Gripen M: Saab continua aprimorando projeto da versão naval do Gripen

A Saab continua aprimorando o design de seu caça Gripen Maritime (inicialmente chamado de Sea Gripen) para uso embarcado em porta-aviões, com vistas para a possibilidade em oferecer, a longo prazo, a versão naval para o Brasil e a Índia.



Tendo como base o Gripen E, em desenvolvimento, o modelo seria capaz de operar a partir de porta-aviões STOBAR (Short-Take-Off But Arrested Recovery) ou CATOBAR (Catapult-Assisted Take-Off But with Arrested Recovery).

“Temos um projeto totalmente certificado e assinado pela administração da Saab para a versão marítima do Gripen”, disse Tony Ogilvy, diretor de marketing do Gripen M. “Está em nosso portfólio, mas é apenas um projeto. Nós não temos como passar para um próximo passo crítico, sem um cliente para isso”.

Tony Ogilvy tem a sua história na aviação naval embarcada em porta-aviões, servindo por 30 anos na Royal Navy como piloto de Buccaneer (12 anos) e Sea Harrier (6 anos), realizando diversas missões em vários porta-aviões. Ele afirma que a abordagem de engenharia de sistemas baseada no modelo da Saab oferece um “nível muito alto de fidelidade” e caso se obtenha um cliente para o Gripen M, vai resultar em um demonstrador de conceito que funcionará bem na primeira vez.

Para ajudar a aprimorar o seu design, a Saab consultou duas empresas do Reino Unido, a MacTaggart Scott, que é especialista em gancho de parada, e a Rolls-Royce Marine, que tem experiência em catapultas.

“Estamos trabalhando com as duas empresas, para analisararmos o melhor caminho para aprimorar as características de lançamento e recolhimento, visando nos dar o máximo em ambas as direções, para que possamos decolar com carga máxima e pousar com segurança”, disse Ogilvy.

Além de encontrar um primeiro cliente, outro desafio é o peso. O atual design do Gripen M é 500kg (1.100 libras) mais pesado que o do modelo básico do Gripen E, que segundo a Saab, vazio é de 8 toneladas.

“Estamos procurando formas de reduzir esse peso”, disse Ogilvy. “Esperamos em mais de 300 kg”.

O peso extra decorre do fortalecimento em torno do centro de gravidade do caça, onde a estrutura será submetida a altos níveis de esforços durante as catapultagens e os pousos enganchados. A estrutura do trem de pouso do nariz caça também foi reforçada.

O Gripen M será alimentado por um único motor GE Aviation F414, e seria mais leve que de outros caças ocidentais capazes de operarem em porta-aviões. O Dassault Rafale, com dois motores Safran M88, tem um peso vazio de pouco mais de 10t, enquanto que o Boeing F/A-18E/F Super Hornet, usando dois F414, é de 14,5t. O Lockheed Martin F-35B começa em 14,7t, enquanto que a versão “C”, tem um peso vazio de 15,7t.

Gripen M no elevador de vante da maquete do NAe São Paulo durante a LAAD

“O tamanho do Gripen é parecido com o do Sea Harrier”, disse Ogilvy. “Ele não é muito grande e serve em todos os porta-aviões em serviço atualmente. Este é um ponto muito importante, e podem não pensar nisso”. Ogilvy ainda acrescenta que o Gripen M poderia fazer isso sem precisar ter asas dobráveis.

Nas características de manuseio da aeronave, Ogilvy observa que o projeto original do Gripen foi pensado para pousos nas estradas suecas. O pouso em um porta-aviões envolve uma aproximação com baixo flare e com um ângulo de ataque relativamente alto, disse ele.

Na foto acima, o Gripen D pilotado pelo CC Sobral, simula a aproximação para pouso a bordo do NAe São Paulo, durante o voo para matéria do DAN em Linköping.

“O trem de pouso (do Gripen M) é um pouco mais longo e um pouco maior”, disse ele. “Fora isso, e o gancho de parada, é exatamente a mesma aeronave. Ele fará exatamente o mesmo trabalho (como o Gripen E) em cada missão. Quando a aeronave não estiver embarcada, poderá fazer parte de frota do Gripen em terra.

Tendo em vista que a Suécia não tem planos para possuir um porta-aviões, os dois potenciais mercados para o Gripen M são o Brasil e a Índia.

A Força Aérea Brasileira encomendou 28 Gripen E (Monoplace) e 8 da versão F (Biplace), que será desenvolvido com a Embraer. Os novos caças serão entregues entre 2019 e 2024, incluindo oito monopostos e sete bipostos fabricados no Brasil.

A Marinha Brasileira também está interessada em substituir seu porta-aviões São Paulo, embora este requisito ainda não tenha sido totalmente definido. Se os planos do Brasil para um novo porta-aviões ganhar força, isso proporcionaria uma oportunidade para o Gripen M.

Na Índia, a Saab, a Boeing e a Dassault responderam a um RFI para 57 caças embarcados em porta-aviões. A Índia tem um navio configurado com STOBAR, operando com caças MiG-29K, e tem planos para um navio adicional. A longo prazo, tem planos para um porta-aviões CATOBAR, podendo ser equipado com o sistema de carapulta eletromagnética da General Atomics, ao invés das catapultas a vapor convencionais.

Nova Deli também manifestou interesse em obter um número não especificado de caças monomotores para substituirem os MiG-21 e MiG-27 da força aérea, tendo o Gripen E e o F-16V, da Lockheed, como candidatos. Recentes relatos da mídia indiana sugeriram que a concorrência do caça leve poderia ser abandonada, embora não tenha havido confirmação oficial.

Independente disso, espera-se que um RFP para aquisição de aeronaves de combate embarcadas em porta-aviões seja emitido em meados deste ano. “Não temos ilusões quanto aos desafios que enfrentamos, mas estamos muito confiantes de que o nosso projeto atende as mais rígidas exigências das operações STOBAR e CATOBAR”, disse Ogilvy.

FONTE: FlightGlobal

FOTOS: Ilustrativas

TRADUÇÃO e ADAPTAÇÃO : DAN



 

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