Exército Sul dos Estados Unidos marca presença no Brasil

Encontros com autoridades militares do Exército brasileiro e reunião de membros da Conferência dos Exércitos Americanos trazem o General-de-Brigada do Exército dos EUA Clarence K.K. Chinn, comandante do Exército Sul dos EUA, ao Brasil.

Da esquerda para a direita, o General-de-Divisão Walter Souza Braga Netto, o General-de-Divisão William Georges Felippe Abrahão e o General-de-Brigada Clarence K.K. Chinn.

Por Andréa Barretto

No intervalo de um mês, o General-de-Brigada do Exército dos EUA Clarence K.K. Chinn, comandante do Exército Sul dos Estados Unidos, esteve no Brasil duas vezes. Na ocasião mais recente, o que o trouxe ao país foi a Conferência Especializada em Operações Interagências, que aconteceu em Salvador, capital do estado da Bahia, entre 10 e 13 de abril.

O evento fez parte da série de atividades de 2017 realizadas pela Conferência dos Exércitos Americanos (CEA), da qual o Gen Brig Chinn é o secretário geral. O organismo reúne 20 exércitos parceiros e promove encontros e exercícios a cada dois anos com o objetivo de analisar, debater e facilitar o intercâmbio de ideias sobre matérias de defesa, tendo em vista aumentar a colaboração e a integração entre os países membros.

Com o tema “Operações interagências e os sistemas de monitoramento de fronteira”, a reunião em Salvador foi liderada pelo Exército Brasileiro (EB) e contou com a presença de representantes de 14 nações. Na oportunidade, os militares do Brasil falaram sobre a experiência do trabalho das Forças Armadas em parceria com organismos governamentais e não governamentais durante grandes eventos como os Jogos Olímpicos de 2016, além de apresentarem os esforços do EB direcionados à defesa das fronteiras.

“Não há nenhuma situação que uma força do exército possa resolver sozinha. Temos que trabalhar com civis e com outras agências para resolver o problema. Esse é o grande aprendizado da nossa experiência no Brasil”, disse, durante o encontro, o General-de-Divisão William Georges Felippe Abrahão, o 5º subchefe do Estado-Maior do EB, que presidiu a Conferência Especializada em Operações Interagências.

No evento, os delegados tiveram ainda a oportunidade de compartilhar conhecimentos em grupos de trabalho sobre planejamento em nível operacional, treinamento e questões ambientais. Diversas outras atividades estão no calendário da CEA para 2017.

Medalha e encontros

Em março, o Gen Brig Chinn já tinha passado alguns dias no Brasil quando foi condecorado com a medalha da Ordem do Mérito Militar. A honraria, criada em 1934, é concedida a brasileiros e estrangeiros que tenham prestado relevantes serviços ao EB ou ao Brasil em geral, ou ainda que tenham desempenhado papel notável no desenvolvimento das relações entre o EB e o exército de outra nação.

A entrega da medalha ao militar norte-americano aconteceu no Forte Caxias, o quartel-general do EB em Brasília. “Foi uma enorme honra e uma dessas memórias que vou levar comigo para o resto da vida. O significado dessa honraria me é muito caro, pois sei que a lista de agraciados dos EUA é curta e inclui figuras notáveis como o presidente Dwight D. Eisenhower e o General Raymond T. Odierno, o 38º chefe do Estado-Maior do Exército”, comentou o Gen Brig Chinn.

“Essa é a medalha mais alta do Exército Brasileiro, e recebê-la em nome do Exército dos EUA representa a força do nosso relacionamento. Ela simboliza os indivíduos dedicados e esforçados dentro de nossos respectivos exércitos que vêm trabalhando para fortalecer os laços entre nossas instituições para tornar nosso hemisfério mais seguro,” destacou.

Durante a passagem pela capital brasileira, o Gen Brig Chinn teve a oportunidade de dialogar com o General-de-Exército Eduardo Dias da Costa Villas Bôas, comandante do EB, e com outras autoridades como o General-de-Exército Paulo Humberto Cesar de Oliveira, comandante de Operações Terrestres, e o General-de-Exército Guilherme Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, comandante do Comando Logístico (COLOG).

A pauta das conversas incluiu temas como o fim da missão de paz no Haiti e o papel do Brasil no Panamax 2017, treinamento multinacional patrocinado pelo Comando Sul dos Estados Unidos. Com a participação de representantes das três forças armadas de dezenas de países do continente americano, a atividade terá, neste ano, o Brasil no comando do componente das forças conjuntas combinadas terrestres.

O exercício multinacional AmazonLog também foi foco de atenção. Criado pelo EB, será executado pela primeira vez em novembro. A iniciativa pretende trazer as forças armadas de mais de 10 nações, incluindo os Estados Unidos, para a tríplice fronteira do Brasil com a Colômbia e o Peru. “Os norte-americanos participarão com quatro oficiais observadores”, contou o Gen Ex Theophilo.

“Encontros com comandantes de outras forças armadas amigas fazem parte dos procedimentos de protocolo entre as nações”, explicou o Gen Ex Theophilo. “A reunião com o Gen Brig Chinn estava dentro dessa programação, quando são realizadas trocas de experiências militares e discutidos assuntos estratégicos de interesse de ambos os países”.

Segundo o Gen Ex Theophilo, um dos assuntos estratégicos em questão com o Gen Brig Chinn foi a possível aquisição de aeronaves de asa fixa pelo EB. Desde o 2016, o COLOG estuda a ideia de comprar um lote piloto de quatro aviões C-23B Sherpa, disponibilizados para venda pelos Estados Unidos.

Aprendizado na Selva

Na sua visita ao Brasil em março, o Gen Brig Chinn conheceu também o Comando Militar da Amazônia (CMA), com sede em Manaus. Em companhia do General-de-Exército Geraldo Antônio Miotto, comandante da unidade, o Gen Brig Chinn e sua comitiva participaram de uma apresentação sobre o trabalho do EB na região amazônica e sobre o Sistema Integrado de Monitoramento das Fronteiras.

Eles fizeram ainda uma visita ao Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS). “Por meio do CIGS, temos grande potencial de intercâmbio com o Exército norte-americano”, afirmou o Gen Ex Miotto, indo ao encontro do interesse do Gen Ex Chinn, que disse esperar aprofundar o intercâmbio entre o centro de treinamento brasileiro e a escola de treinamento de operações na selva do Exército dos EUA, baseada no Havaí.

“Os exércitos do Brasil e dos EUA esperam aprofundar ainda mais o relacionamento entre a escola de selva do Exército dos EUA e o Centro de Instrução de Guerra de Selva do Comando Militar da Amazônia através do aumento de alunos americanos que participam dos cursos brasileiros e de um possível intercâmbio em 2018 que teria uma companhia de nossa escola de selva visitando a escola brasileira”, apontou o Gen Ex Chinn.

FONTE e FOTO: Diálogo

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