PHM ‘Atlântico’: DAN embarca no Capitânia durante chegada ao Rio de Janeiro

O Defesa Aérea & Naval, em sua terceira vez a bordo, acompanhou a chegada do novo Navio Capitânia da Esquadra Brasileira.

Por Guilherme Wiltgen e Luiz Padilha

O dia 24 de agosto começou cedo na enseada do Forno, em Arraial do Cabo. De lá, um seleto grupo de jornalistas embarcou na Landing Craft Vehicle Personnel (LCVP) Mk5 ‘Tubarão’, uma das quatro pertencentes ao Porta-Helicópteros Multipropósito Atlântico (A 140), que realizou o transporte até o navio que se encontrava fundeado ao largo de Cabo Frio e Arraial do Cabo, no litoral norte do Rio de Janeiro.

Também foi possível perceber o quanto é dura a navegação por águas não abrigadas, pois, ao sair da enseada e pegar mar aberto, o desconforto foi nítido, pois a LCVP Mk5 é uma embarcação espartana, sem o menor conforto para quem é transportado, no caso, os Fuzileiros Navais.

       



Durante o rápido deslocamento, foi possível vivenciar uma das capacidades do navio em operações anfíbias, com o transporte de tropas e materiais, durante o Movimento Navio-Terra (MNT). Ao chegar ao navio, a ‘Tubarão‘ foi içada e já desembarcamos, praticamente no acesso ao hangar, e fomos recepcionados pelo CMG Giovani Corrêa.

Da Dir. para Esq.: CA Valicente, Diretor do CCSM e o CMG Giovani Corrêa, Comte. do PHM Atlântico.

Operações Aéreas

Para que fosse possível o navio iniciar suas operações aéreas com segurança, nos dia 22 e 23 (quarta e quinta-feira) a Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM), através do Serviço de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos da Marinha (SIPAAerM), concluiu a Vistoria de Segurança de Aviação (VSA) dinâmica do navio.

Foram realizados exercícios com as aeronaves a bordo e, ao final da comissão, o navio obteve aprovação para realização de operações aéreas até o Nível de Operação III e Classe de Apoio 3, sendo até duas aeronaves em operação simultânea, no período diurno e sob condições meteorológicas visuais.

       

Para a execução da VSA, o Atlântico recebeu seis aeronaves, sendo dois IH-6B Jet Ranger III (N-5039 e N-5056), do 1º Esquadrão de Helicópteros de Instrução (HI-1), dois UH-15A Super Cougar (N-7201 e N-7202), do 2º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-2) e dois SH-16 Seahawk (N-3036 e N-3037), do 1º Esquadrão de Helicópteros Anti Submarino (HS-1).

       

       

Chegada do Comandante da Marinha

O comandante da Marinha, Almirante de Esquadra Eduardo Bacellar Leal Ferreira junto com seu almirantado, chegou a bordo em duas aeronaves UH-15A Super Cougar, do Esquadrão HU-2. O atual Diretor Geral de Material da Marinha, AE Caroli, foi recebido mais cedo pela tripulação do navio e proferiu algumas palavras de boas vindas, desejando bons ventos e bons mares para o navio.



FOTEX

Após conhecer o navio durante o período da manhã, e um pouco da sua gama de capacidades, logo após o almoço, a Marinha do Brasil organizou uma FOTEX, para que pudesse ser registrado imagens do navio operando em nossas águas jurisdicionais.

       

Os jornalistas embarcaram no SH-16 Seahawk N-3037, pertencente ao 1º Esquadrão de Helicópteros Anti-Submarino (HS-1), de onde observaram as reais dimensões do navio, único de sua categoria na América Latina.

       

Cerimonial à Bandeira

O Cerimonial à Bandeira é um conjunto de tradições, honras e sinais de respeito em uso nas Marinhas de Guerra, que remonta aos primórdios das navegações, quando os marinheiros levavam a bordo e deixavam em locais especiais as imagens das divindades que invocavam para os protegerem, quando se faziam ao mar.

Com o passar do tempo, as imagens foram substituídas pelos símbolos do poder e, mais tarde, pelos pavilhões nacionais, que perduram até os dias de hoje.

Seguindo estas tradições, ao pôr do sol deste inesquecível dia 24, foi realizado o Cerimonial à Bandeira, que contou com a presença do AE Leal Ferreira, que juntamente com o Almirantado,  os tripulantes e os componentes do Destacamento Aéreo Embarcado, se reuniram no convoo e acompanharam a Bandeira Nacional ser arriada em um movimento uniforme, que ocorre durante o tempo em que se executa o hino nacional.

       

Os editores do DAN com o AE Liseo Zampronio, Secretário-Geral da Marinha.

Parada Naval

Pontualmente as 8h30, na altura da Barra da Tijuca, foi iniciada a última parte da chegada do PHM Atlântico ao Rio de Janeiro.

       

Pouco antes de iniciar a Parada Naval, o Ministro da Defesa, General Joaquim Silva e Luna, acompanhado do Embaixador do Reino Unido no Brasil, Vijay Rangarajan, e dos ex-Ministros da Marinha os Almirantes de Esquadra Alfredo Karam, Sérgio Gitirana Florêncio Chagasteles e Roberto de Guimarães Carvalho, e os ex-Comandante da Marinha e do Exército Brasileiro, AE Julio Soares de Moura Neto e Gen Ex Enzo Martins Peri, respectivamente, também embarcaram no Atlântico.

       

O ministro da Defesa destacou que “a chegada do navio garante a tranquilidade nesta parte do mundo, particularmente, no Atlântico, pois tem grande capacidade dissuasória, aumentando o poder de combate do nosso país”. Ressaltou também que a Marinha vem desenvolvendo outros projetos, como o Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub).

Junto dos militares da Royal Navy, que acompanharam a viagem do navio, e do CMG Kevin Fleming, Adido de Defesa no Brasil,  o Embaixador do Reino Unido disse que “A chegada do PHM Atlântico é um marco na história das nossas marinhas e da cooperação entre o Brasil e o Reino Unido. Compartilhamos experiências e muito conhecimento sobre o uso desta embarcação. A Marinha do Brasil fará excelente uso dela”.

A Parada Naval contou com o Submarino Tupi (S 30), do Navio de Pesquisa Hidroceanográfico Vital de Oliveira (H 39), do Navio Patrulha Oceânico Amazonas (P 120), da Corveta Julio de Noronha (V 32), da Fragata Greenhalgh (F 46), da Fragata União (F 45) e do Navio Doca Multipropósito Bahia (G 40), que puderam ser vistos da orla da zona oeste e sul do Rio de Janeiro, da praia vermelha, praia do Flamengo e parte de Niterói.

       

      



Netuno dá as boas vindas ao “Atlântico”

Com uma participação não programada durante a Parada Naval, Netuno deu suas boas vindas das profundezas do Oceano Atlântico, com um grupo de baleias Jubarte que se exibiram em meio a Submarinos, Corvetas e Fragatas, nadando calmamente nas proximidades das Ilhas Cagarras, lembrando que uma das missões da Marinha do Brasil é  proteger a Amazônia Azul, e seus incalculáveis bens naturais e a sua biodiversidade.

       

A passagem pelo “Gigante”

À frente na Parada Naval, seguia o Navio Doca Multipropósito Bahia (G 40), que até então era o Navio Capitânia da Esquadra e, de uma forma simbólica, passa a função ao PHM Atlântico (A 140), que assumiu a primeira posição na coluna de navios.

       

Chegada a Baía de Guanabara e Salvas de Tiro de Canhão

Ao entrar na Baía de Guanabara, o PHM Atlântico fundeou próximo da Escola Naval, onde foi realizada a salva de 21 tiros de canhão.

A tradição remonta a época de Henrique VIII quando, para demonstrar uma atitude amistosa, os navios de guerra disparavam seus canhões, pois ao contrário dos dias atuais, era necessário um longo período para se recarregá-los, desse modo, o navio ficava momentaneamente impossibilitados de combater.

A maior parte das fragatas e navios menores era armada com uma bateria de sete canhões em cada bordo. A princípio, uma salva de sete tiros era a salva nacional britânica. As baterias de terra, no entanto, deveriam responder às salvas do navio na razão de três tiros para cada tiro de bordo. Assim, a máxima salva de bordo, sete tiros, era respondida pela maior salva de terra, vinte e um tiros.

Luz Verde no Convoo

Pouco antes de suspender em direção ao Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), as aeronaves decolaram e retornaram aos seus Esquadrões, sediados na Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia (BAeNSPA).

       

Com a chegada do PHM Atlântico, a Aviação Naval inicia uma nova etapa nas suas operações de asas-rotativas, tendo em vista que o navio é capaz de operar com todos os atuais helicópteros, e também com H225M Naval, que tem previsão de ter a primeira aeronave, das cinco encomendadas, entregue até o final de 2018.

       

Essa aeronave incorpora sensores no estado da arte, podendo ainda ser armada com dois mísseis anti-navio AM-39 Exocet, ampliando a capacidade do Porta-Helicópteros no atual cenário da moderna guerra naval.

       

Atracação no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro

Finalizando a jornada de recebimento e fiscalização dos serviços realizados no Reino Unido, por volta das 14h45, o PHM Atlântico atracou no AMRJ, em uma viagem que iniciou no dia  1º de agosto de 2018, na HMNB Devonport, em Plymouth no Reino Unido, com uma escala em Lisboa, Portugal.

O navio foi recepcionado por aproximadamente mil pessoas, entre militares e familiares, que aguardavam ansiosamente no cais, o momento do desembarque dos tripulantes.

O PHM Atlântico atracou a vante do NAe São Paulo (A 12), ocupando o mesmo lugar do saudoso NAeL Minas Gerais (A 11).

“Ataque Contínuo e Agressivo, Atlântico!”

NOTA do EDITOR: O DAN agradece à Marinha do Brasil de poder participar desta data histórica nas pessoas do Comandante da Marinha, AE Leal Ferreira, CA Valicente (Diretor do CCSM), do CMG Giovani Corrêa (Comte. do A 140), CF Fausto e CT Fabrício Costa (CCSM) e a todos os militares que de forma direta e indireta, contribuíram  para execução desta cobertura.



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