Estaleiro Eisa deve atrasar entrega de navios à Petrobras

eisa

Embarcações encomendadas pela Brasil Supply, que serão arrendadas, só devem estar prontas em 2 anos

As dificuldades financeiras enfrentadas pelo estaleiro Estaleiro Ilha SA (Eisa), na Zona Norte do Rio de Janeiro, deverão atrasar em até dois anos a entrega de quatro navios de apoio da Brasil Supply, que serão arrendados à Petrobras, disse nesta terça-feira o diretor de operações do armador, Ricardo Braga.

Os quatro navios, que originalmente deveriam ser entregues à empresa até 2015, deverão ser utilizados no transporte de tripulação e cargas da Petrobras. As embarcações de apoio integram também o pacote de conteúdo local mínimo definido pela Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP) em projetos de exploração e produção de petróleo.

NaPa de 500 Ton sendo construído no EISA – Entrega atrasada.

A Petrobras foi procurada para comentar o impacto que o atraso terá nas operações da companhia, mas não havia um representante imediatamente disponível para comentar o assunto. A estatal já chegou a aplicar multas ao armador pelos atrasos do estaleiro, que chegou a ficar paralisado por meses neste ano, segundo a Brasil Supply.

— Temos uma experiência com o Eisa que não é boa. Começamos esse contrato em 2011 e todos os quatro barcos estão atrasados — disse Braga, que participou nesta terça-feira do lançamento ao mar do primeiro navio dos quatro, batizado de BS Itamaracá. Após ser lançada ao mar, a embarcação levará ainda de oito meses a um ano para receber os acabamentos e entrar em operação.

— Hoje nós temos multas substanciais já correndo com a Petrobras — destacou Braga.

Ele afirmou que a Brasil Supply estuda a transferência da encomenda para outro estaleiro brasileiro, se as negociações com o Eisa, que está em processo de reestruturação, não forem favoráveis à companhia. O executivo não revelou o investimento para a construção dos quatro navios, mas essas unidades fazem parte de uma carteira de 17 embarcações contratadas com a Petrobras, no valor total de cerca de R$ 700 milhões. Os 13 demais navios estão sendo construídos pelo estaleiro Arpoador, em Guarujá, São Paulo.

Cerca de 80% do investimento de R$ 700 milhões da Brasil Supply foram financiados com recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM), e o restante, com recursos próprios.

Casco do futuro NaPa Mangaratiba

ORIGEM DOS PROBLEMAS

O presidente do estaleiro, Josuan Moares Junior, também presente à cerimônia, afirmou que a crise do estaleiro surgiu depois que a venezuelana PDVSA desistiu de uma carteira de 10 petroleiros contratada com o Eisa, para serem entregues entre 2010 e 2015. Moares Junior explicou que o estaleiro conseguiu um empréstimo com um fundo estrangeiro de US$ 120 milhões para colocar as operações em ordem novamente.

Segundo o executivo, a primeira parcela, de U$ 40 milhões foi aportada há cerca de 30 dias para colocar em dia valores devidos da folha salarial e também para renegociar volumes devidos como impostos e fornecedores.

Já a segunda parcela, de US$ 80 milhões, prevista para entrar neste mês, será empenhada para a realização de expansões e melhorias para o incremento da produtividade da unidade. Com isso, Moraes Junior, que deixa a presidência do estaleiro nesta terça-feira, afirmou que a reestruturação do Eisa está equacionada.

O novo presidente do estaleiro será o Diogo Salgado, que foi gerente de projetos da plataforma Ilha Bela, construída no estaleiro Brasa e entregue este ano para a Petrobras. O estaleiro, segundo Moraes Junior, está sobrecontratado com uma carteira total de US$ 1 bilhão.

Braga disse ainda que a Brasil Supply está prospectando armadores estrangeiros para a compra de até dez embarcações para arrendá-las à Petrobras.

Cronograma de entrega do estaleiro EISA para a MB

NOTA DO EDITOR: Muito se fala das encomendas da Petrobrás, porém, a encomenda feita pela Marinha do Brasil ao EISA nunca é mencionada pela mídia em geral. 2 Navios de Patrulha de 500 toneladas, dos 5 encomendados, já eram para ter sido entregues, mas até agora nada. Vejam no quadro acima o cronograma de entrega. Quem vai pagar este prejuízo à MB? Que tipo de compensação a MB terá?  Se é que terá. Infelizmente não temos no Brasil, estaleiros com qualificação para construir navios de guerra. Se um simples navio de patrulha, já é complicado, imaginem uma Fragata. 

FONTE: Reuters

Sair da versão mobile