A atuação da Força Aérea Brasileira na Região Norte

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Você já imaginou como é a atuação da Força Aérea para resguardar a fronteira norte do País? Conhece as peculiaridades climáticas e geográficas da Região Norte? Consegue visualizar uma onça dentro de um avião? Pois bem! O post desta semana apresenta o trabalho desenvolvido na área de atuação do Sétimo Comando Aéreo Regional (VII COMAR) e algumas curiosidades sobre a atuação da Aeronáutica na chamada Amazônia Ocidental.

Na área que abrange os estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima, o VII COMAR possui 21 Unidades Aéreas e de Aeronáutica, subordinadas e jurisdicionadas a ele, que trabalham na proteção das fronteiras e na defesa aérea da região.

Criado em março de 1983 e sediado em Manaus, capital do Estado do Amazonas, o VII COMAR precisa se adaptar às peculiares características do extremo norte do Brasil para cumprir sua missão. O desafio é grande! Para começar, há quem diga que essa é a “região dos superlativos”. Isso porque as realidades locais apresentam números altos e de grande intensidade: as distâncias são enormes, as mudanças climáticas são bruscas e a sazonalidade dos rios é intensa. A Amazônia Ocidental ainda tem outro ponto que chama a atenção, que é o fato de ser uma área muito rica e com baixa densidade demográfica.

Com 30 anos de trabalho dedicados ao VII COMAR, o Coronel Intendente Fernando Vitalino da Silva Júnior viu a unidade crescer e ampliar sua atuação: “cheguei aspirante ao quartel e, na época, o efetivo não tinha nem 100 militares. Hoje, contamos com mais de 300. Tivemos uma expansão não apenas física, como também no apoio ao homem. Ganhamos mais horas de voo, justamente pelo aumento do número de missões”, explicou.

Quando o assunto é apoio, o VII COMAR costuma ser lembrado também por suas Ações Cívico-Sociais (ACISO) e por suas Evacuações Aeromédicas (EVAM). No primeiro caso, equipes de médicos levam saúde e esperança para o interior, através de atendimentos médicos e odontológicos oferecidos a indígenas, caboclos e ribeirinhos. Somente em 2013, foram realizadas seis ACISO, com aproximadamente 3500 atendimentos. Já as chamadas EVAM são missões em que cidadãos da região, com os mais variados problemas de saúde, são transportados para os grandes centros, onde possam receber tratamento mais específico.

Três militares são figuras marcantes quando se fala de apoio de saúde na Amazônia Ocidental. Para começar, vamos apresentar o Suboficial Enfermeiro Napoleão Vieira de Aguiar Junior e sua esposa, a Suboficial Ineze Wollenhaupt de Aguiar. Casados há quase 30 anos, eles se conheceram na primeira unidade da Força Aérea em que serviram: a Base Aérea de Santa Maria (BASM). leia mais sobre a BASM clicando aqui.

Os graduados passaram quase a carreira toda em quartéis no sul do País, mas, faltando apenas alguns anos para se aposentarem, decidiram realizar o sonho de trabalhar na Região Norte. O Suboficial Aguiar disse que eles sempre gostaram de fazer ACISO e que o casal queria ajudar a levar a Força Aérea até os ribeirinhos, nos locais mais distantes do interior da Amazônia. Já a Suboficial Ineze lembrou que, durante todos os anos deles na Aeronáutica, era comum a participação dela e do marido em ações humanitárias. “O que faltava era participar de missões em locais onde há dificuldade de acesso da população aos atendimentos médicos”, disse.

Todas essas operações de saúde são planejadas pelo Sétimo Serviço Regional de Saúde (SERSA-7). É nessa setor que trabalha o 1° Tenente Médico Waldyr Moysés de Oliveira Junior, militar muito lembrado quando se fala em missões médicas na Amazônia Ocidental. Com oito anos de Força Aérea, inteiramente dedicados à região, o Tenente Waldyr já organizou várias ACISO e sabe todos os obstáculos que precisa driblar a cada nova missão como esta. “As distâncias são grandes e sem conexão por estradas.

Pelo rio, os deslocamentos demoram, podendo chegar a um mês ou mais. As cidades, isoladas, costumam ter baixa infraestrutura, o que nos obriga a levar tudo o que a cidade precisa para realizarmos os atendimentos. Nesse caso, fazemos muitas análises, pois temos que conciliar as necessidades com a quantidade de carga que a aeronave pode transportar”, explicou.

Mas o Ten Waldyr não fica apenas com o trabalho de planejar. O militar participa de muitas missões, ao mesmo tempo em que faz a coordenação delas. Atualmente, realiza, em média, 500 atendimentos no interior por ano e soma a participação em 30 missões médicas operacionais e ACISO desde que iniciou sua carreira, além de 60 EVAM. Todo esse trabalho é realizado de forma sinérgica com o Hospital de Aeronáutica de Manaus (HAMN), os Esquadrões  de Voo e as seções de logística e planejamento aéreo do VII COMAR.

O VII COMAR tem também em sua área sete esquadrões aéreos, que operam com oito aeronaves diferentes. Na extensa relação estão as aeronaves F-5EM, C-97 Brasília, C-95 Bandeirante, C-98 Caravan, C-105 Amazonas, H-60L Black Hawk, A-29 Super Tucano e AH-2 Sabre que realizam variadas missões que contribuem para o apoio e a defesa da região. Conheça, abaixo, os quatro Esquadrões sediados em Manaus:

Esquadrão Pacau

O Primeiro Esquadrão do Quarto Grupo de Aviação (1°/4° GAv) foi criado em julho de 1947. Inicialmente com sede na Base Aérea de Fortaleza – CE, o Pacau foi, em 2002, transferido para a Base Aérea de Natal – RN. Sua instalação na Base Aérea de Manaus ocorreu apenas em 2010, com o objetivo de atender a Estratégia Nacional de Defesa.

O Esquadrão Pacau cumpre a missão de resguardar o espaço aéreo na Amazônia Ocidental. Nesse sentido, operando com a aeronave F-5EM, está em alerta 24h por dia, durante os 365 dias do ano, para resguardar a fronteira norte do Brasil. A dedicação e o profissionalismo de seus militares renderam ao Esquadrão o título de “A Sorbonne da Caça”.

Esquadrão Cobra

O Sétimo Esquadrão de Transporte Aéreo (7° ETA) foi criado em julho de 1983 e está sediado na Base Aérea de Manaus. Desenvolvendo suas atividades de transporte através de suas três aeronaves – C-97 Brasília, C-95 Bandeirante e C-98 Caravan -, o Esquadrão Cobra leva suporte e esperança para as regiões distantes da Amazônia. O 7° ETA trabalha, por exemplo, com o VII COMAR na concretização das EVAM e das ACISO, realiza diversas missões de apoio aos pelotões de fronteira do Exército Brasileiro (EB) e a outras organizações públicas. Com mais de 80000 horas de voo, o Esquadrão Cobra impacta positivamente toda a região, o que lhe rendeu o título de “Anjos da Amazônia”.

O Cobra tem em sua história missões bem características da região, como o transporte, em 2013, de uma jovem índia que teve fraturas na perna e no braço, após ter caído de uma árvore onde brincava. A menina foi resgatada próximo a fronteira do Brasil com a Colômbia e levada para Manaus para receber tratamento especializado. No mesmo ano, o 7° ETA colocou dentro do C-95 Bandeirante uma onça parda que precisou ser transportada de Tefé para Manaus. Sansão, como é chamada a onça, chegou bem à capital do Amazonas e recebeu cuidados do IBAMA.

Esquadrão Arara

O Primeiro Esquadrão do Nono Grupo de Aviação (1°/9° GAv) apóia a Amazônia Ocidental há mais de 40 anos. Primeiro Esquadrão a ser instalado na Base Aérea de Manaus, o Arara cumpre suas missões com a utilização da moderna aeronave espanhola C-105 Amazonas. O 1°/9° GAv realiza importantes missões aerologísticas, transportando, por exemplo, combustíveis, insumos para a outras Forças Armadas e uma série de outras cargas como provas do ENEM, urnas eleitorais, alimentos e remédios. Esse Esquadrão também realiza EVAM, sendo responsável por várias vidas salvas na região.

Com mais de 6500 horas de voo no Arara, o Suboficial mecânico de aeronaves Evandro Cesar Bastos diz que é difícil escolher uma missão que seja a mais marcante em sua história junto ao Esquadrão. “Foram muitos momentos marcantes e inesquecíveis. Participei de muitas missões humanitárias, como o transporte de mantimentos para a população de Santa Catarina em 2008. Também não esqueço da última missão com a aeronave Buffalo. Foi emocionante porque ela nos ajudou muito”, disse.

Esquadrão Harpia

O 7°/8° Grupo de Aviação é uma unidade operacional da nossa Força Aérea que utiliza os famosos helicópteros Black-Hawk (ou H-60L) para atuar de maneira única e, quase que exclusiva na Região Norte desse Brasil continental. Somente uma máquina com a capacidade de pousar e decolar dentro de uma comunidade ribeirinha e até mesmo de aldeias indígenas é capaz de abranger toda a Amazônia prestando serviço de AlertaSAR (Busca e Salvamento), transporte de tropas (infiltração e exfiltração) e de agentes das mais diversas esferas do setor público e ainda, missões de Evacuação Aeromédica e transporte presidencial na área do VII COMAR.

Esquadrão Harpia

FONTE : Forcaaereablog.aer.mil.br

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