Certificação do KC-390 sofre atraso e primeira entrega é adiada para 2018

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Por Virgínia Silveira

O processo de certificação do KC-390 sofreu alterações e foi adiado por falta de recursos. A certificação da versão militar do cargueiro está prevista agora para o segundo semestre de 2017. A mudança afetou os planos da Embraer de fazer as primeiras entregas já em 2016. O trabalho de certificação é feito pela Aeronáutica por meio do seu Instituto de Fomento e Coordenação Industrial (IFI), em São José dos Campos.

No fim de julho a Embraer anunciou o adiamento das primeiras entregas do KC-390 para o primeiro semestre de 2018. A previsão inicial era entregar pelo menos duas aeronaves para a Força Aérea Brasileira (FAB) ainda em 2016. O motivo do adiamento, divulgado pela empresa durante anúncio dos resultados do segundo trimestre, foi a redução do orçamento do governo para o setor de defesa devido ao ajuste fiscal.

O Comandante da Aeronáutica, brigadeiro Nivaldo Rossato, disse que os recursos previstos para o início da produção este ano, no valor de R$ 400 milhões, estão sendo readequados. A FAB encomendou 28 aeronaves, em contrato foi assinado em maio do ano passado. “O desenvolvimento do KC-390 é prioridade para a FAB e estamos equacionando os problemas que surgiram com a redução do orçamento para o projeto”, disse ontem o comandante em visita à feira de Aviação Executiva Labace, realizada esta semana, em São Paulo.

A verba de R$ 771 milhões autorizada para este ano, porém, ainda não foi liberada. Os recursos seriam aplicados no processo de desenvolvimento final do KC-390, incluindo a certificação.

A redução e o atraso na liberação de verbas para a indústria de defesa não afetam somente a Embraer. A fabricante de helicópteros Helibras, que tem 75% do seu faturamento vinculado à área de defesa, revisou a sua previsão de receita de R$ 1 bilhão para R$ 500 milhões em 2015. No ano passado, segundo o presidente da companhia, Eduardo Marson, a Helibras faturou R$ 600 milhões.

Para se adaptar ao novo cenário, Marson diz que a empresa fez uma série de ajustes, que incluiu um plano de demissões voluntárias e um programa de redução de custos, que gerou uma economia de R$ 30 milhões. “Com programa de desenvolvimento e produção dos helicópteros H225M para as Forças Armadas planejamos ter mil funcionários em 2015, mas este ano devemos terminar com total de 700”. No ano passado a empresa chegou a ter 847 funcionários.

O contrato entre a Helibras e o governo brasileiro, assinado em 2008, está avaliado em € 1,9 bilhão. Segundo o Valor apurou, o governo previa uma verba de R$ 525 milhões para o desenvolvimento dos helicópteros este ano, mas reduziu para R$ 323 milhões. Mas, assim como a Embraer, a Helibras ainda não recebeu nenhuma parcela desses recursos.

FONTE: Valor Econômico

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