Conferência reúne comandantes das forças aéreas americanas no Brasil

CONJEFAMER

Por Taciana Moury

Os comandantes das forças aéreas americanas estiveram reunidos de 5 a 10 de junho em Natal, região nordeste do Brasil, para participar da 57ª Conferência dos Chefes das Forças Aéreas Americanas (CONJEFAMER, por sua sigla em espanhol). O encontro reuniu representantes de 19 países e teve o objetivo de integrar as forças aéreas do continente americano e fortalecer a cooperação militar.

Representantes de 19 países participaram da 57ª Conferência das Forças Aéreas Americanas. Foto: 2º Sargento Bruno Batista

Segundo o Tenente-Brigadeiro-do-Ar Nivaldo Luiz Rossato, comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), o encontro propiciou compartilhar experiências, conhecer a capacidade operacional de cada força e fortalecer laços de amizade. “É uma oportunidade ímpar de firmarmos prósperas relações que contribuirão para enfrentarmos dificuldades recíprocas”, declarou o comandante da FAB durante a cerimônia de abertura.

Presente na conferência, o Tenente-Brigadeiro-do-Ar Jorge Robles Mella, comandante-em-chefe da Força Aérea do Chile (FACh), disse, em entrevista à Diálogo, que cada edição da CONJEFAMER é importante para estudar os desafios futuros em conjunto com todos os comandantes, sob uma perspectiva comum. “A conferência viabiliza a integração e cooperação nos momentos em que os países passam por situações difíceis”, destacou.

O comandante da FACh lembrou da ajuda recebida pelo Chile, em janeiro de 2017, e pelo Peru, em março, por ocasião dos desastres naturais. “A forma como os países membros do Sistema de Cooperação entre as Forças Aéreas Americanas [SICOFAA] colocaram os meios aéreos e terrestres à disposição dos necessitados é uma demonstração real da materialização da ajuda humanitária que é tão discutida nas edições da CONJEFAMER”, revelou.

Essa é a quinta vez que o Brasil é o anfitrião da CONJEFAMER. A escolha da cidade de Natal não foi por acaso, segundo explicou o Coronel Aviador Gerson Cavalcanti de Oliveira, chefe da Seção de Sistemas de Cooperação Internacional do Estado-Maior da Aeronáutica: “A cidade tem um significado especial para a FAB, por ter sido o Trampolim da Vitória, durante a segunda guerra mundial, já que Natal é a cidade da América mais próxima da África”, explicou.

O Cel Cavalcanti disse ainda que é uma honra para a FAB receber os comandantes das forças aéreas das Américas, principalmente pela relevância do evento para futuras atividades do SICOFAA. “Durante essa conferência, são discutidos acordos de intercâmbios bilaterais e multinacionais e de capacidades operacionais e logísticas, bem como o aprimoramento das operações aéreas combinadas para apoio a desastres naturais e o acesso a cursos operacionais disponíveis nas demais forças aéreas”, destacou.

Nessa edição da CONJEFAMER, foram aprovados o Plano Estratégico e o Plano Diretor do SICOFAA. Os documentos vão nortear a direção e as ações do sistema. Os participantes se reuniram em sessões plenárias e reuniões bilaterais, onde foram discutidos os próximos ciclos do evento, além dos exercícios operacionais, que deverão ser realizados para treinamento de operações aéreas em apoio a desastres nacionais, e dos acordos internacionais firmados entre as forças aéreas.

Exercício Cooperação V

O próximo exercício do ciclo de atividades do SICOFAA é o Cooperação V, que vai acontecer de 26 de setembro a 6 de outubro de 2017, em Port Mont, no Chile. Durante a 57ª CONJEFAMER foram apresentadas as características do exercício. Segundo o Cel Cavalcanti, que também é oficial de ligação da FAB ao SICOFAA, a Aeronáutica vai participar com meios aéreos e com pessoal.

O Vice comandante Luis Eduardo Ruiz Estribi, subdiretor geral do Serviço Nacional Aeronaval do Panamá, recebe o sino da CONJEFAMER das mãos do Tenente-Brigadeiro-do-Ar Nivaldo Luiz Rossato Foto: Segundo Sargento Bruno Batista
O Cel Cavalcanti destacou a importância do treinamento da operação aérea combinada para levar mantimentos, remédios, barracas, vacinas e demais auxílios necessários. “Cada força opera de uma maneira distinta. Esses exercícios fazem com que nós padronizemos o tipo de operação e possamos capacitar ainda mais nossas forças num apoio coordenado e fazer chegar a quem mais precisa os meios urgentes de resgate”, explicou.

Durante o exercício, serão simulados cenários de desastres naturais, como terremotos seguidos de tsunamis, enchentes e erupções vulcânicas. Segundo o Ten Brig Robles, o objetivo é colocar em prática todo o processo de ajuda humanitária, desde a solicitação, passando pelo translado até a operação dos meios. “Todo o exercício é baseado na doutrina e no manual do SICOFAA”, disse.

O Ten Brig Robles destacou ainda que em situação de emergência deve-se considerar uma regra básica para o efetivo socorro. “Usamos sempre os três ‘R’: reconhecer o evento, ou seja, obter o máximo de informações para solicitar a ajuda correta; reagir de acordo com a informação e as necessidades que forem definidas; e recuperar os meios disponíveis para realizar o apoio nas regiões afetadas”, explicou.

Antes do exercício, os representantes do SICOFAA vão se reunir em Santiago, no Chile, em agosto, para a Conferência de Planificação Final do Cooperação V. “Nesse encontro vamos revisar os detalhes para o desenvolvimento do exercício”, informou o Ten Brig Robles. Vai ser a segunda vez que o Chile recebe um exercício de cooperação. O primeiro foi em 2010. Para o comandante da FACh, é a oportunidade de, após sete anos, comparar e verificar a consolidação da doutrina de planificação, de acordo com as orientações transmitidas nas CONJEFAMER.

A importância da integração

Para o Cel Cavalcanti, o enfoque operacional das atividades do SICOFAA auxilia na capacitação das tripulações dos esquadrões da FAB envolvidos. O militar destacou ainda o privilégio de poder ajudar os países amigos em situação de extrema necessidade de pronta resposta. “O Brasil mantém a sua tradição de ser uma nação fraterna e preocupada com a paz e o bem-estar dos que clamam por apoio rápido e eficaz em situações de extrema necessidade”, disse o Cel Cavalcanti.

O Ten Brig Robles ressaltou a importância do SICOFAA na evolução operacional das forças aéreas americanas. “Foram 57 reuniões anuais em que definimos objetivos e metas a cumprir. Quando estudamos a história nos damos conta de como avançamos. O trabalho de todos os comandantes ao longo do tempo nos permite continuar abrindo os horizontes do SICOFAA e nos manter sempre vigilantes ao seu lema: Unidos Aliados”, enfatizou.

Para o Ten Brig Rossato, durante os três dias de conferência foi possível estreitar laços entre os países. “A relação de amizade e fraternidade que estabelecemos durante a CONJEFAMER se estende aos exercícios e simulados do ciclo de atividades, dando a oportunidade de equalizar conhecimentos doutrinários, maximizando o apoio prestado, quando necessário”, declarou o comandante da FAB em seu discurso.

No encerramento, o sino do SICOFAA foi entregue ao Vice comandante Luis Eduardo Ruiz Estribi, subdiretor geral do Serviço Nacional Aeronaval da Força Pública do Panamá. O país será o anfitrião da próxima CONJEFAMER, em 2018.

FONTE: Diálogo Américas

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