Empresas e governo apontam os rumos da indústria aeroportuária no País

Aperfeiçoamento da regulação e o aumento da participação do capital estrangeiro foram alguns dos temas debatidos pelos principais players do mercado durante a Airport Infra Expo & Aviation Expo, realizada em São Paulo

É consenso na cadeia da indústria aeroportuária brasileira de que o setor viverá períodos de expansão nos próximos anos, impulsionada por ações tais como o Plano Nacional de Aviação Regional. Otimistas, alguns dos principais players do mercado que participaram da Airport Infra Expo & Aviation Expo, realizado no Expo Center Norte em São Paulo entre os dias 17 e 19 de setembro, apontam quais mecanismos são necessários para que o processo seja sustentável e eficiente.

“O Plano de Aviação é nossa grande esperança. A subvenção econômica prevista pelo governo é fundamental para, por exemplo, aumentar o número de destinos dos voos e garantir a sustentabilidade do sistema, que precisa de altos investimentos e enfrenta obstáculos como o preço do combustível e os ciclos econômicos”, afirmou Marcelo Bento Ribeiro, diretor de Planejamento de Linhas da Azul, empresa que atende 104 cidades no País.

Luiz Fernando Lopes, diretor da Embraer, defendeu a ampliação da participação de players internacionais no segmento. “Está em discussão no Congresso Nacional o projeto de lei que aumento o percentual máximo de participação de capital estrangeiro nas empresas que operam no país dos atuais 20% para 49%. Precisamos desses investimentos para impulsionar o setor”, ressalta.

Para o secretário de Política Regulatória da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Rogério Coimbra, as empresas de maneira geral terão papel fundamental na universalização dos serviços aéreos: “São elas que prospectam mercados, estruturam a malha, buscam ganho de eficiência, fazem investimentos e, principalmente, assumem os riscos. Cabe ao governo sustentar questões como a segurança jurídica e alinhar os incentivos para o setor”.

Coimbra reafirmou, no evento, a meta do governo federal de aumento de 61% para 96% no índice de acesso a voos civis em um raio de 100 quilômetros com o Plano Nacional de Aviação Regional. “É um grande projeto que vai levar desenvolvimento para várias partes do País. Atualmente, 38% do consumo está fora das capitais e seis em cada 10 habitantes de classe média estão no interior, onde um estudo mostra que 43% dos moradores tem intenção de usar o avião para se locomover”, explicou.

Mercado – O mercado também está atento ao crescimento do setor, como foi possível atestar nesta edição da Airport Infra Expo – Aviation Expo.. Um dos exemplos é a Proair Serviços Aeroportuários, empresa de capital totalmente nacional e que está em 27 aeroportos do País. “O número de passageiros vêm aumentando e o setor ainda apresenta grandes perspectivas, como vimos nos números apresentados durante a feira. Para se ter uma ideia, só o ground handling movimentou R$ 2 bilhões em 2013 nos aeroportos brasileiros”, afirmou o diretor da empresa, Renato Aranha.

A TLD Group aposta na inovação. Segundo o gerente de Serviços e e Vendas da empresa na América do Sul, Renato Pinto, o momento é de apresentar soluções e se mostrar competitivo. “Temos 100 modelos em 15 linhas de equipamentos. Uma das novidades que trouxemos para esta edição do evento é a linha de tratores voltados especialmente para o segmento portuário. Estamos investindo também em sustentabilidade com equipamentos com baixo uso de combustível e controle de poluentes”, explicou.

Ana Mandelli, gerente de Marketing de Aviação da Raízen, chamou a atenção, no entanto, para o fator planejamento. “Sabemos que a aviação regional vai crescer e trazer impactos positivos, mas precisamos planejar com antecedência. Um posto de abastecimento em um aeroporto leva uma média de 24 meses para ficar pronto. É um investimento que não pode conviver com um cenário de incertezas”, alertou.

Experiência internacional – Esta edição da Airport Infra Expo & Aviation Expo apresentou, também, experiências internacionais da indústria aeroportuária que servem de modelo para o atual estágio do setor no País. O representante sênior da Federal Aviation Administration (FAA) dos Estados Unidos, Paulo Friedman, falou sobre como funciona e quais os benefícios do National Plan of Integrated Airport Systems (NPIAS), principalmente em relação aos subsídios, tema que vem sendo muito discutido no Brasil.

“O NPIAS permite uma integração maior entre governo e empresas, facilitando administração de questões como o gerenciamento do tráfego aéreo. Definimos também uma política de subsídios, o Airport Improvement Program (AIP), que leva em consideração o tipo e tamanho de aeroporto; as características dos projetos apresentados; e o tipo de apoio financeiro que querem receber”, explicou.

A crescente participação do capital privado nos aeroportos brasileiros, com o programa de concessões do governo federal, têm chamado a atenção de empresas estrangeiras. O cônsul-geral adjunto do Reino Unido em São Paulo, Gareth Whisson, destacou: “Várias empresas britânicas expuseram na feira, oferecendo soluções para o mercado brasileiro. Somos conhecidos pela nossa expertise em aeroportos e aviação”.

Whisson citou, ainda, o intercâmbio entre Brasil e Reino Unido. “Levamos observadores do governo brasileiro a Londres para conhecer como organizamos nossos aeroportos durante as Olimpíadas de 2012”, disse.

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