Forças Armadas não vão lidar com presos, diz ministro

Raul Jungmann, ministro da Defesa, durante coletiva no Palácio do Planalto – Andressa Anholete AFP

Por Eduardo Bresciani

BRASÍLIA — O ministro da Defesa, Raul Jungmann, afirmou que os militares das Forças Armadas não terão contato com os presos durante as vistorias que farão nos presídios estaduais. Segundo ele, os detentos serão deslocados dentro das unidades pelas forcas locais enquanto os militares farão as inspeções nas instalações.

“As Forças Armadas não vão lidar com os presos. Esse papel será da polícia e dos agentes” disse Jungmann durante visita ao VI Comando da Aeronáutica.

Segundo ele, os governadores deverão solicitar o apoio e o presidente editará um decreto para uso das Forças. As varreduras, porém, serão feitas de “surpresa”, de acordo com Jungmann.

O ministro da Defesa afirmou que as chacinas que têm ocorrido nos presídios já extrapolaram a questão de segurança pública e afirmou que as medidas em andamento são para evitar que o crime “vença”.

“O desafio que a criminalidade vem fazendo já extrapola, no meu modo de entender, a questão de segurança pública, passando a ser exatamente um desafio às instituições e, nesse caso, está se tornando desafio à segurança nacional. Por isso o presidente Temer está tomando essa e tomará outras medidas. De forma alguma podemos permitir que o crime vença, o crime não vencerá”, afirmou.

Jungmann disse ser uma intenção do governo evitar que a crise no sistema penitenciário vá para as ruas do país.

“Evidentemente, que nós precisamos utilizar a força do estado e a força do estado em termos nacionais, para que essa espiral de violência venha a ser contida e também a articulação que é feita dentro do sistema prisional, do sistema carcerário brasileiro, não se espraie pelas cidades levando temor e medo”, disse.

Afirmou também que os presídios se transformaram em “escritórios” do crime organizado:

“Os presídios hoje são autênticos escritórios de trabalho do crime organizado, que se nacionalizou, crime esse que vem saindo da esfera da segurança pública para um desafio às instituições. E isso não é e nem será tolerado.”

Segundo o ministro, um decreto do presidente Temer autorizando o uso das Forças Armadas a fazer as varreduras será publicado no Diário Oficial já nesta quarta-feira. A partir daí, os governadores terão de fazer as solicitações e um novo decreto específico para a atuação em cada estado terá que ser editado. As missões serão para “garantia da lei e da ordem” e serão comandas pelas Forças Armadas, que definirão como e quando serão realizadas as varreduras.

A intenção é que as forças estaduais isolem os presos em algum local, como no pátio das penitenciárias, enquanto os militares fazem as varreduras nas celas, nos locais de uso comum e nas áreas administrativas dos presídios. Jungmann ressaltou que caberá, depois, aos governos estaduais manter os presídios “limpos” depois.

“Não será feito de uma só vez, será feito em um estado, depois em outro. Nós vamos utilizar a informação, a inteligência e vamos agir de forma a não permitir a previsão. Vamos agir de forma surpresa. Sempre lembrando que, entre uma e outra vistoria, faço questão de chamar a atenção para isso, a responsabilidade para que estes presídios permaneçam inteiramente limpos é dos governos estaduais”, afirmou.

O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Nivaldo Rossato, que acompanhava o ministro no evento, afirmou que as Forças Armadas já tinham discutido internamente a possibilidade desta atuação e concordou com a avaliação de que a questão dos presídios virou um caso de segurança nacional.

“Certamente, como o ministro disse, isso se tornou situação de segurança nacional, não mais apenas de segurança pública. O nível a que chegou o crime organizado afeta o Brasil como um todo”, afirmou.

FONTE: O Globo

Sair da versão mobile