação das aeronaves que voam. Perguntei a um dos muitos voluntários que cuidam do acervo do museu, um engenheiro da Boeing aposentado e ele me disse que o fator impeditivo é o alto custo da hora de voo.

Ele diz: “Cada hora de voo deste pássaro custa US$ 4.000,00 por motor, então multiplicando por 4, vemos que o custo não permite que ele voe, pois é muito caro para o museu coloca-lo no ar.” Seus 4 motores radiais Wright Cyclone R-1820, de 9 cilindros com Turbo-supercharger estão em perfeito estado e são acionados periodicamente. Fico triste em saber, mas contente em poder ver este ícone da aviação militar em perfeito estado.

Postos de combate dos artilheiros e as Metralhadoras Browning M-2 .50

NORTH AMERICAN B-25 “MITCHELL”

NA B-25 Mitchel

Esta aeronave recebeu seu nome em homenagem ao controverso general William Lendrum “Billy” Mitchell, por suas contribuições no desenvolvimento do poder aéreo americano. O B-25 é mais conhecido pelo bombardeio a Tóquio de 18 de abril de 1942, quando 16 B-25 comandados pelo tenente-coronel Jimmy Doolittle, decolaram do convoo do porta-aviões USS Hornet, completaram com sucesso o primeiro bombardeio ao solo japonês durante a 2ª Guerra Mundial.

O B-25 Mitchell, “Guardian of Freedom”, voou missões de patrulha de combate no Alasca e nas Ilhas Aleutas durante a 2ª Guerra Mundial, quando no pós guerra foi usado como treinador de pilotos. Vale ressaltar que o general Mitchell foi a única pessoa que teve seu nome atribuído a um avião militar americano.

          

Este B-25 está estalando de novo, com aparência de ter saído da fábrica recentemente. Dá gosto ver como as aeronaves neste museu estão conservadas.

Close do B-25 Mitchel

Douglas A-26B Invader “Feeding Frenzy”

Douglas A-26B Invader “Feeding Frenzy”

O A-26B Invader participou em mais guerras do que qualquer outro tipo de aeronave de sua época. Os americanos voaram no bombardeiro de ataque na 2ª Guerra Mundial, Coréia e Vietnã, enquanto outras forças aéreas lutaram contra ele na Indochina, Argélia, Biafra, Cuba, Congo e em pelo menos uma dúzia de outros conflitos.

       

O Douglas A-26B Invader “Feeding Frenzy”, foi construído no final da 2ª Guerra Mundial, e após o fim do conflito, passou a voar com os franceses na Indochina na década de 1950 e posteriormente foi operado pela Hughes Tool Company. Consta que o próprio Howard Hughes voou este avião, como fez com a maioria dos aviões que suas empresas possuíam. Hoje, o “Feeding Frenzy” usa as cores utilizadas na Guerra da Coréia.

       

Este A-26B Invader salta aos olhos por sua beleza. Esta pintura lhe caiu muito bem e sua conservação como as demais aeronaves, impressiona muito, dando vontade de embarcar e voar nele.

DOUGLAS A-26 “INVADER”

Douglas C-47 Dakota

Douglas C-47 Dakota ou Skytrain

O Douglas C-47 Dakota ou Skytrain do Lyon Air Museum, batizado de “Willa Dean”, teve uma longa e bem sucedida vida útil. Transferido da USAAF para os franceses em maio de 1945, esta aeronave continuou a voar sem receber alterações de configuração, ao contrário de tantos contemporâneos.

          

Em 1967, novamente mudou de propriedade, desta vez sendo transferida para os israelenses. Lá, continuou no serviço ativo sem grandes modificações, sendo vendida ao mercado civil, onde encontrou o caminho para o Lyon Air Museum como um dos C-47 mais completos e originais atualmente em operação.

O “Willa Dean” agora carrega as cores do 440th Troop Carrier Group’s, 97th Troop Carrier Squadron, com as listras do Dia-D. Não havia como entrar nas aeronaves mas algumas com as portas abertas permitiram algumas fotos. No interior do C-47 havia um dummy vestido à caráter como se estivesse pronto para pular como no Dia-D.

Douglas C-47 Dakota “Willa Dean”

North American Aviation T-6 Texan 

NA T-6 Texan

Este AT-6F / SNJ-6 ou North American Aviation T-6 “Texan”, era uma aeronave de instrução avançada usada para treinar pilotos das Forças Aéreas do Exército dos Estados Unidos, da Marinha dos Estados Unidos, da Royal Air Force e de outras forças aéreas da comunidade britânica durante a 2ª Guerra Mundial e na década de 1950.

Motor radial Pratt & Whitney R-1340-AN-1 Wasp com hélice Hamilton Standard

Projetado pela aviação norte-americana, o T-6 é conhecido por uma variedade de designações, dependendo do modelo e da força aérea operacional. A USAAC e a USAAF o designaram como AT-6, a Armada dos Estados Unidos, como SNJ e as forças aéreas da comunidade britânica, como Harvard. O Norte-American T-6 Texan era conhecido como “o fabricante de pilotos” por causa de seu papel importante na preparação de pilotos para o combate.

Motor radial Pratt & Whitney R-1340-AN-1 Wasp

Derivado do protótipo NA-16 norte-americano de 1935, um monoplano de asa baixa em cantilever, o texano preencheu a necessidade de um treinador básico de combate durante a 2ª Guerra Mundial e além. Os pilotos da Marinha dos Estados Unidos voaram o avião extensivamente, sob a designação SNJ, sendo o mais comum destes SNJ-4, SNJ-5 e SNJ-6. Após a 2ª Guerra Mundial, eles serviram durante a Guerra da Coréia na retaguarda como treinadores e em combate nas linhas de frente como aviões de controle aéreo.

Estas aeronaves de controle aéreo avançado foram designadas T-6 ‘Mosquitos.’ Durante o Vietnã, um número limitado de T-6s foram usados ​​como aeronaves de controle aéreo e uma série de T-6G armados foram transportados para o Laos e Camboja para serem usados contra alvos Vietcongs ao longo da linha de trem Ho Chi Min.

Muitos países, incluindo o Brasil, a China e a Venezuela, os usaram como treinadores e algumas nações até os usaram como aeronaves contra-insurgentes até a década de 1970. Durante sua produção, foram construídos mais de 15.000 aviões T-6 / SNJ / Harvard. Hoje, cerca de 500 permanecem voando ​​com civis em todo o mundo e são muito utilizadas como aeronaves de guerra em demonstrações aéreas e exibições estáticas.

Este AT-6F / SNJ-6 serve como uma homenagem aos milhões de homens e mulheres que serviram e estão servindo atualmente nos Estados Unidos e presta homenagem à dedicação, sacrifício e contribuições daqueles que ajudaram a desbravar os céus. O AT-6 / SNJ-6 em exibição foi construído em 15 de abril de 1945 e entregue à Marinha em 23 de junho de 1945. Foi vendido para uso civil em 1960. Ele foi restaurado à condição original como inicialmente entregue e embora tenha um rádio original, um rádio moderno foi adicionado para a comunicação atual.

Cessna O-1E “BIRDDOG”

Cessna O-1E “BIRDDOG”

O “Birddog” foi construído pela primeira vez em 1950 pela Cessna Aircraft Company, como um avião de reconhecimento para o Exército dos EUA, sendo construídas 3.398 células entre 1950 e 1964. Originalmente chamado de L-19, mais tarde foi re-designado como 0-1 em 1962. Ele serviu no combate extensivo na Coréia e no Vietnã, muitas vezes nas mãos dos antigos pilotos de combate e bombardeiro da 2ª Guerra Mundial. O “Birddog” serviu com o Exército dos EUA, USAF, USMC e em mais 19 países. Muitas pessoas consideram o “Birddog” o melhor avião de observação já produzido. Pintado nas marcas do US Army 183rd Seahorses, usada durante o sua participação no Vietnã, o “Birddog” em exibição no Lyon Air Museum serve como uma homenagem aos valentes pilotos que voaram reconhecimento visual e fotográfico, ajuste de artilharia, controle de área e em missões de resgate durante essa guerra.

Normalmente armados apenas com granadas de mão, um fuzil automático e foguetes de fósforo branco, alguns grupos usuários deste avião de observação de voo baixo, buscaram rapidamente modificações para incluir as metralhadoras M60 nas asas ou cabine, dando aos seus “Birddogs” uma mordida mais letal. A 183ª Companhia de Aviões de Reconhecimento foi formada em Fort Hood, Texas, e implantada no Vietnã em maio de 1966.

Douglas DC-3 “Flagship Orange County”

Douglas DC-3 “Flagship Orange County”

O Douglas DC-3 airliner não só era confortável e confiável, mas também fazia o transporte aéreo rentável. O C.R. Smith Museum da American Airlines diz que o DC-3 foi o primeiro avião que poderia ganhar dinheiro apenas transportando passageiros, sem confiar em subsídios do governo para transportar o correio americano.

       

Como resultado, em 1939, mais de 90% dos passageiros das companhias aéreas do país estavam voando em DC-2 e DC-3s. O próprio DC-3 do Lyon Air Museum, “Flagship Orange County” da American Airlines, começou a voar como um C-47A construído durante a Segunda Guerra Mundial. Antes da conversão para a configuração do avião, voou com o famoso 440th Trope Carrier Group da USAAF.

       

Pouco antes da meia-noite de 5 de junho de 1944, esta aeronave foi posicionada no Exeter Field, na Inglaterra, pronta para voar através do canal com centenas de outros Dakotas. Sua missão atribuída: Lançar os membros do 101º Airborne “Screaming Eagles”, sobre a zona de lançamento DELTA, para apoiar a invasão do Dia-D na Normandia às 1:40 da manhã, na manhã de 6 de junho de 1944.

Douglas DC-3 “Flagship Orange County”

Veículos Civis e Militares

Uma das características do Lyon Air Museum é sua coleção de veículos e motocicletas (civis e militares), com raros e caros exemplares como poderão ser vistos abaixo.

VID TEMPO Gelaendewagen 1939

VID TEMPO Gelaendewagen 1939

A Vidal & Sohn – Tempo Werke foi fundada em 1924 em Hamburgo, na Alemanha. A empresa tornou-se conhecida na Alemanha por sua linha de pequenos carros e vans, e mais tarde por sua produção de veículos militares durante a 2ª Guerra Mundial. As duas rodas sobressalentes expostas no centro são livres para girar sobre os respectivos eixos. Em terreno acidentado, esse dispositivo reduzia a tendência do veículo ficar preso enquanto seguia as armas de artilharia em superfícies não preparadas, fora o fato de possuir 2 motores, um na dianteira e outro na traseira.

          

Além da direção convencional da roda dianteira, as rodas traseiras também são orientáveis. De 1936 a 1944, 1.335 unidades foram produzidas, principalmente para exportação como carros de comando. Os usuários estrangeiros incluíram a Romênia, Suécia, Dinamarca, Letônia, México, Brasil, Finlândia e Chile. No entanto, a Alemanha usou várias dúzias de G1200s, em particular com o famoso “Schutzstaffel” ou “SS” do Partido Nazista ou  “Shield Squadron.”

Mercedes-Benz Model G4 Offener Touring Wagon

Mercedes-Benz Model G4 Offener Touring Wagon com vidro à prova de balas

Este Mercedes G4 Touring Wagon foi desenvolvido para o exército alemão e produzido de 1934 a 1939. Em excelente estado e todo original, este G4 só foi restaurado conforme necessário e possui estofados originais nos bancos da frente.

       

Este G4, em particular, possui vidros à prova de balas e foi originalmente entregue a Adolph Hitler no final de 1939. Ele foi usado pelo Fuhrer em Ober Salzberg, Berlim e Polônia até ser apreendido pelo exército francês em Berchtesgaden.

DIVCO Helms Bakery Truck

Pintado nas cores da empresa Helms Bakery de marfim e azul médio, esses veículos foram usados em todo o sul da Califórnia de 1931 a 1969 para entregas de produtos de padaria porta-a-porta. As gavetas de madeira na parte de trás do caminhão estavam abastecidas com donuts, biscoitos e bolos frescos, enquanto a seção central carregava dezenas de pães de pão recém-assado. “Daily at Your Door” foi o lema de Helms Bakery.

     

O museu tem também alguns veículos itinerantes, ou seja, a cada visita outros veículos podem estar em exposição. Abaixo alguns modelos muito interessantes.

          

Motocicletas Militares

          

     

Motocicleta Red Indian “Chief” 1935

Durante a visita, o movimento no museu estava baixo, acredito que seja pela visita ter sido feita em uma segunda feira, o que foi positivo pois consegui fazer as fotos sem pessoas na frente das aeronaves. Como em todos os museus que visitei nos EUA, a equipe de voluntários é composta por ex-pilotos de caça e de bombardeiros, engenheiros de indústrias aeronáuticas aposentados e jovens entusiastas que doam seu tempo para manter o museu e seu acervo em condições seja para voar ou apenas para exposição estática. Com o baixo movimento deste dia, as velhas águias se reúnem e montam um simulador de voo ao lado do B-17. Paro e percebo que a amizade entre eles vem de longa data, e isso fica fácil de observar, quando durante o voo, os amigos vão dando “conselhos” e ao piloto veterano.

É este espirito de camaradagem que se encontra entre os voluntários nos museus militares, e com os jovens entusiastas participando, a chama não se apagará!

Endereço: 9300 Ike Jones Road – Santa Ana, CA 92707 – Telefone: 714-210-4585

Horário de funcionamento: das 10 às 16 horas todos os dias, menos nos feriados.

Preços:

Adultos: $12
De 5 à 17: $6
Abaixo de 5: Grátis
Idosos & Veteranos: $9
Grupos: $1

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