Esquadrão VF-1 afia as garras em Natal

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Por Emídio Neto

Desde 16 de novembro, e sob o comando do Capitão-de-Fragata Fernando Vilela, o 1° Esquadrão de Aviões de Interceptação e Ataque (VF-1), da Marinha do Brasil, está na cidade de Natal, especificamente na Base Aérea de Natal, em exercício de adestramento.

O VF-1 veio com um contingente de 40 militares, entre Oficiais e Praças, e entre estes, dez são pilotos.

O Esquadrão desdobrou três aeronaves A-4KU Skyhawk, denominadas na Marinha do Brasil como AF-1, sendo duas monoplace (AF-1), matrículas N-1004 e N-1013, e uma biplace (AF-1A), matrícula N-1021. O Falcão 04 está ostentando a pintura comemorativa dos 15 anos de criação do Esquadrão VF-1.

O treinamento realizado foi de bombardeio a Baixa e Média Altitude (BBA e BMA), e a área de instrução é o estande de tiro da Força Aérea Brasileira, situada no município de Maxaranguape, distante 70 Km da cidade de Natal. O VF-1 também está operando em conjunto com os Fuzileiros Navais, em missões de Apoio Aproximado, onde as tropas indicam as coordenadas e os aviões efetuam ataques simulados de apoio às mesmas, enquanto que no estande foram lançadas 55 bombas de Exercício (sem explosivos).

O deslocamento do Esquadrão requereu um planejamento logístico antecipado, que contou com o deslocamento de um caminhão da Marinha do Rio de Janeiro até Natal, trazendo peças e sobressalentes, além do apoio da FAB. Quatro pilotos vieram nas aeronaves AF-1 e o restante dos militares vieram distribuídos em dois aviões da FAB, um C-99 e um C-130, que também trouxeram o material bélico a ser usado.

O voo das aeronaves AF-1 foi direto de São Pedro da Aldeia até Natal, utilizando os tanques subalares repletos de combustível, para assim tornar possível o voo em uma só “perna”, tendo as equipes de apoio chegando antes para receber as aeronaves.

Uma operação desse tipo se faz necessária para manter adestrados tanto os pilotos quanto as equipes de apoio (mecânicos, pessoal de armamento e todos os outros envolvidos no suporte ao funcionamento das aeronaves).

Inicialmente foram feitos voos de reconhecimento e familiarização na área e, na sequência, ataques com as aeronaves “limpas” (sem bombas) ao estande de tiros em Maxaranguape, e voos mais longos, com alvos simulados próximos a cidade de Mossoró, distante 270 km de Natal.

O último estágio do treinamento foi composto de voos de ataque ao estande, agora com as aeronaves “sujas”, ou seja, armadas com as bombas. Foram utilizadas as do tipo BEX (Bomba de Exercício) de 11,25 kg, constituídas por um corpo de ferro fundido, apresentando um perfil aerodinâmico, vazado por um tubo central que possui alojamento para o cartucho sinalizador e conjunto percussor. A ele estão ligados o cone de cauda e 4 empenas cruciformes envoltas por um anel. O cartucho sinalizador caracteriza o ponto de impacto pela emissão de uma fumaça branca, com diâmetro mínimo de 1 m e altura mínima de 6 m, de forma a permitir a sua visualização a uma distância de 1.500 m. Este tipo de artefato é usado no adestramento de pilotos  da FAB nas operações táticas para bombardeio contra alvos de superfície.

Em todas as missões, as aeronaves se revezavam em decolagens, operando de forma unitária ou em par, alcançando uma excelente disponibilidade, registrando apenas pequenas panes, que foram rapidamente sanadas.

O DAN com o VF-1

Logo que chegamos à BANT fomos recepcionados pelo pessoal do VF-1 e encaminhados para o hangar onde o Esquadrão estava operando, originalmente utilizado para as aeronaves orgânicas da BANT. Fomos recebidos pelo Capitão-de-Corveta Gomes, que nos apresentou toda a estrutura e explicou todos os detalhes do exercício.

Enquanto isso, em uma sala do hangar, os pilotos realizavam o briefing da missão do dia, que consistia em decolar rumo as proximidades da cidade de Mossoró para realizar de forma simulada um ataque ar-solo.

Neste dia, a meteorologia não estava colaborando, especialmente sobre o alvo, e a missão inicialmente prevista para as 10:00hs local foi reprogramada para às 13:00hs. Aproveitando o intervalo, fomos encaminhados até os hangaretes para fotografar as aeronaves participantes. O Falcão N-1004 chamava a atenção na BANT com a sua vistosa pintura, alusiva aos 15 anos do Esquadrão.

Como o tempo continuava ruim, oscilando entre nublado e chuvoso, e depois de uma rápida pausa para o almoço, acompanhamos os acertos finais da missão entre os pilotos escalados,  CC Lamego, comandante da missão  no N-1004, e os CC Eduardo Luis e CC Rogerdson, no N-1021.

Nos momentos que antecedem o guarnecer das aeronaves os pilotos vestem seus trajes anti-G e os equipamentos de sobrevivência, além de pegarem seus capacetes e máscaras, isto tudo assessorados pelo 2º Sargento Daniel, responsável pelas equipagens de voo. Depois de devidamente equipados, os três se dirigiram até os hangaretes onde estavam à espera os dois Falcões, para que fosse iniciada a missão denominada “Falcão Negro”.

Junto às aeronaves, vários militares trabalhavam preparando as mesmas para o voo, e assim que os pilotos chegaram rapidamente iniciou-se o procedimento de checagem das aeronaves e conexão de equipamento de força auxiliar. Enquanto isso, os pilotos realizavam o “check” externo, percorrendo os caças de forma detalhada antes da missão para, em seguida, guarnecerem seus postos de voo.

Os pinos de segurança, os famosos “Remove Before Flight”, são então retirados e realizada a amarração dos cintos, com o auxílio de um militar, que em seguida desce  e desconecta a escada. Inicia-se o procedimento de “start” dos motores.

Prontas, as aeronaves iniciam o taxi, liderado pelo CC Lamego, que acelera o N-1004 e sai do hangarete com o tradicional acionamento dos freios, que faz o nariz do seu Falcão baixar muito, flexionando o braço da bequilha. O lindo  avião, com um belo falcão pintado na fuselagem, então curva à direita e segue na direção da cabeceira 16R. O mesmo procedimento é realizado pelo Falcão 21, que tem como 1P o CC Eduardo Luis e o CC Rogerdson como 2P, no” backseat”.

Mesmo com as condições do tempo degradadas, as aeronaves decolaram em um estrondoso ruído da turbina J-52, primeiro o 1004, seguido pelo 1021. As aeronaves sobem e se distanciam em linha reta até sumirem da visão.

Após pouco mais de uma hora de voo, as aeronaves retornaram para pouso em ala. Infelizmente o tempo não colaborou, mas mesmo assim, ainda foi possível registrar o pouso dos Falcões, que cumpriram 100% a missão prevista, retornando às suas posições nos hangaretes.

O DAN cobriu o exercício, que terminou em 12 de dezembro. Na sequência, traremos para vocês detalhes do mesmo.

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