Corveta Tamandaré: Consórcio Villegagnon abre espaço para indústria do RJ

Da esquerda para a direita: Flavio Gesca (Mectron), Alice Oliveira (Naval Group), Eric Berthelot (Naval Group), Maurício Almeida (Enseada) e Ruffo Chiconelli (Enseada)

Por Luiz Padilha

O Consórcio Villegagnon, (Naval Group, Mectron e estaleiro Enseada), promoveu na sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro – FIRJAN, um encontro com empresas do estado do Rio de Janeiro interessadas em participar junto ao consórcio, da construção das Corvetas Classe Tamandaré – CCT.

O Sr. Eric Berthelot, presidente da Naval Group no Brasil, abriu o evento expondo aos presentes a importância para o consórcio ter sido classificada dentro da short-list da Marinha do Brasil – MB, no programa das Corvetas Classe Tamandaré. Ele enfatizou a importância das empresas para o Naval Group e que a proposta do consórcio Villegagnon é a que melhor atende as necessidades da MB.



O Naval Group possui uma boa relação com a MB no programa de submarinos (PROSUB), que tem o lançamento ao mar da primeira unidade, o Riachuelo (S 40), programada para o dia 14 de dezembro deste ano. O Sr. Eric Berthelot agradeceu a FIRJAN pela oportunidade de realizar esse evento, para poder apresentar um pouco da proposta do consórcio, e abrir canais para que empresas do estado do Rio de Janeiro possam se habilitar como fornecedoras de equipamentos e com mão de obra especializada, dada a experiência de muitas no setor de off-shore, acrescentando que uma empresa brasileira que participa da construção dos submarino em Itaguaí, fechou um contrato com a Índia no programa de construção dos submarinos Scorpene daquele país.

Corveta Gowind 3000

A corveta Gowind 3000 é a aposta do consórcio Villegagnon na concorrência das CCTs. Trata-se de um navio de alta complexidade já em uso pela Marinha do Egito com uma unidade construída na França e a segunda lançada ao mar recentemente, construída em um estaleiro civil no Egito, onde as outras unidades se encontram atualmente em fases distintas de construção.

Além da Marinha do Egito, a Marinha da Malásia também optou pela corveta Gowind 3000, encomendando seis unidades, sendo todas fabricadas na Malásia, a mesma opção apresentada pelo consórcio para as CCTs, perfazendo um total de dez Gowinds encomendadas.

Características da versão brasileira

A Gowind 3000 oferecida possui um deslocamento de 3.150 ton, 111 metros de comprimento, 16 metros de boca, uma velocidade máxima continua ≥25 kts e uma perspectiva de vida útil de 30 anos ou mais.

Armamentos: Lançadores verticais de mísseis antiaéreos + Lançadores de mísseis antinavio + Lançadores triplos de torpedos + 1 canhão principal e 1 secundário + metralhadoras.
Sensores: Sonares p/ guerra antisubmarina + radar 3D p/ identificação e acompanhamento de ameaças aéreas + despistadores.
Sistema de Gerenciamento de Combate: SETIS® -C, atualmente em uso nas Fragatas Francesas c/ alto grau de automação reduzindo o tempo de resposta a ameaças.

Os armamentos em conjunto com estes sensores, oferecem um sistema de combate avançado capaz de realizar missões de guerra antisubmarina e de cobertura antiaérea com alta performance, colocando a Gowind 3000 com um poder de fogo maior que os navios atualmente em uso na MB.

Onde serão construídas as Corvetas Gowind 3000 no Brasil?

A Corveta Classe Tamandaré, no caso do consórcio Villegagnon ser vencedor, será construída no estaleiro Enseada (70% Enseada Indústria Naval Participações S/A e 30% Kawasaki Heavy Industries), o qual executará a construção dos quatro navios, a integração dos navios e os testes de aceitação. Caberá ainda ao estaleiro Enseada, a procura e aquisição de equipamentos para os navios no Brasil e no exterior.

Localizado na cidade de Maragogipe no recôncavo baiano, o Enseada está equipado com o que existe de mais moderno para a construção naval, tendo realizado a conversão de quatro embarcações VLCC (Very Large Crude Carrier) em cascos FPSO (Floating Production, Storage e Offloading) das plataformas P-74, P-75, P-76 e P – 77 e iniciado a construção de 6 navios sonda para a empresa Sete Brasil, porém, com a falência da empresa o processo de construção foi paralisado.

O Sr. Mauricio Almeida, CEO do estaleiro Enseada pontuou aos presentes no evento que estava muito animado com a possibilidade de entrar na área da construção naval militar, pois o Enseada possui total condições com seus equipamentos modernos, de contribuir para o fortalecimento da estrutura produtiva nacional, qualificando mão de obra brasileira especializada e fomentando a indústria nacional, incentivando e privilegiando fornecedores que venham a nacionalizar equipamentos e serviços, inicialmente importados, visando atender a MB durante todo o ciclo de vida das embarcações após a entrega.

O Sr Mauricio acrescentou que o estaleiro terá uma curva de aprendizado da primeira até a quarta Corveta, substituindo gradativamente a M/O estrangeira da primeira Corveta por M/O local nas corvetas subsequentes. Abaixo o cronograma de construção previsto para as CCTs no estaleiro Enseada.

O Enseada possui uma área total de 68.000 m² sendo que a área necessária para o programa das CCTs é de CCT: 38.889 m², o que mostra a dimensão do estaleiro, que conta com 11 Máquinas de Corte CNC (Gas/Laser/Plasma), 04 Prensas Hidráulicas para 70t/500t/200t e 1.500t, 18 Semi Gantry Cranes para 2t/5t e 10t, 23 Overhead Cranes para 20t/30t/40t e 120t, além de 430 máquinas de solda.

MECTRON

O Sr. Flavio Gesca, diretor de contratos da MECTRON, perguntado se a empresa teria saído do mercado, explicou que a MECTRON, passou por uma reformulação, buscando novos objetivos. A empresa conta com mais de 25 anos de experiência no setor de Tecnologia e Defesa e está certificada desde 2012 pelo Ministério da Defesa como Empresa Estratégica de Defesa – EED, tendo participado e executado projetos de alta complexidade tecnológica para as Forças Armadas do Brasil e outros clientes nacionais e internacionais.

No consórcio Villegagnon, sua participação será na Integração do Sistema de Combate (CMS- Control Management System) SETIS-C da Naval Group e do IPMS nas Corvetas, utilizando o conhecimento adquirido de Guiamento e Controle, Engenharia de Sistemas, Hardware in the loop, Processamento de Sinais e Integração Aviônica.

Ao final do evento, o Sr. Eric Berthelot, enfatizou a experiência do Naval Group de quase 400 anos, sua presença em 50 Marinhas no mundo, salientou que a Marinha do Brasil não quer protótipos, e que a Gowind 3000 é um navio sea proven de alta complexidade tecnológica, furtivo e adaptado à necessidade brasileira fornecendo o melhor em capacidade de combate.

Ter o estaleiro Enseada, único de 5ª geração no Brasil como parceiro no consórcio Villegagnon e a MECTRON, ambas com suas equipes dedicadas em desenvolver fornecedores locais com tecnologia de ponta, é a garantia da continuidade da bem sucedida relação Brasil-França, uma parceria estratégica de sucesso e que privilegia a indústria brasileira.



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