Embraer tem prejuízo líquido de R$467 mi no 2º tri com menores entregas e problemas com cargueiro

Por Raquel Stenzel

A Embraer registrou um prejuízo líquido atribuído aos acionistas de 467,0 milhões de reais no segundo trimestre, ante um lucro de 200,9 milhões de reais no mesmo período do ano passado, em um trimestre marcado pelo menor número de entregas e aumento dos custos com o desenvolvimento do cargueiro militar KC-390.



Excluindo impostos diferidos, contribuições sociais e itens especiais, o lucro líquido ajustado foi de 2,3 milhões de reais, ante lucro de 409,4 milhões de reais no segundo trimestre do ano passado, informou a fabricante de aeronaves brasileira nesta terça-feira.

O resultado operacional medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) despencou 83 por cento para 140,4 milhões de reais no segundo trimestre, incluindo o impacto negativo, não recorrente, de 458,7 milhões de reais referente à revisão da base de custos do contrato de desenvolvimento do cargueiro KC-390, em decorrência do incidente com o protótipo ocorrido em maio.

A margem Ebitda despencou para 3,1 por cento no segundo trimestre, ante 14,6 por cento um ano antes.

Sem contabilizar a revisão do custo do cargueiro, o Ebitda ajustado recuou para 599,1 milhões de reais, ante 803,4 milhões de reais no mesmo período de 2017. A margem Ebitda ajustada caiu para 13,2 por cento, ante 14,1 por cento um ano antes.

“A companhia reafirma todas as suas estimativas financeiras e de entregas para 2018, que não incluem o impacto não recorrente da revisão de base de custos do KC-390, ocorrida no segundo trimestre”, disse a Embraer em nota de divulgação do resultado.

A receita líquida da Embraer recuou 20 por cento para 4,533 bilhões de reais no segundo trimestre, devido ao menor número de entregas nos segmentos de aviação comercial e executiva e à queda de 90 por cento na receita do segmento de defesa e segurança por conta do incidente com o KC-390. A margem bruta consolidada caiu para 10,7 por cento, ante 17,8 por cento no segundo trimestre do ano passado.



No segundo trimestre, a Embraer entregou 28 aeronaves comerciais e 20 executivas, ante entregas totais de 59 aeronaves no segundo trimestre do ano passado. Apesar do recuo, a Embraer mantém a previsão de entregar de 85 a 95 jatos comerciais e 105 a 125 jatos executivos no ano.

A Embraer fechou um acordo com a norte-americana Boeing em julho para a formação de uma joint venture de 4,75 bilhões de dólares da área de aviação comercial. A Boeing assumirá o controle da divisão de aviação comercial, a maior geradora de receita da empresa brasileira, com participação de 80 por cento da joint venture.

O segmento de Aviação Comercial respondeu por 60,5 por cento da receita líquida total da Embraer, ante 52,8 por cento um ano antes, enquanto a participação do segmento de Defesa & Segurança recuou para 2,2 por cento, ante 17,1 por cento em 2017, em função da queda da receita no período.

Já o segmento de Serviços & Suporte teve crescimento de 18 por cento da receita, para 918,5 milhões de reais, respondendo por 20,3 por cento da receita líquida da companhia, ante 13,7 por cento no mesmo período de 2017.

Dívida e Investimentos

A Embraer gerou 175,5 milhões de reais de fluxo de caixa livre ajustado no segundo trimestre, e no final de junho tinha uma posição de caixa de 12,88 bilhões de reais, com uma dívida bruta de 15,66 bilhões de reais.

O aumento da dívida líquida de 10,3 por cento em relação ao trimestre imediatamente anterior, para 2,781 bilhões de reais no fim de junho, refletiu a variação cambial no período, disse a empresa.

A Embraer investiu 58,6 milhões de reais no segundo trimestre, elevando o total aplicado no primeiro semestre a 132,6 milhões de reais. A empresa acredita que os gastos de capital devem aumentar no segundo semestre, mas devem ficar abaixo dos 200 milhões de dólares estimados pela companhia para o ano.

FONTE: Reuters
FOTO: Ilustrativa



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