PASSEX da Missão Jeanne D’Arc com a Marinha do Brasil: Fase Anfíbia I

Por Luiz Padilha 

Antes de iniciarmos as matérias sobre a PASSEX da Missão Jeanne D’Arc com a Marinha do Brasil, vamos fazer uma breve exposição dos objetivos da Marine Nationale nesta viagem de instrução.

Até recentemente, a Marine Nationale utilizou o Porta-Helicópteros Jeanne D’Arc (R 97), em suas viagens de instrução como navio escola. Após 46 anos de serviços, o mesmo foi descomissionado em 7 de Junho de 2010 e a partir de então, a viagem de instrução foi batizada com seu nome.

Em sua última viagem, teve a companhia da fragata Courbet (F 712), da classe La Fayette.

Porta-Helicópteros Jeanne D’Arc (R 97)

A Missão Jeanne D’Arc tem como objetivo a formação de Aspirantes (Guarda-Marinha na MB), em futuros oficiais da Marine Nationale (MN). Esta viagem é um marco, como o lançamento da “pedra fundamental”, de como será a carreira destes oficiais ao longo de sua permanência na MN, abrindo caminho para as suas responsabilidades como líderes ou como especialistas em seu campo de ação.

A classe de 2009, que integra esta viagem abordo do BPC Dixmude, é composta por 144 aspirantes, incluindo 21 mulheres em serviço, que se especializaram em diferentes áreas. O navio também recebeu 17 oficiais estrangeiros em Toulon, juntamente com 10 aspirantes da Escola Militar de Saint-Cyr Coëtquidan, que irão completar este deployment até o porto final, em Brest.

Os 17 países representados são:

Alemanha(2); Bélgica(1); Brasil(1); Camarões(1); Espanha(1); Gabão(1); Indonésia(1); Inglaterra(1); Kuwait(2); Madagascar(1);Malásia(1);Marrocos(1); República do Benim(1); Togo(1); Tunísia(1)

 

Um programa de treinamento dedicado à operações

Tudo o que se aprendeu em teoria na Academia Naval é colocado em prática durante a viagem, onde os Aspirantes irão enfatizar vários aspectos do trabalho de um oficial da Marinha,  tais como: ser um líder militar, um profissional do mar, tirando serviço de turnos como se fossem parte integrante da tripulação do navio, seja no passadiço, na sala de máquinas, no CAV( Controle de Avarias), ou no COC ( Centro de Operações de Combate), a bordo de ambos os navios desta viagem, afim de poderem no futuro, representar a França ao redor do mundo.

Isso explica a grande variedade de países visitados e exercícios realizados nos principais teatros de operação da Marinha francesa, ampliando seus horizontes e melhorando seus conhecimentos em relações internacionais, dinamizando na pratica, suas habilidades em línguas estrangeiras.

O BPC Dixmude possui total capacidade para liderar uma operação conjunta/combinada no mar. Durante a primeira parte da viagem, um batalhão tático do exército francês embarcou e realizou numerosos exercícios anfíbios programados.

A PASSEX com a Marinha do Brasil

Seguindo a programação, o BPC Dixmude suspendeu no dia 11, pontualmente as 07hs, com destino a Baia de Sepetiba, onde foram executados os exercícios da fase anfíbia desta PASSEX. Os helicópteros SA 342 Gazelle e SA 330 Puma, da Aviation légère de l’armée de Terre (ALAT) decolaram e realizaram voos de reconhecimento de área.

Assim que o navio cruzou a boca da barra, o helicóptero SA 316 Alouette III, da Aeronavale, decolou para fazer o registro fotográfico da saída do navio da Baia de Guanabara, enquanto que os pilotos da ALAT iniciavam seus voos de qualificação e requalificação de pouso a bordo.

Enquanto as aeronaves estavam em voo, foi possível observar a movimentação da tripulação no convoo do BPC Dixmude, sempre pronta para receber os helicópteros de forma organizada e eficiente.

O helicóptero do 2º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-2), que era aguardado pelo navio, não demorou muito para chegar. O UH-14 Super Puma N-7070 (Pégasus 70) já se encontrava orbitando e assim que as aeronaves francesas foram recolhidas, o Pégasus realizou seu pouso. Para a nossa surpresa, foi dada a ordem para que todas as aeronaves pousassem e fossem imediatamente hangaradas, devido a mudança repentina das condições climáticas, que acabou por cancelar a programação prevista para o restante do dia.

Com a mudança nos planos, aproveitamos para conhecer melhor o navio na companhia da Public Affairs Officer do navio, Sub-Lieutenant Marine Monjardé. Neste primeiro dia conhecemos o local onde são ministradas as aulas aos aspirantes, onde fomos recebidos pelo Capitão-de-Fragata Knapp, responsável pelo setor de ensino desta viagem.

O CF Knapp explicou que anteriormente, com o Porta-Helicópteros Jeanne D’Arc (R 97), a viagem de instrução levava 7 meses e que agora com a introdução dos navios da classe Mistral, o prazo foi reduzido para 5 meses, face a dinâmica introduzida por um navio mais moderno na função.

Quando o navio não está engajado na viagem de instrução, o espaço onde são ministradas as aulas aos aspirantes, passam a ser utilizadas pelos staffs do departamento de aviação, pela Armee de Terre ou pelo Almirantado em outras Comissões da Marine Nationale, informou o CF Knapp.

Oficial da Marinha do Brasil a bordo do BPC Dixmude

Neste deployment a Marinha do Brasil enviou o 2ºTenente João Celso Silva de Deus, que finalizou  sua viagem de instrução a bordo do NE Brasil (U27), em dezembro de 2011.

Natural do Rio de Janeiro, o 2ºTen. Celso expressou enorme satisfação em poder estar presente nesta viagem, pois, apesar de já ser oficial da Marinha do Brasil, ele participa com os aspirantes franceses de toda a programação de instrução.

Estar embarcado num navio novo como o BPC Dixmude, operando equipamentos modernos junto a oficiais e aspirantes de outras Marinhas, é um prêmio de valor incalculável.

O dia seguinte seria bem interessante, com muitas atividades e o desembarque anfíbio na Ilha da Marambaia, que mostraremos na cobertura da Fase Anfíbia II desta PASSEX.

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