Helicóptero Mi-38 passa à produção em série

Quarto protótipo de pré-produção do helicóptero multiuso Mi-38 foi enviado a Moscou para testes de certificação. Após os testes, o helicóptero poderá ter produção em série iniciada

Na base de testes aeronáuticos da Kazan Helicopter, o quarto protótipo do novo helicóptero multiuso Mi-38 concluiu os testes de taxiamento, quando o helicóptero corre pela pista de pouso sem decolar, e realizou seu primeiro voo.

“Depois dessa série de avaliações, o helicóptero realizou o translado até a base de testes da Fábrica de Helicópteros Mil de Moscou, onde será preparado para os testes de certificação”, informou o consórcio Helicópteros da Rússia.

O quarto protótipo difere do antecessor por possuir um sistema de combustível resistente a choques, além de janelas maiores. Mas ambos são equipados com motores produzidos na Rússia – as duas turbinas Klimov TV7-117V. Assim, o Mi-38 é o primeiro helicóptero do país fabricado exclusivamente com componentes russos.

Ponto fraco

Os motores eram o ponto fraco do novo helicóptero. Originalmente, planejava-se equipá-lo com turbinas canadenses Pratt & Whitney, já que, em 1988, quando o projeto do Mi-38 foi lançado, a Rússia ainda não fabricava os motores do helicóptero. Houve até um acordo sobre o fornecimento desses motores do Canadá para serem montados na Rússia.

Os dois primeiros protótipos do Mi-38 voaram com motores canadenses, mas, após o conflito russo-georgiano de 2008, a parte canadense se recusou a entregar novos componentes, retirando-se do projeto um ano depois.

Além disso, o Departamento de Estado dos EUA proibiu o fornecimento à Rússia dos motores canadenses, alegando que a instalação desses em um helicópteros multiuso que poderia ser usado para fins militares.

Sendo assim, a única maneira de dar prosseguimento ao programa do Mi-38 foi por meio do desenvolvimento de seus próprios motores: os TV7-117V, fabricados pela JSC Klimov.

“Juntos, eles podem gerar mais de 3.000 cavalos de potência. Em algumas situações, podem fornecer ainda mais potência. Nossos motores são mais tradicionais do que os canadenses. Enquanto os nossos são acionados por uma APU [unidade de potência auxiliar], os deles têm partida elétrica”, diz o chefe da equipe de engenheiros de teste do Mi-38, Ígor Klevantsev.

Chances no exterior

Por não depender de componentes estrangeiros, o helicóptero gera expectativas tanto no mercado interno, quando externo. Além disso, o Mi-38 tem apenas um concorrente na classe de helicópteros de 16 a 20 toneladas: o ítalo-britânico AW101 Merlin, da AgustaWestland.

Outros fatores que podem contribuir para a exportação do novo helicóptero estão relacionados a suas características técnicas, tais como carga útil, alcance, layout interno e sistemas de controle.

“O cronograma de desenvolvimento do Mi-38 segue com sucesso, e já se observa demanda pelo novo helicóptero nos países da CEI, no Sudeste da Ásia, na África e América Latina”, afirma o diretor-geral da Kazan Helicopters, Vadim Ligai.

Atrás do bestseller

O Mi-38 teria sido projetado para substituir o Mi-8 e Mi-17, que hoje compõem quase 60% das encomendas da Helicópteros da Rússia.

Tais modelos estão presentes em 30 países e, devido à sua alta performance de voo e confiabilidade, são operados em condições climáticas extremas – desde os desertos do Afeganistão às montanhas do Peru.

A empresa decidiu diversificar o leque de produtos civis, introduzindo em seu portfólio de helicópteros pesados o Mi-38.

No entanto, o Mi-38 não será um substituto direto para os Mi-17. “Para efeitos de classificação no exterior, tanto o Mi-17 quanto o Mi-38 são considerados helicópteros pesados”, disse à Gazeta Russa o redator da revista especializada em aviação Vzlet, Vladímir Cherbakov.

“O Mi-38 será importante em operações off-shore, que exigem longos voos sobre a água e uma grande capacidade de carga. Apesar de os Mi-8 estarem operando em missões assim, eles não são os mais adequados para essa finalidade. Há demanda na aviação regional para o Mi-38, principalmente para o transporte de carga e passageiros, mas a produção do Mi-17 não será encerrada. Pelo contrário, sua versão mais moderna, o Mi-17A2, terá a produção iniciada em 2015”, afirmou Cherbakov.

A produção de um helicóptero somente para empresas petrolíferas, porém, é custosa, afetando o preço unitário da aeronave. Espera-se que as compras do Ministério da Defesa, que já manifestou interesse no modelo por meio do “Programa de aquisição de equipamentos militares até 2020”, reduza o preço do helicóptero.

Mas ainda são desconhecidas as informações sobre a quantidade e a configuração dos helicópteros que o Ministério planeja adquirir.

FONTE: Gazeta Russa
COLABOROU: Rubens Fo

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