A OTAN está considerando um aumento significativo em sua meta de gastos com defesa, visando abordar lacunas críticas de capacidade em meio a preocupações de segurança aumentadas da Rússia e pressões por maior autossuficiência militar europeia. Conforme informado à Bloomberg, autoridades familiarizadas com as discussões, a aliança está planejando aumentar a referência dos atuais 2% do PIB para até 3% até 2030. As metas propostas incluem reforçar as defesas aéreas, armamento ofensivo e capacidades de dissuasão nuclear.
Aumento gradual nas metas de defesa
O plano sugere uma meta de gastos provisória de 2,5% do PIB antes de atingir a meta de 3% até o final da década. O secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, falando sobre a necessidade de capacidades aprimoradas, observou: “Tenho um número em mente, mas não vou mencioná-lo agora. Mas claramente, quando você olha para as metas de capacidade, [quando] você olha para as lacunas que ainda existem… É claro que, com 2%, você não pode chegar lá.”
Espera-se que os ministros das Relações Exteriores e da Defesa da aliança abordem essas metas em sua reunião de fevereiro, com um acordo final previsto para a cúpula de líderes de 2024 em Haia. No entanto, as autoridades reconhecem que cumprir esse cronograma pode ser desafiador.
Pressão dos EUA e responsabilidades europeias
A proposta se alinha com os apelos dos Estados Unidos para que os membros da OTAN assumam uma parcela maior das responsabilidades de defesa. O ex-presidente Donald Trump pressionou anteriormente os aliados europeus a aumentar suas contribuições, alertando que os EUA poderiam se retirar da aliança se os níveis de gastos não aumentassem.
“Há lacunas de capacidade que precisamos preencher para poder defender a Europa da Rússia sem os EUA”, disse Armida van Rij, pesquisadora sênior da Chatham House, enfatizando a importância da independência da defesa europeia, conforme relatado à Bloomberg. Esse sentimento é ecoado por Rutte, que enfatizou a necessidade de fortalecer a base industrial militar da Europa, chamando a dependência de recursos dos EUA de insustentável.
Disparidades entre os membros da OTAN
Os gastos com defesa variam amplamente entre os 32 membros da OTAN. Enquanto países como a Polônia estão liderando com um recorde de 4,7% do PIB alocado para defesa, outros, incluindo Itália e Espanha, ficam significativamente aquém do atual benchmark de 2%. A Itália, que gasta 1,49% do seu PIB em defesa, já está sob escrutínio por gastos excessivos orçamentários sob o Procedimento de Déficit Excessivo da UE.
O governo da primeira-ministra Giorgia Meloni se comprometeu a atingir 2% até 2028, mas reconhece os desafios de ir além disso. O ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto, disse: “Não sei em que prazo, mas certamente Trump acelerará esse esforço… Não será nem 2%. Será 2,5%, se não 3%”.
Da mesma forma, a Espanha, contribuindo com apenas 1,28% do PIB para a defesa, buscou mudar o foco para outras referências, como seu compromisso de alocar 20% dos gastos com defesa para pesquisa e desenvolvimento. O primeiro-ministro Pedro Sánchez destacou esse aspecto, observando as contribuições substanciais de tropas da Espanha para as missões da OTAN.
Necessidades urgentes de modernização
Os líderes e analistas europeus concordam que os níveis de gastos atuais são insuficientes para atender às necessidades de defesa em evolução da OTAN, principalmente devido à guerra em andamento na Ucrânia. O ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius, alertou: “A Rússia estaria em posição de atacar um país da OTAN até 2029”. A Alemanha atingiu recentemente a meta de 2% pela primeira vez e apoia o aumento dos gastos para se preparar para ameaças futuras.
O Reino Unido, que gasta 2,3% do PIB em defesa, planeja aumentar isso para 2,5%. No entanto, autoridades de defesa admitem que mesmo esse nível pode não ser suficiente para permitir que o Reino Unido atenda aos requisitos atualizados da OTAN. “O Reino Unido não pode atender à sua atual ‘demanda’ da OTAN de 2,5% do PIB”, disse um alto oficial militar britânico ao Financial Times.
Desafios financeiros e políticos mais amplos
Embora o aumento dos gastos com defesa seja visto como uma etapa necessária para lidar com ameaças à segurança, ele representa desafios significativos para as economias europeias já sobrecarregadas por pressões fiscais. Rutte reconheceu essas dificuldades, afirmando: “A política é fazer escolhas na escassez, e sempre há falta de dinheiro e sempre muitas prioridades… Manter um país seguro deve ser uma prioridade crítica para os líderes.”
Além disso, a UE está explorando mecanismos financeiros inovadores para apoiar investimentos em defesa. Andrius Kubilius, o novo comissário de defesa da UE, propôs um mecanismo de empréstimo conjunto garantido contra os compromissos de gastos dos membros europeus da OTAN. Esta iniciativa faz parte de um plano mais amplo para garantir € 500 bilhões para defesa na próxima década.
Implicações estratégicas para a OTAN
O aumento proposto nas metas de gastos visa abordar tanto as preocupações imediatas de segurança quanto os desafios estratégicos de longo prazo. Os membros não americanos da OTAN aumentaram coletivamente os gastos com defesa em aproximadamente US$ 100 bilhões nos últimos dois anos, em grande parte em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia.
“Com todas as tarefas que enfrentamos, em termos de defesa da Ucrânia e os requisitos mínimos de capacidade da OTAN, esta discussão vai acontecer, aconteça o que acontecer”, disse uma autoridade alemã em uma reportagem do Financial Times, destacando a urgência da questão.
A próxima cúpula em Haia servirá como uma plataforma crítica para finalizar esses compromissos. Se bem-sucedidas, as novas metas podem marcar uma mudança fundamental na abordagem da OTAN para a defesa coletiva, fortalecendo sua capacidade de responder a ameaças futuras e, ao mesmo tempo, promovendo maior independência financeira e operacional na Europa.
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: DAN
FONTE: The Economic Times
Muito equipamento da OTAN foi destroçado pela Rússia. Agora terão que correr contra o tempo. Só um detalhe: a economia vai de mal a pior. Boa sorte. Foram mexer com o Urso, e o resultado está aí. SlavaUkraini….rs!
Acabou a era de displicência. A agressão imperialista russa e suas pretensões que vão bem além da Ucrânia os tirou da zona de conforto.
E é bom que se apressem ao máximo.
O ditador do Kremlin já está em guerra assimétrica contra a Europa através de vários atos de sabotagem e já demonstrou que pretende anexar outros países e destruir a UE.
Saulo, sugiro que pegue informações com canais independentes, e não apenas mídia convencional (que não sabem nada, só noticiam feijão com arroz), ou canais que tomam partido de um lado.
Essa histórinha de Russia querendo invadir a Europa, não é bem assim, veja um pouco mais pra trás na história, o acordo OTAN X Rússia após a dissolução do Pacto de Varsóvia, que não foi respeitado pela OTAN, e agora chegaram as portas da Rússia. Mas tb sabemos que Putim não é nenhum santo, mas temos que ver o pouco de verdade que restam nas coisas.
Enfim, todos estão carecas de saber, que na guerra a primeira que morre é a verdade.
Mas se vc apoia a OTAN incondicionalmente, aí retiro o que eu disse e nem precisa responder.
Abraços
Esse acordo de “não expansão” da OTAN é mais uma das historinhas oriundas da máquina de mentiras e desinformação russa
https://www.brookings.edu/articles/did-nato-promise-not-to-enlarge-gorbachev-says-no/