Avibrás fecha contrato de R$ 900 milhões

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A Avibrás, de São José dos Campos, formalizou há poucos dias, em Jacarta, na Indonésia, um contrato avaliado em R$ 900 milhões para fornecer lançadores Astros II de foguetes de saturação ao exército do País. A encomenda, cobre 36 veículos blindados disparadores, unidades de apoio e suprimentos. As entregas serão feitas em etapas até 2016.

O protocolo inicial foi assinado dia último dia 8 de novembro de 2012 com grande festa – todavia, depois disso, o negócio passou por nove meses críticos, tempo gasto para a obtenção da carta de fiança para o processamento do crédito e de certidões específicas. Houve dificuldades nessa etapa porque a Avibrás ainda se está em recuperação judicial. Embora tenha lastreado a demanda com o próprio contrato, além de itens patrimoniais, a avaliação do procedimento foi longa.

O presidente da empresa, Sami Hassuani, diz que atualmente, existe apoio decisivo dos ministérios da Defesa e da Fazenda. Ainda na obtenção das garantias de contrato, não obstante a legislação do setor precise ser atualizada para dar a rapidez da atualidade às transações. Para Hassuani, também o custo, uma espécie de prêmio que se paga pelas cartas de abonamento, deve ser reduzido.

Esse valor, no Brasil, é ao menos quatro vezes mais caro que o praticado no mercado e demora de quatro a cinco meses para ser obtido, ante uma semana apenas no meio internacional. A Indonésia está levando para sua força terrestre, a versão Mk-6, a mais avançada do lançador de foguetes Astros-2.

Vai equipar com ela dois batalhões especializados do Exército. O contrato é amplo: cobre as carretas lançadoras e os blindados que abrigam as centrais de comunicações, comando e controle, mais viaturas para o radar de coordenação, junto das unidades de meteorologia.

O sistema emprega os foguetes da família AV, com alcances entre 9 e 100 quilômetros. Os modelos maiores, os AV-SS-60 e AV-SS-80, podem receber ogivas múltiplas, levando até 70 pequenas granadas que são dispersadas sobre o alvo no momento do ataque.

A configuração escolhida pelos indonésios ainda não é a série 2020, definida como estratégica pelo Exército brasileiro, e que utilizará mísseis de cruzeiro para atingir objetivos a 300 quilômetros. O projeto considera um novo foguete guiado com possibilidade variada de configuração. O programa é prioritário no Ministério da Defesa, incluído no PAC-Equipamentos pela presidente Dilma Rousseff. Foram liberados R$ 45,3 milhões para a fase inicial. O custo total é de R$ 1,09 bilhão.

O Astros da Indonésia sairá da fábrica com pesada carga eletrônica. Isso permitirá a futura incorporação da nova munição inteligente que cumpre atualmente as etapas de certificação – é o caso do míssil, por exemplo.

O ministro da Defesa, Celso Amorim, sustenta que a Indonésia tem grande importância no contexto mundial e é um parceiro do Brasil que anteriormente comprou aviões Super Tucano da Embraer. A aviação de Jacarta adquiriu 16 turboélices, no arranjo de ataque leve, vigilância eletrônica e apoio à tropa terrestre.

Time

Para cumprir o contrato, a Avibrás instalou um time técnico na capital indonésia. É o segundo escritório da empresa na região. O primeiro é o de Kuala Lumpur, na Malásia, onde o Astros faz parte de um comando estratégico desde 2010. A encomenda do exército malaio bateu em R$ 500 milhões.

A concorrência na Indonésia foi muito pesada, diz o presidente da empresa, Sami Hassuani. A negociação começou em 2008 e exigiu agilidade e prova de capacidade o tempo todo. O contrato de US$ 405 milhões era disputado por fabricantes da Rússia e da Turquia. Hassuani acredita que o relacionamento com cliente será longo: “Nossa convivência é baseada em interesses comuns, e vai se estender por 30 anos”.

Esse tempo, no entendimento do mercado de equipamento militar, é dedicado ao aperfeiçoamento tecnológico, encomendas suplementares e sobretudo ao atendimento de novas parcerias. O impacto da encomenda indonésia será grande no polo industrial de São José dos Campos. Na Avibrás serão criadas 300 empregos diretos – e 600 outros na cadeia dos fornecedores, quase todos da região do Vale do Paraíba.

FONTE: O Estado de S. Paulo.

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