Leonardo M-346 AJT: um treinador leve para a transição dos pilotos ao F-39 Gripen da FAB

Por Luiz Padilha

A Força Aérea Brasileira (FAB), após um longo período sem ter um caça moderno para a defesa de nosso espaço aéreo, finalmente começou a receber seus novíssimos caças F-39E Gripen da Saab. Com a chegada dos novos caças, abriu-se um debate se a FAB precisa ou não de um treinador leve para a transição de seus pilotos entre o A-29 Super Tucano e o F-39E Gripen.

Atualmente, os pilotos do A-29 Super Tucano passam a voar o A-1BM antes de seguir para o F-5M e voar supersônico, porém, as aeronaves A-1AM/BM, pela idade, não devem ter uma vida muito longa e quando pararem de voar, deixarão um hiato entre o A-29 e o F-39E Gripen.

A FAB, caso opte por obter um treinador leve, tem no mercado algumas opções como o M-346AJT da Leonardo; o T-50 Golden Eagle da KAI; e o T-7A Red Hawk da Boeing. Dos três citados, vamos abordar o M-346 AJT da Leonardo, que possui características que podem ser muito úteis para a transição dos pilotos do A-29 para o F-39E Gripen.

Leonardo M-346 AJT

O M-346 AJT (Advanced Jet Trainer) é um Lead-In Fighter Trainer (LIFT) de última geração, que está em serviço nas Forças Aéreas da Itália, Cingapura, Polônia e Israel. O jato foi concebido para atender a demanda por uma aeronave bimotor e com assento em tandem, permitindo que os alunos pilotos desenvolvam o conhecimento, suas habilidades e as práticas necessárias para a exploração eficaz de aeronaves de combate modernas.

Por se tratar de um jato de treinamento avançado, seus sistemas de missão são compatíveis com os sistemas dos caças atuais, permitindo ao aluno operar com sensores em configurações avançadas onde o M-346 AJT permite simular diferentes missões a exemplo, operações de combate.

Outra vantagem do M-346 AJT é a redução do custo do treinamento dos pilotos, já que, devido a sua capacidade de implementar um alto de grau de dificuldade aos alunos através de seus modernos sistemas, forma uma nova geração de pilotos de combate.

ITS – Sistema Integrado de Treinamento

O M-346 AJT é considerado pelos atuais operadores como a melhor solução para o treinamento de pilotos, e uma das características que contribuem para essa opinião vem da solução ITS, a qual através de seus simuladores e dispositivos em terra, proporcionam o treinamento tático integrado (ETTS), o treinamento sintético terrestre com simulador de missão completa, planejamento da missão, ambiente de treinamento ao vivo e virtual dentre outros.

Sistema de Treinamento Tático Integrado (ETTS)

O ETTS (Embedded Tactical Training System) é um componente fundamental do Sistema de Treinamento Integrado (ITS) do M-346 AJT.

O sistema ETTS permite que os instrutores realizem simulações de voo onde fornecem aos alunos variadas opções de interação tais como: cenário tático (mapa digital com objetivos); presença de forças geradas por computador realistas CGF (amigos e inimigos); sensores de bordo (como radar de controle de tiro multimodo); grupo de orientação e contramedidas eletrônicas ativa/passivas); armamento e sua simbologia específica e os parâmetros de operação.

As funções ETTS permitem operações autônomas (voar uma missão solo) ou operações com aeronaves e simuladores conectados através de um link de dados de treinamento dedicado que faz o intercâmbio de dados de cenários táticos com outros participantes.

O M-346 AJT é construído com a utilização de muitos materiais compostos e uma cabine de última geração, onde a interface homem/máquina se faz através de seis displays multifuncionais de cristal líquido (MFD), dois displays frontais (HUD), painel de controle frontal superior (UFCP) com mapa móvel digital, controles Hands On Throttle And Stick (HOTAS), Integrated Helmet Mounted System (HMD) e compatível com o uso de Óculos de Visão Noturna (OVN), dois assentos zero-zero Martin Baker Mk.IT16D, sistema gerador de O² (OBOGS) e sistema de controle ambiental.

O M-346 AJT possui dois motores turbofan Honeywell F124-GA-200 com FADEC, uma unidade de força auxiliar (APU) para partida autônoma dos motores e uma autonomia de aproximadamente 4 horas de voo com tanques de combustíveis externos e uma velocidade máxima de Mach 1.2 ou seja, um desempenho excepcional para um treinador leve. Tais características fizeram a Leonardo pensar em uma versão de ataque, a M-346FA (Fighter Attack), a qual abordaremos em outro artigo aqui no DAN.

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