Rastreamento de aviões precisa evoluir

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Os envolvidos na aviação estão unidos para garantir que nunca mais enfrentemos a situação em que um avião simplesmente desapareça

Nos cem anos desde que o primeiro voo comercial foi programado, em 1° de janeiro de 1914, a indústria da aviação alcançou um avanço extraordinário nos índices de segurança. A taxa de acidentes com aeronaves a jato homologadas foi de 0,41 por milhão de voos, o equivalente a um acidente grave para cada 2,4 milhões de voos.

Kevin Hiatt

Esses números representam uma melhora de 14,6% sobre o índice médio dos últimos cinco anos, que foi de 0,48 por milhão. Voar de avião não é apenas o meio mais seguro de viajar já inventado –os números mostram também que ele fica cada vez mais seguro.

No entanto, ainda há muito trabalho a fazer. A perda do voo MH 370 da Malaysia Airlines não é apenas uma tragédia, mas um mistério que levou a um esforço de busca sem precedentes para encontrar a aeronave desaparecida.

Somente a localização dos destroços do avião e das caixas-pretas darão aos investigadores as ferramentas necessárias para tentar desvendar esse enigma.

Nesse tempo, as organizações interessadas na aviação estão trabalhando em conjunto para evitar a repetição da situação em que uma aeronave possa desaparecer sem deixar vestígios. Com esse propósito, a Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo) formou a Força-Tarefa de Rastreamento de Aeronaves para identificar as opções de curto prazo para melhorar o acompanhamento global de aeronaves.

Uma das principais atividades dessa força-tarefa é avaliar os produtos, serviços e procedimentos utilizados atualmente, para saber como eles podem ser aplicados na implementação de um verdadeiro rastreamento global de voos.

A força-tarefa inclui representantes de companhias aéreas, prestadores de serviços de navegação aérea, especialistas independentes em segurança de aeronaves, fabricantes, pilotos e técnicos para debater temas específicos.

A Organização da Aviação Civil Internacional (Icao), que é a agência da Organização das Nações Unidas voltada para a aviação civil, também está participando do grupo. A Iata e a Icao estão cooperando estreitamente para resolver essa importante questão.

A força-tarefa está desenvolvendo um conjunto de recomendações com base no desempenho das aeronaves para garantir o rastreamento global e vai definir um conjunto mínimo de requisitos de desempenho que qualquer sistema deve alcançar. Companhias aéreas poderão tomar sua própria decisão sobre a melhor forma de controlar suas aeronaves com base nas operações e nos tipos de equipamentos utilizados.

O prazo é muito curto. O objetivo é apresentar projetos de opções para o rastreamento de aeronaves ao comitê de operações da Iata e da Icao até o fim de setembro e levar as recomendações finais para o conselho da Iata antes do fim do ano. Por isso, é imperativo limitar o âmbito da avaliação ao acompanhamento de aeronaves.

Além dos esforços da indústria, que são focados no curto prazo, a Icao está desenvolvendo padrões internacionais baseados no desempenho para garantir a adoção mais ampla de rastreamento de voos das companhias aéreas em todo o sistema de aviação. Todos os envolvidos na aviação estão unidos trabalhando em conjunto para garantir que nunca mais voltemos a enfrentar outra situação em que um avião simplesmente desapareça.

Enquanto as nações cooperam por meio da Icao para desenvolver e implementar padrões globais baseados no desempenho, a indústria está comprometida em avançar rapidamente com as recomendações que as companhias aéreas podem pôr em prática imediatamente. Não há maneira de desfazer o passado, mas ao trabalhar em conjunto a indústria está empenhada em garantir que ele não se repita.

KEVIN HIATT é vice-presidente sênior de segurança e operações de voo da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata)

FONTE: Folha de São Paulo

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