Exército Brasileiro participa de competição de patrulhas entre nações parceiras

Por Andréa Barretto

O Exército do Chile comemorou no 7 de junho o 138º aniversário do assalto e tomada do morro de Arica com uma competição internacional. Militares chilenos, brasileiros e argentinos participaram da Competição Internacional de Patrulha em 31 de maio–3 de junho de 2018. Essa foi a primeira vez que as nações parceiras foram convidadas a enfrentar o desafio chileno de executar patrulha em meio ao deserto do Atacama.

Seis equipes chilenas, uma equipe de patrulha do Exército Argentino e uma equipe de patrulha do Exército Brasileiro (EB), ambas com nove militares, participaram da competição, organizada pelo Comando de Operações Terrestres do Exército do Chile, enquanto a parte operacional coube à 1ª Brigada Acorazada Coraceros. Todas as atividades foram executadas no campo de instrução e treinamento Pampa Chaca em Arica, região no extremo norte do Chile.



A missão consistiu em percorrer 80 quilômetros em terreno desértico, tendo que cumprir diferentes provas no prazo máximo de 48 horas: prestação de primeiros-socorros, tiros de combate, reconhecimento de objetivos, orientação diurna e noturna, entre outras. Durante a competição, foram avaliados quesitos como destreza militar, liderança e capacidade física dos patrulheiros, de acordo com os padrões militares internacionais da Organização do Tratado do Atlântico Norte. Cada prova cumprida pelas equipes recebeu uma pontuação compatível com o desempenho e nível de êxito alcançado.

“Os principais aspectos que exigiram nossa atenção e cuidado foram o controle da hidratação, pois não houve reabastecimento de água no primeiro dia, bem como a orientação da patrulha, porque o ambiente não tinha pontos de referência”, contou o 2º Tenente do EB João Gabriel dos Santos Freitas, da 12ª Brigada de Infantaria Leve. O terreno arenoso e a longa distância da caminhada também foram pontos desafiadores para o Terceiro-Sargento do EB Geovane Miguel dos Santos, outro integrante da equipe. Cada militar conduziu cerca de 8 litros de água para a missão. O peso dessa carga se somava ao da mochila individual dos participantes que, conforme as regras da competição, deveria ser de aproximadamente 35 quilos.

O grupo de militares da VI Divisão do Exército do Chile, no topo do Morro Arica, ponto final da competição, foi o que obteve a maior pontuação. (Foto: Exército do Chile)

Entre os equipamentos obrigatórios carregados pelos militares ainda havia um fuzil de assalto, com peso de 3 kg, e utensílios de comunicação e localização como bússola, binóculos e rádio. O uso de GPS era proibido.

Para valer

As oito equipes que participaram do desafio chileno tiveram de percorrer 80 quilômetros no terreno arenoso do deserto do Atacama, com mochilas com 35 quilos e sem uso de GPS. (Foto: Exército do Chile)

As patrulhas do Chile, do Brasil e da Argentina se reuniram preliminarmente no campo militar da 1ª Brigada Acorazada Coraceros do Exército do Chile, na cidade de Arica, onde passaram por um breve treinamento, a fim de nivelar o conhecimento das equipes. Esse foi um dos poucos momentos em que os representantes dos diferentes destacamentos tiveram contato. Com o início da competição, em 1º de junho, cada grupo seguiu sozinho.

A ordem de saída para a área de operação foi sorteada, começando por dois destacamentos do Chile e o destacamento da Argentina. Em seguida, as outras equipes foram sendo liberadas. Ao chegarem ao vilarejo de Caleta Vítor, cada grupo foi transportado de helicóptero de volta à cidade de Arica, para cumprir a última fase da competição: fazer uma marcha a pé até o topo do Morro Arica, ponto final do desafio. As provas foram encerradas em 3 de junho, com o melhor desempenho para a VI Divisão do Exército do Chile.

“A competição premiou as equipes conforme os pontos que alcançavam dentro das atividades. Ficamos na terceira faixa de premiação, de 60 a 75 pontos, conquistando a Medalha de Participação. Nenhuma equipe alcançou mais de 85 pontos, que levava a ganhar a medalha principal”, explicou o 3º Sgt Geovane.

As oito equipes que participaram do desafio chileno tiveram de percorrer 80 quilômetros no terreno arenoso do deserto do Atacama, com mochilas com 35 quilos e sem uso de GPS. (Foto: Exército do Chile)

Por sua parte, o 2º Ten Freitas lembrou que a patrulha brasileira seguiu por 27 horas de caminhada, inclusive à noite. Nesse período, de total privação de sono, os militares realizavam paradas de 15 minutos de descanso a cada 5 km. “Avalio que o nosso grupo se saiu muito bem. Com as experiências colhidas nesse nosso primeiro ano, teremos melhores condições de preparo para as próximas competições”, afirmou.

Preparação

No EB, a seleção para a participação na Competição Internacional de Patrulhas ocorreu entre militares de organizações subordinadas à 12ª Brigada de Infantaria Leve. Os candidatos foram testados em situações parecidas com as que vivenciariam na competição no Chile. Tiveram de cumprir marcha de longa distância, provas em pista de obstáculo, além de provas de tiro, orientação e natação.

Os nove selecionados passaram, em seguida, por treinamento com duração de 12 semanas, com o objetivo de desenvolver capacidades físicas e psicológicas de cada militar, seguindo orientações repassadas pelo Exército do Chile a todas as equipes. “Esse foi um momento de muito aprendizado, porque foi um momento de busca de aperfeiçoamento, mirando colocar o Exército Brasileiro em posição de destaque junto às nações amigas”, destacou o 3º Sgt Geovane. A realização de patrulhas de combate e de reconhecimento estão entre as principais atividades realizadas pela 12ª Brigada de Infantaria Leve, sediada em São Paulo e com atuação em todo o Brasil.

FONTE: Diálogo Américas


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