Gripen C: Um show a parte antes e depois do rollout do Gripen E

Por Guilherme Wiltgen

As versões C/D do Gripen ainda vão estar operacionais nas próximas décadas, segundo Lennart Sindhal, vice-presidente senior da Saab, que em sua apresentação no dia 18 de maio pela manhã, o executivo declarou que a Saab, nos próximos 8 anos, ainda vislumbra oportunidades de vendas para estas versões do Gripen, que poderão receber novas atualizações e integração de novos armamentos, um importante diferencial desse caça.

               

A importância destas versões, nos planos de exportações futuras da Saab, ficou nítido pelo destaque que foi dado aos mesmos durante o rollout da sua nova geração.

Logo após o almoço, Richard Ljungberg, Chefe dos pilotos de testes da Saab, vestiu seu traje completo de voo, subiu ao palco onde os principais executivos da empresa faziam suas apresentações e, em seguida, se dirigiu para o Gripen estacionado no pátio do aeroporto, para conduzir a apresentação aérea.

Enquanto isso, os convidados foram conduzidos em ônibus até a pista do aeroporto de Linköping, que é compartilhada com a Saab, para a aguardada apresentação do Gripen C. Conforme íamos nos deslocando até o “spotter point”, o Gripen C 39277, da Swedish Air Force, foi taxiando ao nosso lado, aumentando o clima de expectativa para a sua apresentação e,  para o ponto alto do dia, o rollout do Gripen E.

Com uma linda decolagem com uma curva acentuada à direita, o 277 iniciou a demonstração aérea mostrando toda a manobrabilidade do Gripen, com diversas manobras, tonneau, voos de dorso e uma passagem a baixa velocidade.

                

Ao finalizar, executou um pouso muito curto, parando o 39277 bem a nossa frente, executando um giro sobre seu eixo e retornando ao pátio de aeronaves do aeroporto, de onde partiu para esta excitante apresentação.

                

                

       

O Gripen C 39261 no rollout

Estrategicamente posicionado na entrada do hangar, onde seria apresentado o Gripen E, a Saab destacou a versão C configurada com o míssil ar-ar BVRAAM Meteor, o de curto alcance IRIS-T (Infra Red Imaging System Tail), bombas de pequeno diâmetro (SDB – Small Diameter Bomb) e equipado com o Litening (Pod Designador de Alvos).

Conforme vimos no dia seguinte, durante uma visita ao hangar das aeronaves de testes, o 261 não estava ali apenas como “static display” e sim como uma das aeronaves que a Saab está utilizando nos ensaios e avaliações de armamento em voo.

Juntamente com o Gripen C, os convidados foram recepcionados por pilotos dos países operadores do Gripen, como África do Sul, Hungria, Reino Unido (ETPS – Empire Test Pilots School), República Checa e Suécia.

Brigadeiro Rossato e o TC Fabio Leite juntos ao Gripen C

O Brasil, que vai operar a sua nova geração, também estava representado pelo Tenente-Coronel Fabio Leite e que teve a companhia do Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato, que se juntou ao seleto grupo, uma clara demonstração da importância que tanto a Saab quanto a FAB estão dando para o programa do Gripen NG para o Brasil.

Visita ao hangar de ensaios de voo

Gripen D 39-7 no interior do hangar de testes (Foto: Saab)

No dia seguinte (19), ocorreu a visita as instalações da Saab e encontros com alguns executivos da empresa, visita ao centro de simulador de voo e um encontro com dois engenheiros da Embraer que se encontram participando da cooperação no desenvolvimento e processo de transferência de tecnologia.

Por motivo de segurança industrial, fomos orientados a não levar nossas câmeras e smartphones, pois não seria permitido fotografar essas áreas sensíveis da empresa, o que foi perfeitamente compreendido. Para a visita ao hangar, a Saab prontamente disponibilizou o seu fotógrafo que registrou as imagens que estamos utilizando.

A visita foi composta pelos grupos do Brasil, Colômbia e Bélgica, dividos entre os dois pilotos, sendo o grupo brasileiro seguiu com o Capitão Marcus Wandt, enquanto que os demais seguiram com o Coronel Hans Einerth, ambos pilotos de testes da Saab e da reserva da Força Aérea sueca.

Piloto de testes Marcus Wandt (Foto: Saab)

Marcus Wandt, com seus 35 anos de idade, é formado em Engenharia Civil, fez parte da tropa de paraquedistas e ainda é um experiente piloto, já tendo passado um ano e meio na US Naval Test Pilot School (USNTPS), onde voou diferentes tipos de aeronaves, desde as mais simples até as mais modernas, ficando entre os melhores de sua turma.

Iniciamos o “walkaround” pela aeronave 39-7, que também ficou conhecida como o “Gripen NG Demo”, que demonstrou a pré-produção do radar AESA, do sistema de alerta de aproximação de mísseis (MAWS -Missile Approach Warning System), do novo motor F414-GE-39E, dos novos display’s e a nova arquitetura de aviônicos no “back seat”, aumento da capacidade de combustível interno, do novo trem de pouso, duas novas estações, o novo HUD (Head-Up Display), do IRST Skyward-G da Selex e agora do radar AESA Selex ES-05 Raven.

IRST Skyward-G da Selex instalado no Gripen D 39-7 (Foto: Saab)

Outro ponto que Wandt destacou, foi sobre a motorização do “Gripen NG Demo”, que ao contrário das demais versões que utilizam o motor Volvo RM12, este utiliza o General Electric F414G, o mesmo que vai motorizar o Gripen E, o que segundo Wandt, proporcionou um aumento de potência, compensando o ganho de peso, e deixando o voo, em suas palavras, ” muito mais divertido”.

Mesmo não tendo sido projetado inicialmente para esta modificação, não houve dificuldade em adaptar o da GE no lugar do Volvo, apenas pequenas modificações precisaram ser executadas. Com isso, foi possível aumentar a potência (aproximadamente 22%), além de gerar mais energia para alimentar os novos sistemas e aviôncos, tecnologias que foram incorporadas ao Gripen E.

Do demonstrador para um caça de combate

Seguindo com o ” tour”, passamos para o Gripen C (39261) e com ele, novas curiosidades sobre o caça armado que se encontrava ao lado. De forma muito descontraída e simpática, Wandt respondia todas as dúvidas e curiosidades do grupo, que não eram poucas, pois ali se encontravam os editores e jornalistas das principais mídias especializadas brasileiras. Lógico que nem todas respostas eram possíveis de serem dadas, como quando lhe foi questionado sobre o quanto havia sido acrescido no alcance de engajamento de alvos de baixa assinatura radar, utilizando o binômio Meteor e ES-05. Wandt foi categórico, de que isso era classificado, porém, respondeu na sequência com um “muito” (very much) de forma bem descontraída, arrancando risos de todos no grupo. Apesar de não ser com a precisão que queríamos, a nossa resposta estava dada.

Gripen C com os armamentos nas estações sob a asa

Segundo Wandt, o Gripen é uma aeronave totalmente capaz de cumprir as missões ar-ar e ar-terra, observando que o caça também se comporta muito bem quando empregado em missões de Inteligência, vigilância, reconhecimento e guerra eletrônica.

Ao fim de nossa visita, ficou evidente que o Gripen foi projetado para atender às demandas das modernas ameaças das arenas de combate, e nos mais diversos teatros de operações, aliando segurança de voo, confiabilidade, manobrabilidade, eficiência, letalidade e baixo custo operacional. Com todos estes pontos positivos evoluídos, podemos esperar que o Gripen E seja realmente uma caça inteligente, e que vai proporcionar à FAB um ganho operacional muito grande, colocando-a em patamar de igualdade com as mais modernas forças aéreas do mundo.

O Grupo de jornalistas brasileiros no Gripen Evolution

Da esquerda para a direita: Carlos Lorch (de terno escuro) da revista Força Aérea, Paulo Andreoli da MSLGROUP,  Assis Moreira do jornal Valor Econômico, Kaiser Konrad da revista Tecnologia & Defesa, Fernando De Martini do site Poder Aéreo, Valtécio Alencar da Embraer Defesa & Segurança, Fernando Valduga do site Cavok, Marcus Wandt o piloto de testes da Saab, Guilherme Wiltgen do Defesa Aérea & Naval, Paula Nauhardt da Saab do Brasil; Pedro Paulo Rezende do site Defesanet, Hans Einerth o piloto de testes da Saab e Aline Alves da MSLGROUP, aos quais agradeço aos amigos de viagem pela cordial, e na maioria das vezes divertida companhia durante esta semana de atividades intensas na Saab.

Grupo brasileiro com os pilotos da Saab junto ao Gripen D 39-7 (Fotos: Saab)

NOTA do EDITOR: Na próxima matéria, a cobertura do rollout do Gripen E.

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