Ordem do Dia: 200.000 mil Horas de Voo realizadas pelo 1º Esquadrão de Helicópteros de Instrução

MARINHA DO BRASIL

1º ESQUADRÃO DE HELICÓPTEROS DE INSTRUÇÃO

São Pedro da Aldeia, RJ, 19 de maio de 2020.

ORDEM DO DIA Nº 1/2020

Assunto: 200.000 mil Horas de Voo realizadas pelo 1º Esquadrão de Helicópteros de Instrução

A trajetória de sucesso da imponente e histórica marca de 200.000 horas de voo hoje alcançadas pelo 1º Esquadrão de Helicópteros de Instrução (EsqdHI-1) tem gênese nos anos iniciais da 2ª fase da nossa centenária Aviação Naval. Criado pelo Aviso nº 0284, de 22 de fevereiro de 1961, do então Ministro da Marinha, o EsqdHI-1 deixava de ser um anseio da Marinha do Brasil (MB) e passa a se tornar uma iminente realidade, dado que sua ativação ainda não havia sido concretizada. Somente no ano seguinte, ativado pela Ordem do Dia nº 006, de 27 de junho de 1962, do então Diretor-Geral de Aeronáutica da Marinha, nascia de fato o EsqdHI-1, a pioneira e única Unidade Aérea da MB dedicada à nobre missão da Instrução de Voo ou, como diz o lema do Esquadrão, a singular arte de “Ensinar aos Homens o Saber dos Pássaros”.

Após a sua ativação, o EsqdHI-1 ficou sediado no Km 11 da Avenida Brasil no
município do Rio de Janeiro – RJ, nas antigas instalações do CIAAN, a quem era inicialmente subordinado, sendo transferido, pouco tempo depois, para o município de São Pedro da Aldeia – RJ, morada da Aviação Naval. Naquela época o EsqdHI-1 iniciou suas atividades de Instrução de Voo possuindo em seu inventário dois Bell 47 e seis helicópteros Hughes-200, os quais foram recém-adquiridos junto aos Estados Unidos da América, ambos os modelos operando motores a pistão e com painéis de instrumentação analógica. No ano seguinte, a MB adquiriu seis unidades do modelo Hughes-269A (IH-2), seguidos de treze unidades da versão Hughes-269A1 (IH-2A) e um Hughes-269B (IH-2B), os quais foram apelidados de “Pulgas” em função do seu reduzido tamanho em relação às demais aeronaves. Tais helicópteros substituíram na Instrução do Voo os antigos Bell-47 e os Hughes-200. Mais tarde, em 1971, com a transferência definitiva do Comando da Força Aeronaval para São Pedro da Aldeia – RJ, o EsqdHI-1 passou a ser uma Organização Militar independente, dando continuidade à sua missão de realizar a parte prática do Curso de Aperfeiçoamento em Aviação para Oficiais (CAAVO).

Em relação aos meios, a principal mudança em termos operacionais e de concepção aerotécnica e tecnológica ocorreu no ano de 1974, quando do recebimento de dezoito helicópteros Bell 206B Jet Ranger II, designados IH-6 na MB, posteriormente alterado para IH-6A, as famosas “Piabas”, aeronaves mais modernas, as quais trouxeram consigo a inovadora propulsão turbo-eixo, inédito no EsqdHI-1 naquele momento, deixando para trás os antigos motores a pistão, além da possibilidade de serem empregadas na realização de voo por instrumentos, mais apropriadas à instrução primária de pilotagem, bem como retomam a capacidade de transporte de passageiros na cabine. A partir daquele momento, o EsqdHI-1 passou a contar com meios modernos em seu inventário, totalmente adequados à realização de manobras na instrução prática de voo em aeronaves de asas rotativas.

Seguindo na esteira deixada pelas “Piabas”, visando a substituição das mesmas, em 1985 a MB resolveu adquirir e incorporar ao inventário do EsqdHI-1 dezenove modernas aeronaves Bell 206B Jet Ranger III, designadas IH-6B na MB, mais conhecidas como “Garças”, as quais mantiveram a concepção de motorização turbo-eixo, porém com maior potência disponível, formato este já consagrado na aviação mundial, além de terem sido incorporadas inovadoras capacidades operacionais, das quais destacam-se: a operação de guincho elétrico lateral, um gancho para transporte de carga externa, além da possibilidade de configuração da aeronave com armamento axial, seja com uso de metralhadoras de 7,62 mm ou lançadores de foguetes de 70 mm, capacidades estas que trouxeram incrementos significativos à instrução
prática de voo. Nesta época, pode-se dizer que o EsqdHI-1 estava no ápice do aparelhamento de aeronaves, em termos quantitativos e qualitativos, para sua tarefa precípua da Instrução de Voo em helicópteros.

Os “Bellzinhos” tornaram-se um dos símbolos do EsqdHI-1, os quais até hoje perfilam nesta Unidade Aérea, apesar da notória longevidade, mesmo sendo exigidos ao máximo, fruto das condições inerentes da nossa missão, estes valentes helicópteros são um dos componentes mais emblemáticos desta histórica marca alcançada no dia de hoje, uma vez que contribuíram com mais de 120.000 horas de voo para tal feito.

Chegar até aqui não seria possível se estivéssemos sozinhos nessa singradura. Por isso, faz-se necessário agradecer àqueles que fizeram e fazem parte da virtuosa história do EsqdHI-1.

Aos Garças, de hoje e de outrora, Oficiais e Praças, que contribuíram para bem manutenir as nossas aeronaves e forjar perenemente a Instrução de Voo em helicópteros na nossa Marinha, agradeço e reverencio por toda a dedicação, amor e entusiasmo demonstrados ao nosso querido Esquadrão. O sacrifício com que nossos antecessores desempenharam suas tarefas se fazem presentes até hoje.

Aqui, aproveito para fazer uma especial menção em memória ao Almirante de Esquadra (FN) Carlos de Albuquerque, um dos precursores da instrução de voo em aeronaves de Asas Rotativas na MB, o qual passou a ter seu nome eternizado, em 2019, ao ser designado para batizar o hangar desta Unidade Aérea. Almirante Carlos de Albuquerque, minha respeitosa continência!

Ao Comando da Força Aeronaval, à Diretoria de Aeronáutica da Marinha, à Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia, ao Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval Almirante “José Maria do Amaral Oliveira”, ao Grupo Aéreo Naval de Manutenção, aos Esquadrões Irmãos da Macega e demais Organizações Militares do Complexo Aeronaval, bem como aos Esquadrões Distritais, agradeço pelo convívio harmonioso e pelo trabalho profícuo em prol da nossa Aviação Naval.

Certamente cada um de vocês faz parte desta simbólica marca! Em nome de todos os Garças, muito obrigado por tudo!

Ao olharmos para o futuro, em termos de meios a serem operados por esta Unidade Aérea, é inegável projetar que a era dos instrumentos em formato analógico, em breve, será coisa do passado! Num futuro não muito longínquo também estaremos na era dos Painéis Multifuncionais de formato digital e, quiçá, com capacidade de operar Óculos de Visão Noturna, de modo a nos alinharmos às demandas dos modernos e atualizados helicópteros da nossa Aviação Naval, elevando a nossa capacidade qualitativa de formação dos futuros Aviadores Navais. Tais meios contarão também com sistemas eletrônicos de monitoramento e controle do motor, maior disponibilidade de carga útil, com substancial incremento de potência, além de uma provável inovadora concepção de manutenção, com diferentes sistemas e componentes, os quais demandarão preparo e superação para as adaptações doutrinárias que se fizerem necessárias. Em breve estaremos nos deparando com um desafiador e inovador paradigma a ser moldado na vindoura década, mormente relacionado à instrução prática de voo do CAAVO, visto que o novo meio a ser incorporado não tardará em chegar e trará consigo uma gama de novas possibilidades.

Estas novas características operacionais acarretarão em uma premente necessidade de melhoria nos processos iniciais de pilotagem, os quais poderão ser aproveitados de forma mais eficiente pelos demais Esquadrões de Aeronaves da MB. Certamente um futuro promissor!

Por fim, agradeço a Deus e rogo para que Ele continue nos abençoando, iluminando e protegendo a cada dia neste novo ciclo que ora se inicia para o nosso Esquadrão! Que venham muitas mais horas de voo em prol da nobre arte da Instrução de Voo, bem como em cumprimento das tarefas de Emprego Geral, contribuindo para a missão do Comando da Força Aeronaval, amparadas em evolução operacional e, especialmente, em práticas seguras, com o propósito primordial bem cumprir nossa Missão e preservar a vida do nosso pessoal.

Por oportuno, destaco ainda a importância fundamental de nossas famílias. A tranquilidade que temos durante nossos afastamentos e o apoio incondicional que recebemos são, em grande parte, responsáveis pelos êxitos alcançados. Muito obrigado!

Parabéns EsqdHI-1 pelas 200.000 Horas de Voo!

“Ensinamos aos homens, o saber dos pássaros”.
“AVIUM SCIENTIAM HOMINES DOCENTES”.
NO AR, OS HOMENS DO MAR!
VIVA A MARINHA!
TUDO PELA PÁTRIA!

MARCELO GOUVEIA GÓES
Capitão de Fragata
Comandante

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