Embraer sai na frente na disputa por novos jatos

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Por Virgínia Silveira

Sob os olhares de uma plateia formada por representantes de mais de 50 companhias aéreas de todo o mundo, fornecedores, empregados e autoridades militares, a Embraer apresentou ontem o novo jato E190-E2, o primeiro da segunda geração da sua nova família de aviões comerciais. Em um momento que os principais concorrentes, como a canadense Bombardier e a japonesa Mitsubishi, sofrem atrasos nos seus programas, a brasileira mantém o cronograma de realizar o primeiro voo no segundo semestre deste ano e o início das entregas em 2018.

A nova família de E-Jets, composta por três aeronaves (E175-E2, E190-E2 e E195-E2) alcançou uma carteira de 267 pedidos firmes e 373 opções e direitos de compra. “Estamos super otimistas com o avião. Nunca tivemos um produto com tamanha demanda assegurada. Para uma aeronave que só vai entrar no mercado daqui a dois anos é um começo extraordinário”, afirmou o presidente da Embraer, Frederico Fleury Curado.

O presidente da Trans States Holdings, maior grupo de aviação regional dos Estados Unidos, Richard Leach, pretende exercer as 50 opções de compra dos novos jatos E175-E2, assim que as entregas dos 50 pedidos firmes forem concluídas. O grupo, que também controla as companhias aéreas Trans States Airlines, Compass Airlines e GoJet Airlines, encomendou 100 aeronaves do modelo de 76 assentos da Embraer, um negócio avaliado em US$ 2,4 bilhões.

As aeronaves da Trans States, segundo previsão da Embraer, começarão a ser entregues em junho de 2020. Leach disse que a relação bem sucedida com a Embraer vai muito além dos novos jatos que foram adquiridos. “Iniciamos essa parceria em 1991, com 35 aeronaves turboélice Brasília, que evoluíram para o jato ERJ145, o qual ainda operamos 67 unidades e, mais recentemente, temos 62 jatos E175 da primeira geração voando em nossa frota”, comentou.

Horas depois da cerimônia de apresentação do novo avião, que teve direito até a um show aéreo com toda a linha de aeronaves produzidas pela empresa, incluindo o novo jato militar KC-390, a Embraer recebeu a notícia de que a agência de classificação de risco Moody’s havia rebaixado o rating da companhia em moeda estrangeira de Baa3 para Ba1.

O rebaixamento do grau de investimento, de acordo com uma fonte da Embraer, não afetará o andamento dos programas da companhia. O cenário econômico negativo do Brasil também não terá impacto significativo na fabricante, pois 85% da sua receita está vinculada a contratos de exportação.

“Haveria impacto se a empresa não conseguisse cumprir o plano estratégico. Mas, ao contrário, ela está conseguindo manter um bom volume de vendas na sua carteira de pedidos (cerca de US$ 22,5 bilhões até 31 de dezembro de 2015) e vem cumprindo a risca prazos e orçamento estabelecido para o programa de desenvolvimento do seu novo jato E2”, disse a fonte.

A mesma fonte lembra que apesar da grande competição que existe hoje no mercado de aviação mundial, a Embraer é a única que está conseguindo manter a promessa de cumprimento de prazos e investimentos em novos programas. “Isso é um grande diferencial neste mercado e os nossos clientes estão atentos”, afirmou.

Ela cita o exemplo da japonesa Mitsubishi, que em janeiro anunciou mais um atraso na data de entrada em serviço do seu novo jato comercial, o MRJ, concorrente da Embraer, e os chineses, que também adiaram o início da operação do ARJ 21, depois de atrasos que superaram os seis anos.

No caso da Bombardier, a fonte da Embraer diz que o orçamento do programa dos seus novos jatos C-Series praticamente dobrou em relação ao valor estabelecido inicialmente, além dos diversos atrasos que aconteceram por problemas técnicos e de gestão.

A partir de 2018, segundo a fonte, a Embraer estará atuando com duas frentes importantes e estratégicas. Uma delas é o início das entregas dos jatos comerciais da nova geração e a outra é a nova oportunidade que será aberta com o início das entregas do KC-390, que irá disputar um mercado potencial de 700 aeronaves em 10 anos.

FONTE: Valor Econômico

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