Operação Poseidon: Exército, Marinha e Aeronáutica operam juntos pela primeira vez a partir do PHM ‘Atlântico’

Por Guilherme Wiltgen e Luiz Padilha

O Comando da 2ª Divisão da Esquadra (ComDiv-2) e o Comando Naval de Operações Especiais (CoNavOpEsp) estão coordenando a Operação Poseidon, que iniciou no dia 28 de setembro e será concluída em 9 de outubro.

Dividida em duas partes, a operação envolve a Qualificação de Pouso a Bordo no PHM Atlântico (A 140) e o Adestramento Conjunto Específico de Emprego de Helicópteros das três Forças na Infiltração e Retirada de Forças de Operações Especiais das Forças Singulares.

Qualificação de Pouso a Bordo do PHM Atlântico

Visando o interoperabilidade das Três Forças nas atividades aéreas a partir do Capitânia da Esquadra, o ComDIV-2 promoveu a qualificação das tripulações do 1º Batalhão de Aviação do Exército (EB) e do 3°/8° Grupo de Aviação (FAB), que operam o mesmo modelo de helicóptero do 2º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-2), o H225M, adquirido através do Programa H-XBR.

A primeira fase do treinamento foi realizada na Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia (BAeNSPA), com o auxílio do Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval Alte José Maria do Amaral Oliveira (CIAAN), ministrando a instrução de emergência na UTEPAS (Unidade de Treinamento de Escape de Aeronaves Submersas), uma vez que tanto a aeronave do EB quanto da FAB iriam operar embarcadas a partir do Porta Helicópteros Multipropósito.

Tripulantes do 1º BAvEx recebendo instrução na UTEPAS (Foto: 1º BAvEx)

Inicialmente, as tripulações do Exército e da Força Aérea, por não estarem adaptadas às operações aérea embarcadas, o Esquadrão HU-2 realizou um estágio de pouso a bordo com o auxílio da plataforma de pouso da Macega, que simula um convoo de um navio da Esquadra.

 

Foram realizados circuitos, aproximações, pousos e decolagens orientadas por OLP (Oficial de Lançamento e Pouso) e com a EQMAN (Equipe de Manobra e Crash), de forma a se aproximar o máximo possível da operação real que executariam no navio. Nessa instrução foi utilizado o UH-15 tendo como 2P um piloto do HU-2 e o 1P alternado entre EB e FAB, até que todos se familiarizassem com os procedimentos de pouso a bordo.

No dia 06 de outubro, as aeronaves HM-4 Jaguar (EB-5002) e H-36 Caracal (FAB 8516) realizaram o primeiro pouso operativo a bordo de um navio da Marinha do Brasil, concretizando a ideia de interoperabilidade entre as Forças singulares, o que foi planejado pelo Ministério da Defesa em 2008, quando do Programa H-XBR, para aquisição de dos helicópteros H225M junto a Helibras, subsidiaria da Airbus Helicopters no Brasil.

Adestramento Conjunto Específico de Emprego de Helicópteros para Infiltração e Retirada de Forças de Operações Especiais

O Emprego dos Operadores Especiais da MB, EB e FAB, ficou sob a coordenação do CoNavOpEsp e envolveu a preparação das tropas com as unidades aéreas na BAeNSPA, antes da parte parte prática que seria efetivamente realizada partindo do navio para terra.

Nessa fase da Operação Poseidon, foram empregados as tropas de Operações Especiais da Marinha do Brasil, os Comandos Anfíbios (ComAnf) e o Grupamento de Mergulhadores de Combate (GRUMEC), do Exército Brasileiro, o 1º Batalhão de Ações de Comandos, e da Força Aérea Brasileira, o Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento (PARA-SAR).

O Adestramento coordenado pela Marinha do Brasil foi desenvolvido em duas fases distintas. Na primeira, foram realizadas diversas técnicas de desembarque empregadas na infiltração aeromóvel, além da UTEPAS e do treinamento de APH tático, Helocasting e Fast-Rope, compreendido no Complexo Aeronaval de São Pedro da Aldeia e nas áreas de adestramento.

A segunda fase, foi realizado no dia 07 de outubro a partir da infiltração pelo PHM Atlântico, quando todo o efetivo das três Forças, aproximadamente 60 militares, realizaram o transbordo em aeronave de asa rotativa com infiltração e exfiltração de tropas no CADIM (Centro de Avaliação da Ilha da Marambaia), enquanto o navio permanecia fundeado na Baía de Sepetiba.

Antes da operação de infiltração, foi realizado o “tiro de aeronave” empregando metralhadoras 7,62mm e o “tiro de caçador na aeronave”, realizado por um “Sniper” do GRUMEC.

A atividade foi revestida de forma relevante na potencialização da interoperabilidade entre as Tropas de Operações Especiais das Forças Armadas brasileiras, possibilitando as trocas de conhecimentos e procedimentos, visando aumentar ainda mais as nossas capacidades frentes as ameaças Híbridas e suas implicações.

O novo COC Conjunto

Durante o embarque conhecemos o novo Centro de Operações de Combate Conjunto das Forças Armadas, concebido para as operações entre as Forças no futuro, o que demonstra que essas atividades no PHM Atlântico, ocorrerão com bastante frequência.

Visita do EMCFA

Na quarta-feira (7), o Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (CEMCFA), Tenente-Brigadeiro do Ar Raul Botelho, embarcou no Atlântico para acompanhar os exercícios. Ele ressaltou a importância das atividades executadas pela Marinha, Exército e Aeronáutica, e disse que “A integração das três Forças só se dá por intermédio de exercícios e operações conjuntas, de modo que nós identifiquemos quais são os aperfeiçoamentos que podemos realizar no futuro. Nós acreditamos que a entrega para o nosso País, para a sociedade brasileira, se faz por intermédio de estarmos sempre preparados para qualquer demanda. Acreditamos, ainda, que defender a Pátria é garantir a soberania nacional, e isso depende de Forças Armadas bem capacitadas”.

O General de Exército Luiz Dias Freitas, Comandante de Operações Terrestres (COTER), o Almirante de Esquadra Alipio Jorge Rodrigues da Silva, Comandante de Operações Navais, e o Almirante de Esquadra Petronio Augusto Siqueira de Aguiar, Chefe de Operações Conjuntas do EMCFA (CHOC), acompanhavam o Brigadeiro Botelho.

Segundo o Comandante de Operações Terrestres (COTER), “Nós precisamos saber como as Forças coirmãs operam, para trabalharmos juntos. Esse exercício faz com que possamos potencializar os trabalhos uns dos outros”, destacando a importância da interoperabilidade entre as Forças Armadas.

O EMCFA e sua comitiva acompanharam os exercícios de qualificação de pouso a bordo realizados no PHM Atlântico, se deslocando no período da tarde para o CADIM, onde também pode assistir as operações de infiltração e exfiltração das tropas.

Visita do Ministro da Defesa

Na manhã de hoje (09), o Ministro da Defesa, Gen. Fernando Azevedo e Silva, acompanhou o adestramento conjunto de Forças Especiais. De acordo com o MD a “Nossa atividade fim baseia-se em exercícios conjuntos envolvendo a Marinha, o Exército e a Aeronáutica. Em um ano difícil, o Ministério da Defesa planejou e as Forças Armadas já executaram 17 operações conjuntas”.

Gen Fernando Azevedo e o AE Ilques no COC do PHM Atlântico (Foto: MD)

Segundo o Ministro da Defesa, o adestramento conjunto marca a concretização do projeto estratégico H-XBR, “Esse projeto começou em 2008 e, atualmente, já estamos com 36 aeronaves. Aqui, testamos o mesmo helicóptero nas três Forças e estamos operando em conjunto”, concluiu.

Ao final da visita, o Gen. Fernando Azevedo destacou o sucesso da missão.

NOTA do EDITOR: O Defesa Aérea & Naval agradece à Marinha do Brasil, ao Vice Almirante Mello (Comandante em Chefe da Esquadra) e sua equipe, ao CAlte Wieland (Comandante da 2ª Divisão da Esquadra) e sua equipe, ao CAlte Lampert (CCSM) e sua equipe, ao CAlte Lage (Comandante do Comando Naval de Operações Especiais) e sua equipe, ao CMG Giovani Corrêa (Comandante do PHM Atlântico) e seus tripulantes, ao TC Inf Igor (Comandante do PARA-SAR), ao Maj. Guarnier (Oficial de Ligação do Exército), a equipe de Comunicação Social da ALA 12 e a todos os militares envolvidos que contribuíram, direta e indiretamente para a realização dessa cobertura

Os editores do DAN seguiram todos os protocolos de prevenção ao COVID-19 estabelecidos pela Marinha do Brasil, incluindo a apresentação de exame com resultado negativo para o novo coronavírus antes do embarque.

Galeria de Fotos da Operação Poseidon

 

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