Em uma nova reviravolta em relação à potencial venda de caças Eurofighter para equipar a Força Aérea Turca, a Alemanha vetou novamente a operação, citando preocupações políticas quanto ao sistema democrático do país, com destaque para a recente prisão de um dos principais opositores políticos do governo liderado pelo presidente Recep Tayyip Erdogan. A decisão implica não apenas um retrocesso significativo para os planos de diversificação de capacidade da instituição, mas também para o Reino Unido e sua já conhecida oferta de um total de 40 aeronaves configuradas no padrão Tranche 4.
A notícia foi divulgada pelo meio de comunicação alemão Handelsblatt, que consultou fontes do governo alemão do governo de coalizão de saída liderado pelo chanceler Olaf Scholz, para obter informações sobre os motivos por trás desse retorno à posição de veto. A este respeito, é importante destacar que Berlim está, segundo informações, particularmente preocupada com a prisão de Ekrem Imamoğlu, um dos líderes da oposição ao atual governo. Aos olhos de seu partido (o Partido Republicano do Povo), a notícia é uma clara “conspiração política“, já que o prefeito de Istambul enfrenta acusações de corrupção que podem impedi-lo de concorrer à presidência no futuro. O governo nega e argumenta que se trata de uma investigação independente do judiciário e não de um ataque ao sistema democrático.
Independentemente da decisão do tribunal sobre essas acusações contra Imamoğlu, os fortes protestos públicos e as evidências acima mencionadas fornecem razão suficiente, na visão do governo alemão, para falar de um “ataque à democracia turca” e, consequentemente, retirar sua aprovação das vendas de armas para a Turquia. Vale lembrar, neste ponto, que a venda dos caças Eurofighter em questão necessita da aprovação unânime dos quatro parceiros que compõem o consórcio responsável pela sua fabricação, a saber: Alemanha, Espanha, Itália e Reino Unido; portanto, a recente decisão alemã interromperia completamente a operação.
Vale destacar que Ancara busca novos caças Eurofighter pelo menos desde 2023, após ter negociado com dificuldade a chegada de aeronaves F-16 para reforçar sua Força Aérea. Essas intenções têm recebido forte apoio do Reino Unido, que vê a possível venda como um impulso significativo para um complexo industrial que demanda novos contratos para sustentar empregos no futuro, uma situação em grande parte devido à decisão de adquirir os caças stealth americanos F-35 como plataforma para renovar frotas de caças.
No entanto, este é um processo marcado desde o início pelas dúvidas do governo alemão quanto ao destinatário dessas novas aeronaves, mesmo sendo um aliado da OTAN. Para Berlim, as preocupações originais estavam no desenvolvimento das operações militares de Ancara contra grupos curdos na fronteira com a Síria, um obstáculo que só foi superado no final do ano passado. Na época, o ministro da Defesa turco, Yaşar Güler, declarou: “A Alemanha resistiu por muito tempo, mas graças ao apoio positivo de nossos aliados da OTAN (Nota do editor: Grã-Bretanha, Itália e Espanha), ela respondeu favoravelmente”.
Considerando este último, as esperanças de uma venda final no Reino Unido permanecem vivas, de acordo com relatos locais recentes de conversas entre representantes britânicos e turcos sobre o assunto. Na opinião de Londres, a decisão anterior de Berlim de aprovar a venda abriu caminho para um caminho difícil de ser fechado agora, apesar das preocupações sobre a saúde da democracia turca. Sugere-se que seja mais uma jogada política para permitir que o governo recém-eleito tome a decisão final quando chegar ao poder. Neste caso, a aprovação da venda dependeria do futuro chanceler Friedrich Merz, candidato da União Democrata Cristã da Alemanha.
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: DAN
FONTE: Zona Militar
Hoje em dia, cliente estrangeiro que compra equipamento alemão está sujeito a entrar em uma fria.