Turquia com S-400, sem F-35?

F-35B BF-24 decola de Ewards, CA

Há muitas indicações de que a cerimônia de transferência da Turquia para os dois primeiros aviões F-35A, prevista para 21 de junho, não será realizada. Até agora, isso não vai mudar muito no estado atual, porque os aviões deveriam permanecer nos EUA para o treinamento inicial dos pilotos turcos.



Em 19 junho de 2018, o Senado dos EUA aprovou por larga vantagem de votos (85 a 10) a sua variante do orçamento de defesa dos Estados Unidos para o exercício de 2019. O documento não se aplica apenas ao financiamento (a versão do ato do Senado custará cerca de 716 bilhões de dólares norte-americanos, incluindo 639 bilhões para as despesas básicas, e para operações no exterior), mas também há outras decisões importantes. Um deles trata da exclusão da Turquia do programa para construir o F-35 e a suspensão das entregas destas aeronaves em conexão com a compra por Ancara de sistemas S-400 (uma outra razão é a prisão do pastor americano Andrew Brunson por acusações de terrorismo).

A Lei de Autorização de Defesa Nacional (NDAA) deve agora ser acordada com o projeto da Câmara dos Representantes (Deputados). Tudo indica que pode ser aprovada até o final do verão. Ambas as câmaras são agora controladas pelos republicanos, por isso não deve haver problemas em manter a decisão.

Israel é a força por trás da negativa em suprir os F-35 para a Turquia. As autoridades de Tel-Aviv estimam que a Turquia, depois de armar suas forças com sistemas S-400 e aviões F-35, se tornaria forte demais. Israelenses apontam que a aproximação progressiva da Ancara com Moscou pode levar a uma estreita cooperação tecnológica, e, assim, ameaçar uma transferência da tecnologia do sistema F-35 para o Kremlin.

Sistema S-400 russo

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, está buscando abertamente essa cooperação. Ele propôs a Rússia uma aliança para a produção da próxima geração de sistemas de defesa, o S-500. No caso do S-400, essa cooperação já foi acordada na segunda e terceira etapas da implementação do contrato. Erdogan lembrou que os sistemas antiaéreos russos, incluindo o S-300, já são operados pela Grécia. E não leva as críticas em consideração, exaltando a compra como uma decisão soberana da Turquia.

Vale a pena notar que a Turquia (bem diferente da Polônia), ao comprar equipamentos militares estrangeiros, requer vigorosos benefícios econômicos (offsets) e o acesso a tecnologias-chave. Um exemplo pode ser visto com o F-16, a Turquia é o único país da OTAN (e fora dos fabricantes) que tem acesso ao código-fonte, o que permite a reparo e a modernização (no caso do F-16 polonês, até mesmo pequenos reparos são realizados nos EUA, e sobre a modernização então, não há maneira alguma de ser executada). Como resultado, Ancara construiu nos últimos anos, uma forte indústria aeroespacial e de defesa e tem desenvolvido uma série de produtos de alta tecnologia e valor agregado, incluindo mísseis de cruzeiro e sistemas de combate.

TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: Junker

FONTE: Altair


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