Área de defesa e segurança afeta resultado trimestral da Embraer

A29Embraer

Por Daniela Meibak

Os resultados mais fracos do segmento de defesa e segurança puxaram para baixo os números da fabricante de jatos Embraer no segundo trimestre e decepcionaram o mercado. As ações da companhia caíram 6% ontem e lideraram as baixas do Ibovespa, principal índice da bolsa.

Preocupação desde o ano passado, o segmento sofre em meio à desvalorização do real, uma vez que grande parte do faturamento dessa área é registrada na moeda brasileira, e com a desaceleração dos projetos vinculados ao governo federal. A receita de defesa e segurança foi de R$ 664 milhões no trimestre, com queda de 16,5%. A participação dessa área na receita total da companhia caiu de 20,3% para 14,3%.

E as perspectivas para o segmento não são animadoras. A Embraer anunciou corte na estimativa de receita total para o ano como consequência de uma redução de US$ 300 milhões em ganhos esperados em defesa e segurança. A receita total esperada para 2015 passou do intervalo de US$ 6,1 bilhões a US$ 6,6 bilhões para a faixa entre US$ 5,8 bilhões e US$ 6,3 bilhões.

De acordo com a média de estimativas do BTG Pactual, Itaú BBA e Morgan Stanley, tanto a receita como o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) da Embraer no segundo trimestre ficaram abaixo do esperado. A receita somou R$ 4,66 bilhões, alta de 18,6%, e o Ebitda ficou em R$ 548,2 milhões, queda de 5,95%. O lucro líquido de R$ 399,6 milhões no segundo trimestre, 24,9% maior, foi beneficiado pelo resultado financeiro e ficou acima do projetado.

Na opinião do Credit Suisse os números foram fracos, apesar do bom desempenho do segmento comercial e executivo. “Enquanto esses segmentos surpreenderam positivamente, beneficiados pelo câmbio e o bom nível de entregas, a área de defesa e segurança apresentou margem operacional negativa de 20%, muito abaixo a nossa expectativa de margem zero”, diz.

Além disso, o fluxo de caixa do trimestre foi pressionado pelo aumento dos recebíveis da Força Aérea Brasileira. De acordo com a empresa, o que a companhia tem a receber do governo passou de R$ 736,6 milhões, no fim do ano passado, para R$ 1,09 bilhão, no primeiro semestre deste ano.

O vice-presidente-executivo financeiro e de relações com investidores, José Antonio Filippo, afirmou que os esforços do governo federal para realizar o ajuste fiscal no país têm provocado impacto em determinados projetos, como alguns desenvolvidos pela empresa. O executivo afirmou que a empresa tem trabalhado com essa realidade, reprogramado atividades e os prazos de pagamento por parte do governo.

A companhia afirmou que o seu perfil de dívida, bastante diferente do que era um ano antes, deixa a companhia confortável em relação a prazos e custo. A linha total de financiamentos da companhia saiu de R$ 5,31 bilhões no segundo trimestre do ano passado para 10,95 bilhões neste ano. O aumento, no entanto, foi compensado pela alta no caixa total, que passou de R$ 5,06 bilhões no ano passado para R$ 9,36 bilhões neste ano. “O aumento da dívida não preocupa, pois temos a compensação do caixa. Entendemos que a dívida é compatível com as necessidades da companhia”, disse Filippo.

Embraer tem mais de R$ 1 bilhão a receber da Força Aérea Brasileira

SÃO PAULO  –  Os recebíveis da fabricante de jatos Embraer com a Força Aérea Brasileira (FAB) subiram de R$ 736,6 milhões, no fim do ano passado, para R$ 1,09 bilhão no fim do primeiro semestre deste ano.

O segmento de defesa e segurança da companhia tem sido motivo de preocupação.

Hoje a fabricante cortou sua estimativa de receita total para o ano com a nova expectativa de faturamento em defesa, US$ 300 milhões menor do que era projetado anteriormente.

Segundo a própria empresa, a meta menor foi guiada pela combinação do impacto negativo da contínua desvalorização do real frente ao dólar, uma vez que o segmento fatura principalmente na moeda brasileira, e da diminuição no ritmo de desenvolvimento de determinados contratos.A participação dessa área na receita total da empresa recuou de 20,3% no segundo trimestre do ano passado para 14,3% neste ano, com a receita de R$ 664,8 milhões nos três meses, uma queda de 16,5%.

FONTE: Valor Econômico

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