Portugal cogita hipótese de substituir Hércules pelo KC-390, e usá-lo também contra incêndios

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Por Guilherme Wiltgen

Em artigo publicado em 17 de setembro deste ano, o jornal português Público entrevistou o Primeiro-Ministro sobre a possibilidade de compra de novos helicópteros e aviões para combate a incêndios.

Abaixo, transcrevemos a parte da matéria que aborda a hipótese de substituição das aeronaves C-130 Hércules pelo KC-390 da Embraer, que possui participação de Portugal, e se ele poderia ser configurado para combate a incêndios:

Nessas compras também está o substituto do C-130?

Temos de os substituir. A questão torna-se mais premente depois do que tragicamente aconteceu a 11 de Julho (acidente do Montijo): perdemos três militares e um C-130. São processos de encomenda com prazos bastante alargados e era inaceitável que os C-130 continuassem a voar nas condições em que estavam, não por questões de segurança, mas por não respeitarem os novos standards da NATO.

A hipótese de substituição é a dos KC-390?

Uma hipótese forte, com certeza, é a do KC-390, avião brasileiro da Embraer com uma incorporação tecnológica nacional relevantíssima. Foi um projeto iniciado há seis anos, nasce de um acordo entre o Estado português e a Embraer, na qual esta se comprometia a investir e a criar empregos, com tradução nas atuais instalações de Évora e na robustez que hoje têm as OMGA (Indústria Aeronáutica de Portugal, SA). Em contrapartida, o Estado português financiava a investigação aeronáutica para o desenvolvimento do modelo. Foi desenvolvido um avião (KC390) com uma incorporação nacional de 56%, com uma produção muito significativa da fuselagem externa superior a 50% e com a criação de um cluster aeronáutico que Portugal não tinha, numa área tecnológica de concorrência feroz.

O KC-390 é adaptável na luta contra incêndios?

Perfeitamente adaptável, pela montagem de um sistema de captação de águas por abastecimento através de cisterna.

O Governo Zapatero criou a Unidade Militar de Emergência, para combater incêndios e acudir a calamidades naturais. É um exemplo a seguir?

Há que ir por capítulos. A presença das Forças Armadas na vigilância e rescaldo, que não substitui nem é ofensiva (para outros corpos), é importante. Este ano, a previsão de pelotões que podiam ser ativados foi superada, com 39 pelotões de 20 homens, num total de 780, em rotação, o que significa vários milhares de militares envolvidos. No ano passado, o máximo de pelotões foi 15. Foram canceladas licenças de férias e cerimônias, com um tempo de empenhamento de cada soldado na fase mais crítica de 72 horas consecutivas. Ao ponto de termos estado no limite do equipamento de que eram dotados. Fomos até ao limite sem violar as regras de segurança. O pedido de ajuda do Ministério da Administração Interna foi facilitado em dois dias.

FONTE: Público
IMAGEM: Embraer

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