10 de Junho: Dia da Arma de Artilharia

O Exército Brasileiro comemora, no dia 10 de junho, data do nascimento do Marechal Emílio Luiz Mallet, o Barão de Itapevi, o Dia da Arma de Artilharia.

O Marechal Mallet, filho de Jean Antoine Mallet e de Julie Marie Joseph Denys de Montfort, nasceu em 1801, na cidade de Dunquerque, na França. Emigrou com sua família para o Brasil aos 17 anos de idade e, em 13 de novembro de 1822, assentou praça como 1º cadete, privilégio de brasileiros, na Brigada de Artilharia a Cavalo da Corte. Com esse ato, adquiriu a nacionalidade brasileira, confirmando-a após jurar a Constituição do Império. Em setembro de 1827, na Batalha do Passo do Rosário, quando comandava uma bateria a duas peças, recebeu seu batismo de fogo. Tal foi a sua atuação, destemida, disciplinada e enérgica, que o então 1º Tenente Mallet foi
promovido ao posto de capitão no campo de batalha.

Tendo lutado bravamente na Guerra contra Oribe e Rosas (1851-52) e na Guerra contra Aguirre (1864), foi na Campanha da Tríplice Aliança (1865-70), no comando do 1º Regimento de Artilharia a Cavalo, que mostrou as qualidades de líder inconteste. A Artilharia de Mallet em Tuiuti, Lomas Valentinas, Peribebuí e Campo Grande levou o inimigo a reconhecer o valor do soldado brasileiro.

Em Tuiuti, suas bocas-de-fogo foram nomeadas como “Artilharia Revólver”, devido à precisão e rapidez de seus fogos na maior batalha campal da América do Sul. A construção de um fosso profundo para a proteção de suas peças tornou-se um marco de seu preparo para a guerra, feito que eternizou a célebre frase na história militar brasileira: “Eles que venham! Por aqui não passam!”. Sua figura alta e vigorosa transformou-se, ao longo dos vários conflitos de que participou, em um paradigma para todos aqueles que escolheram servir à Pátria na Arma de Artilharia.

Finda a campanha, ascendeu, por mérito, ao posto de brigadeiro. Em 1878, foi-lhe conferido o título de Barão de Itapevi pelo Governo Imperial. Em 1885, ascendeu ao posto de marechal de exército. O Exército Brasileiro, enfim, como justo reconhecimento, o consagrou patrono da Arma de Artilharia, por meio do Decreto nº 21.196, de 23 de março de 1932.

A história da Artilharia pode ser dividida em três grandes períodos: o da Artilharia mecânica, que vai da pré-história até o fim da Idade Média, constituída por engenhos que impulsionam os projéteis pela força elástica produzida pela torção ou flexão de cordas, ou por outro sistema mecânico, como o de contrapeso; o da Artilharia de fogo, que vai do fim da Idade Média até a Segunda Guerra Mundial, sendo constituída por engenhos que impulsionam os projéteis pela explosão da pólvora; e o período dos mísseis, que vai da eclosão da Segunda Guerra até os dias atuais.

No combate moderno, rapidez, precisão e letalidade são características que tornam a Artilharia uma arma fundamental para uma Força Terrestre potente. No Exército Brasileiro, sua missão é apoiar a Força pelo fogo, engajando os alvos que ameacem o êxito da operação militar, inclusive com emprego dual na defesa do litoral.

À época da Segunda Guerra Mundial, a Artilharia provou novamente seu valor nos campos de batalha. Representada pela Artilharia Divisionária da Força Expedicionária Brasileira (FEB), atualmente Artilharia Divisionária da 1ª Divisão de Exército, ficou conhecida pela precisão e rapidez de seus fogos e foi um fator importante na conquista de Monte Castelo e de Montese. Nas palavras do Comandante da FEB, Marechal Mascarenhas de Moraes, os artilheiros brasileiros “elevaram bem alto as nobres tradições da Artilharia de Mallet”.

A Artilharia de Campanha é o principal meio de apoio de fogo da Força Terrestre. Suas unidades e subunidades podem ser dotadas de morteiros, obuseiros e lançadores de mísseis, e foguetes. Participa da função de combate fogos, apoiando o movimento e a manobra. Com a VBC OAP M 109 A5+ BR, a mais nova aquisição tecnológica da Força Terrestre, e com o moderno Sistema Astros II de saturação de fogos, vem ampliando sua capacidade de fogos de aprofundamento do combate.

Já a Artilharia Antiaérea, equipada basicamente com canhões e mísseis, responsabiliza-se pela defesa de pontos sensíveis e estratégicos contra as ameaças aéreas inimigas.

A Artilharia também possui uma gama de atividades e materiais voltados à busca de alvos, ao levantamento topográfico, à observação e à direção de tiro, processos que demandam o constante aperfeiçoamento profissional e que são fundamentais para a eficácia na aplicação dos fogos.

A presença dos projetos Astros 2020 e de Defesa Antiaérea, entre os Projetos Estratégicos do Exército Brasileiro, demonstra a importância do sistema operacional de apoio ao combate no aprimoramento da Força Terrestre e no aumento de sua capacidade de dissuasão.

Artilheiros do Brasil, na data em que reverenciamos o seu patrono, que a coragem, a bravura, a perseverança, a disciplina, a lealdade, o patriotismo, o devotamento e a abnegação sejam os atributos norteadores dos seus espíritos. Mantenham vivas as tradições da arma dos fogos densos, largos e profundos, e carreguem em suas almas a certeza de que:

A Artilharia é a “Ultima ratio regis”.

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