16ª Competição SAE Brasil AeroDesign

Classe Regular – Universidade Federal de Santa Catarina
Classe Regular – Universidade Federal de Santa Catarina

Por Rubens Barbosa Filho

São José dos Campos recebeu entre os dias 30/10 e 02/11/2014 a 16ª Competição SAE BRASIL AeroDesign, realizada nas dependências do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), onde 85 equipes de universitários, de 70 instituições de ensino, somando 1,300 participantes entre estudantes e professores orientadores foram desafiadas a projetar e construir aviões radiocontrolados segundo o regulamento da SAE BRASIL.

Participaram ainda 8 equipes estrangeiras (México, Venezuela, Peru e Polônia.) de 7 instituições.

Aeronaves

Classe Regular – Universidade Federal de Santa Catarina

A competição abrange três categorias: Classe Regular, Classe Advanced e Classe Micro. Entre as novidades este ano, as aeronaves das Classes Regular e Advanced transportaram qualquer tipo de material como carga útil, exceto chumbo. Já as aeronaves da Classe Micro transportaram bolinhas de tênis. Nas três categorias, as aeronaves decolaram em distância máxima de 61m.

Para competir na Classe Regular, as aeronaves devem respeitar uma limitação de área projetada (vista superior), cuja somatória não pode exceder 0,775m². São permitidas apenas aeronaves monomotores – e o motor deve ser selecionado entre cinco indicados no regulamento.

Classe Advanced – ITA

Na Classe Advanced, a única restrição de projeto é o peso vazio da aeronave, que não poderá exceder 3 kg. A seleção do número de motores e do tipo do motor é totalmente livre, podendo ser a combustão ou elétrico.

Classe Micro – Universidade do Estado de Santa Catarina

Na Classe Micro, as bolas de tênis a serem transportadas deveriam estar em compartimento fechado e não podiam estar presas entre si. Todas as aeronaves deviam carregar a mesma carga em todos os voos: 40 bolinhas. A pontuação de voo é dada de acordo com o peso vazio da aeronave e o número de voos que a equipe conseguiu realizar com sucesso. Para esta categoria não existem restrições geométricas nem ao número de motores, todos elétricos, porém a equipe tinha que ser capaz de transportar a aeronave desmontada em caixa de 0,175m³.

Provas

1º Colocado na categoria Regular – UNICAMP

As avaliações e a classificação das equipes foram realizadas em duas etapas: Competição de Projeto e Competição de Voo, conforme o regulamento baseado em desafios reais enfrentados pela indústria aeronáutica e disponível no site da SAE BRASIL – www.saebrasil.org.br

1º colocado na categoria Advanced – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Ao final da competição, duas equipes da Classe Regular (Urubus/Unicamp-Campinas e Uirás/Unifei-Itajubá), uma da Classe Advanced (Car-kará/Universidade Federal do Rio Grande do Norte) e uma da Classe Micro (Trem-ki-voa/Universidade Federal de são João Del Rey), obtiveram as maiores pontuações e ganharam o direito de representar o Brasil na SAE Aerodesign East Competition, em 2015, nos EUA, onde as equipes brasileiras acumulam histórico expressivo de participações: sete primeiros lugares na Classe Regular, quatro na Classe Advanced e um primeiro lugar Classe Micro. A SAE East Competition é realizada pela SAE International, da qual a SAE BRASIL é afiliada.

SAE Brasil

Organizado pela Seção Regional São José dos Campos da SAE BRASIL, o Projeto AeroDesign é um programa de fins educacionais que tem como principal objetivo propiciar a difusão e o intercâmbio de técnicas e conhecimentos de engenharia aeronáutica entre estudantes e futuros profissionais da engenharia da mobilidade, por meio de aplicações práticas e da competição entre equipes, formadas por estudantes de graduação e pós-graduação (stricto sensu), de Engenharia, Física e Tecnologia relacionada à mobilidade.

“As competições estudantis da SAE BRASIL são provas de engenharia criadas para desafiar os jovens a praticar conhecimento técnico com ousadia e criatividade, além de fazer com que tomem contato com a gestão de projeto em todos os seus aspectos, inclusive o financeiro. É verdadeiramente uma experiência extracurricular que faz diferença na formação do engenheiro”, analisa Ricardo Reimer, presidente da SAE BRASIL.

A competição tem o patrocínio da Airbus, Boeing, Embraer, SAAB, GE, Honeywell, Parker, Hamilton Sundstrand, Rolls-Royce e Pratt & Whitney. Além disso, recebeu o apoio do DCTA, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCT), Prefeitura de São José dos Campos, ADC Embraer e da rede Accor.

No limite!

Colapso na estrutura das asas

O que se busca nesta competição é basicamente transportar o maior peso de carga paga, com aeronaves de menor peso vazio possível, respeitando-se algumas regras. Para que isto seja possível, as equipes projetam seus equipamentos e sistemas no limite da resistência estrutural dos materiais, que na maioria das vezes é formado por fibras compostas de alta tecnologia. Como se pode observar pelas fotos, o aspecto estético das aeronaves, em principio, não é levado em consideração e sim sua eficiência em cumprir a missão proposta. É claro que as aeronaves que “parecem” voar bem, realmente o fazem, mas isto não é condição limitante.

Como exemplo, a equipe “Urubus” composta por estudantes e orientadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), vencedora na categoria “Regular”, conseguiu com um projeto bem equilibrado, transportar carga paga total de 10,310 kg em uma aeronave que pesa 1,930 kg (5,342 vezes o seu próprio peso vazio) respeitando as restrições impostas pela regulamentação da competição. Isto não é pouco!

O 2º colocado na mesma categoria, a equipe “Uirá” da Universidade Federal de Itajubá, que na competição de 2013 foi a campeã, conseguiu nesta edição, transportar 7 kg de carga paga total, com uma aeronave de 2,260 kg (3,097 vezes o seu próprio peso), o que também não é pouco!

Devido as aeronaves voarem no limite de sua resistência estrutural, não é incomum que algumas apresentem características indesejáveis em um avião em escala maior em voo, como por exemplo a temida ressonância aero – elástica (flutter), ocasionando inclusive o colapso de estruturas de aerofólios e fuselagem.

       

Quando isto ocorre, é evidente a frustração dos membros das equipes, mas o aprendizado decorrente da análise das causas da falha farão com que, seguramente, as equipes se fortaleçam tecnicamente para as próximas competições e, o mais importante, na consolidação de suas carreiras profissionais.

Então é inevitável constatar a importância deste evento para o estímulo da formação de profissionais altamente especializados e ainda, que a maioria, senão a totalidade dos membros das comissões técnicas de avaliação de desempenho das equipes concorrentes, é formada por ex-competidores quando alunos, e que hoje desenvolvem suas atividades profissionais em empresas como a Embraer, em projetos de altíssima tecnologia como o do KC390.

Vitor Afonso Coutinho, Diretor de Inovações da Helibras junto a Equipe da UNIFEI-Itajubá
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