UNITAS LVI – Media Day no USS George Washington (CVN 73)

 

Por Luiz Padilha

A caminho da Estação Naval de Norfolk – Virginia, o USS George Washington (CVN 73), está participando do exercício naval internacional UNITAS LVI (56) no litoral brasileiro. Este exercício ainda está em andamento e está sendo coberto por nosso editor Guilherme Wiltgen que se encontra embarcado na fragata Constituição (F 42).

Luiz Padilha – Editor do DAN pronto para embarcar rumo ao USS George Washington (CVN 73)

O Defesa Aérea & Naval – DAN, recebeu o convite para ir a bordo do porta aviões americano para o Media Day que ocorreu no dia 18 de novembro último e seu editor Luiz Padilha participou deste evento, o qual tentará passar aos nossos leitores um pouco de sua experiência a bordo deste porta aviões que é simbolo de força e poder da Marinha dos Estados Unidos – US Navy.

LCDR Tom Gordy

Com o encontro da mídia agendado para as 08 horas na Base Aérea do Galeão – BAGL, pontualmente me dirijo ao local do encontro. Somos recebidos pelo LCDR Tom Gordy que preparou um rápido briefing sobre o navio e nos apresentou ao piloto Lieutenant Rick “Paapas” que nos levaria até o porta aviões a bordo da aeronave C-2A Greyhound do Esquadrão VCR-30 “Providers”. O piloto nos informou que devido a distância onde o navio se encontrava, nosso voo seria de 2 horas e 30 minutos.

Aqui cabe destacar a “volta a infância” de muitos jornalistas da mídia especializada, (inclusive este que escreve), pois iriam realizar seu primeiro “Catrapo” em um porta aviões, pois essa experiência sempre povoou o imaginário de todos que ali estavam. A ansiedade estava estampada nos olhos de todos e somos chamados para o último briefing sobre os procedimentos de emergência e sobre os equipamentos de segurança que iriamos utilizar.

C-2A Greyhound – interior espartano como deve ser um COD

O espaço é pequeno e a palavra conforto não existe, afinal, essa aeronave é o “faz tudo” no porta aviões. O C-2A Greyhound possui apenas 2 janelas pequenas e a maioria dos passageiros a bordo não tem nenhuma noção de onde está. A aeronave carrega todo tipo de carga, correspondências, água, víveres e pessoal. Mas isso não importou a nenhum de nós. O que valia era a experiência única que estávamos prestes a vivenciar.

Porta de carga fechada e a aeronave realiza um taxi ligeiro até a cabeceira da pista 15 do aeroporto internacional Tom Jobim. Não aguardamos muito e somos liberados para decolar, o que ocorre com relativa facilidade devido a potência dos motores do C-2A. Apesar do piloto ter nos informado da possibilidade de encontrarmos turbulência durante o voo, o mesmo ocorreu normalmente.

O CATRAPO

Era chegada a hora de descobrir como seria o pouso e a parada através do “hook” da aeronave. O C-2A foi desacelerando devagar e somos avisados pelo piloto que estamos próximos ao navio, alguns minutos mais tarde ouvimos o som característico do trem de pouso baixando e….. a tripulação começa a gritar “landing” “landing” “landing” e agitando os braços, quando sentimos um pequeno solavanco e um som parecido com um estalo forte. Pronto. Estamos a bordo do USS George Washington!  

   

Comandante do USS George Washington Capitão-Timothy-Kuehhas

Após o pouso nos dirigimos para uma sala onde somos recebidos pela LCDR Lara Bollinger, relações públicas do navio, que nos acompanhará em todas as etapas de nossa visita. Logo no início temos a oportunidade de conhecer e entrevistar o comandante do porta aviões, Capitão Timothy Kuehhas, que muito solicito nos explicou um pouco sobre o desafio em operar com 4 Marinhas diferentes e coordenar as operações conjuntas.

Curiosamente o capitão Kuehhas nos disse que o evento ‘Photoex’ foi desafiador, pois conseguir colocar todos os navios na posição combinada com navios de 5 Marinhas diferentes não é algo simples como possa parecer. Ele destacou que o ganho para todas as Marinhas envolvidas é a interoperabilidade, onde a cada exercício conjunto, o nível vai aumentando e isso será muito importante durante operações futuras. Após esse rápido encontro, seguimos para o convoo para assistir algumas decolagens de caças F/A-18E/F e F/A-18C.

      

      

Potência máxima, pronto para a decolagem!

      

Somos chamados para retornar ao interior do navio para prosseguir com nossa visita, não sem antes capturar essas belas imagens de 3 helicópteros Seahawk SH-60S e SH-60R pousando no navio.

      

Seahawk SH-60S em primeiro plano

Após novas orientações e uma breve pausa para um café, vamos agora para o Centro de Operações Aéreas, onde o coordenador (Handler) nos mostra como ele faz para orientar o trânsito de aeronaves no convoo do porta aviões. Com aproximadamente 65 aeronaves a bordo, essa tarefa não é fácil e requer ajuda de sua equipe, que atenta, o auxilia neste trabalho.

Em seguida fomos conhecer o passadiço, onde o capitão Kuehhas comanda o navio. A ampla visão do convoo impressiona e, podemos observar as aeronaves sendo remanejadas a todo instante de um lado para o outro. Algumas aeronaves recebem atenção dos mecânicos no convoo, sem precisar descer para o hangar. De repente do nada surge um F/A 18-F fazendo um ‘break’ cortando a prôa do navio, proporcionando uma imagem bem interessante como pode ser visto abaixo na foto que fiz “no susto”.

     

F/A 18F Super Hornet

Mais uma parada para uma água e sem perda de tempo retornamos ao convoo, desta vez ao lado da catapulta lateral para mais algumas decolagens e, em seguida a chegada para o pouso das aeronaves que estavam em voo. Mais uma vez um show de precisão tanto dos pilotos quanto da equipe em solo que trabalham com um sincronismo impressionante, fazendo literalmente “a bola rolar” no convoo do porta aviões.

F/A 18F pronto para ser lançado

      

Um detalhe que salta aos olhos de quem acompanha pela primeira vez é a calma como a equipe no convoo lida com pousos e decolagens. Observem na foto ao centro, a calma com que um deles passa e observando o F/A 18F decolando. É obvio que com a quantidade de operações aéreas que um porta aviões desta classe produz, apesar de toda a segurança, para eles é algo comum, enquanto que para nós, poder estar ali é algo indescritível.

Os caças estão voltando e agora estamos bem perto dos 3 cabos que as aeronaves terão que enganchar durante o pouso a bordo.

Todos prontos para receber as aeronaves

      

Um deles durante a aproximação não conseguiu arredondar e teve que arremeter. Teria sido para nós fotografarmos? A pergunta fica no ar e ele também, tendo que seguir para uma outra aproximação.

F/A 18C arremetendo

F/A 18C segunda tentativa de pouso

      

F/A 18F pousando

F/A 18F pegando o primeiro cabo

O Hangar 

Com uma dotação respeitável neste momento de 65 aeronaves, o porta aviões USS George Washington possui um hangar divido em 3 seções, onde todas as aeronaves podem receber suas manutenções a bordo, o que aumenta muito o nível de disponibilidade da ala aérea do navio.

E-2C Hawkeye todo coberto no hangar

      

Logo que entro no hangar me deparo com um EF-18G ‘Growler’, versão do Super Hornet para a guerra eletrônica. Ele foi desenvolvido para substituir o EA-6B ‘Prowler’ que não comportava mais atualizações. Foi possível observar 4 EF-18G embarcados no porta aviões neste dia (500, 501, 502 e 504).

EF-18G-Growler-501

A hora voa tão rápido quanto os caças e vamos nos encontrar com a Contra-Almirante Lisa Franchetti, que tem sob seu comando nesta operação Unitas além do porta aviões, os destroyers USS Chafee (DDG 90) , USS McFaul (DDG 74) e o navio de apoio logístico USNS Big Horn (AO 45). Provavelmente este GT americano está sob a proteção de um submarino nuclear, porém, como convém, ele está submerso cuidando dos meios de superfície e não foi mencionada a sua presença.

A Contra- Almirante Lisa Franchetti em suas palavras à mídia presente, destacou a grande oportunidade da troca de conhecimentos e interação com os meios envolvidos no exercício onde a interoperabilidade voltou a ser a palavra chave no entendimento dela.

Hora de ir embora

Neste momento é que me vem a cabeça que serei catapultado pela primeira vez. A almirante Lisa Franchetti nos deseja uma boa decolagem dizendo que será a parte mais bacana de nossa visita. A expectativa aumenta.

Na saída para o embarque no C-2A que nos aguarda já com um dos motores acionado, olho para trás e vejo pela última vez a ilha e o mastro principal do navio com a nossa bandeira hasteada. Percebo que estou em um navio super premiado com várias marcações de prêmios de eficiência, o que demonstra certamente, ser um dos melhores porta aviões em operação na US Navy.

Já devidamente equipados e embarcados, recebemos uma informação da tripulação de que quando gritarem “Here we go! Here we go! Here we go!” é que estaremos sendo catapultados, já que não há janelas para nos orientarmos.

Sempre ouvi de pilotos da Marinha que a decolagem seria como um “chute no traseiro”, talvez seja nos caças, mas no C-2A devido a posição das poltronas invertida, a sensação é diferente. Somos jogados para a frente e o cinto de 4 pontos nos segura. A força G é suficiente para impedir qualquer movimento, e neste momento observo a parte traseira da aeronave “afundar” e estamos no ar. Não sei a opinião dos outros jornalistas presentes, mas para mim esta experiência é inesquecível.

Como na ida, o voo de volta tem a duração de 2 horas e meia e aproveito para repassar em minha mente todos os momentos que nos foram proporcionados. Fazemos um pouso suave no aeroporto Tom Jobim e a aeronave segue rapidamente para a BAGL, onde após nosso desembarque, recebemos um certificado de “Tailhooker Honorário” pelo primeiro CATRAPO no USS George Washington (CVN 73).

AGRADECIMENTOS: O DAN gostaria de agradecer ao CCSM pelo convite, à US Navy por nos levar e trazer de volta e ao adido de Imprensa do Consulado americano David Fogelson pelo suporte durante nossa visitação.

 

Sair da versão mobile