Agências Espaciais do Brasil e Canadá assinam acordo

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Na última terça feira (17/03), o Parque Tecnológico de São José dos Campos recebeu um programa de seminários e rodada de negócios da Missão Espacial Canadense ao Brasil. O cônsul-geral do Canadá, Sr. Stéphane Larue, o diretor geral de utilização do espaço da Canadian Space Agency (CSA), Sr. Luc Brûlé, e o professor Carlos Alberto Gurgel Veras, diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimentos da Agência Espacial Brasileira (AEB) assinaram, na abertura do evento, o chamado “Acordo de Cooperação para a Formação de Profissionais e Estudantes Qualificados em Disciplinas Relacionadas ao Espaço”. Por meio desse documento, programas educacionais de nível superior como o “Estudante Sem Fronteiras”, por exemplo, terão maior estímulo e incentivos de governo a governo, visando o envio de estudantes e profissionais ligados a pesquisa, desenvolvimento e indústria aeroespacial, para realizarem cursos e aperfeiçoarem seus conhecimentos. No auditório lotado, a presença de militares da Força Aérea (IAE, DCTA, CCISE), pesquisadores e engenheiros do INPE, empresários do setor aeroespacial, dirigentes do setor, autoridades municipais, convidados e uma numerosa delegação canadense.

O Painel 1, intitulado “Aplicações de Tecnologia Espacial para o Desenvolvimento Social e Econômico”, teve como moderador o professor Carlos Alberto Gurgel Veras, diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento da AEB. A apresentação especial, a cargo do coronel aviador Ricardo de Queiroz Veiga (vice-presidente executivo da Comissão de Coordenação e Implantação de Sistemas Espaciais – CCISE), teve como tema o Programa Estratégico de Sistemas Espaciais (PESE). Inspirado pelo moderno conceito de guerra centrada em rede (Net Centric Warfare), uma das principais inovações do PESE é o objetivo de se criar um Centro de Operações Espaciais (COPE), que seria subordinado ao Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro. Caberia ao COPE coordenar todas as atividades que façam uso de constelações de sistemas espaciais, oferecendo serviços nas áreas de comunicações, observação, mapeamento de informações, posicionamento e monitoramento espacial para o Ministério da Defesa e seus três comandos, e outros usuários governamentais.

Falando sobre sensoriamento remoto da Terra a partir do espaço, suas capacidades e seu emprego por múltiplas agências governamentais brasileiras, a Sra. Leila Maria Garcia Fonseca, chefe da Divisão de Processamento de Imagens e Coordenadora de Observação da Terra do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Apresentando uma visão administrativa sobre as implicações desenvolvimentistas da indústria aeroespacial na região de São José dos Campos, falou o Sr. Sebastião Gilberto Maia Cavalli, Secretário de Desenvolvimento Econômico de São José dos Campos. Pelo Canadá, o Sr. Paulo Bezerra, brasileiro radicado há mais de 20 anos no Canadá, e diretor de Desenvolvimento Estratégico da empresa MDA, falou sobre as possibilidades mais concretas de cooperação científica, tecnológica e industrial entre os dois países, e o coronel André Dupuis, diretor de Desenvolvimento Espacial do Departamento de Defesa Nacional Canadense, falou sobre a vital importância do sensoriamento radar do mar a partir do espaço, e dos desafios enfrentados pelo Canadá, dono de um extenso litoral e responsável por uma enorme área marítima, para controlar e verificar dezenas de navios e embarcações. Dupuis falou sobre as expectativas em torno da nova constelação de satélites a ser lançada pelo governo canadense, denominada como RCM (RADARSAT Constellation Mission) e que teve sua fase de construção contratada pelo governo canadense no início de 2013.

O Painel 2, intitulado “Iniciativas Conjuntas entre Brasil e Canadá para a Formação de Recursos Humanos em Tecnologias Espaciais” teve como moderador o Sr. William Mackey, Conselheiro de Assuntos Espaciais da Canadian Space Agency (CSA). A apresentação especial, também a cargo do Sr. Mackey, teve como tema “A Nova Política Espacial Canadense” onde foi apresentada as diretrizes de emprego dos recursos espaciais daquela nação, a formação de pessoal qualificado (investimentos em educação), o incentivo governamental para a consolidação de uma indústria aeroespacial competitiva e pouco dependente de encomendas estatais, dentre outros tópicos da moderna concepção canadense de uso do espaço.

O professor Carlos Alberto Gurgel Veras, diretor de Satélites, Aplicações e Desenvolvimento da AEB, falou sobre os novos rumos e aspirações da AEB, citou programas importantes em gestação como as Missões Serpens (Programa Sistema Espacial para Realização de Pesquisa e Experimentos com Nanossatélites), e resumiu as capacidades instaladas para uma cooperação Brasil e Canadá proveitosa no curto prazo, destacando-se a força produtiva local, a proposta de novas tecnologias baseadas em pequenas plataformas e o incremento da troca de experiências e conhecimento entre pessoal altamente qualificado dos dois países. Horácio Aragonês Forjaz, diretor-geral do Parque Tecnológico de São José dos Campos, resumiu a vocação da região por iniciativas industriais e tecnológicas de ponta, apresentou números e resultados expressivos do Parque Tecnológico de São José dos Campos, que já abriga dezenas de empresas do setor aeroespacial em dois centros de negócios, possuindo parcerias com várias universidades e centros de pesquisas brasileiros importantes, com recentes adições de porte ao complexo, nomes como VISIONA, Cemodem, Boeing, Atech e EADS, agora renomeada Airbus Group. Pelo Canadá, o Sr. Jean de La Fontaine, presidente da NGC Aeroespacial e professor da Université de Sherbrooks (UdeS) apresentou as capacidades aeroespaciais da NGC, com presença inclusive no disputado mercado aeroespacial europeu, e as possibilidades de estudantes brasileiros realizarem cursos na UdeS, nas áreas de Sistemas Inteligentes, Mecatrônica e Aeroespacial (SIgMA Research Group), e Engenharia Elétrica e Computacional, aéreas sob a sua responsabilidade na instituição de ensino canadense. Encerrando o 1º dia de seminários, o diretor geral de utilização do espaço da Canadian Space Agency (CSA), Sr. Luc Brûlé, apresentou um resumo das atividades atuais da CSA em pesquisa, desenvolvimento, suporte a indústria aeroespacial canadense e as perspectivas de ações conjuntas que poderão vir a acontecer entre os dois países.

O diretor geral de utilização do espaço da Canadian Space Agency (CSA), Sr. Luc Brûlé, apresentou um resumo das atividades atuais da CSA

FONTE: T&D

FOTOS: Roberto Caiafa

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