Por que os Estados Unidos devem usar forças de operações especiais para combater o Estado Islâmico (ISIS)

SOF

Por Tenente-Coronel Rocco Vergara Lancellotti*

As Forças de Operações Especiais (SOF, na sigla em inglês) do Exército dos Estados Unidos chegaram ao Iraque para executar operações contra o Estado Islâmico (ISIS) como parte de um esforço mais coordenado e efetivo de combate à organização terrorista. As forças especiais também estão presentes na Síria, onde obtêm inteligência, prestam tarefas de assistência militar às forças curdas e conduzem operações contra alvos importantes.

Uma das estratégias iniciais elaboradas pelo presidente dos EUA, Barack Obama, para enfrentar a ameaça do ISIS foi uma série de ataques aéreos contra alvos específicos para destruir enclaves jihadistas. Mas, à luz dos acontecimentos, as autoridades militares enviaram as SOF para atingir certos objetivos que por natureza só podem ser alcançados com o uso dessas unidades.

Além disso, os EUA pediram abertamente a outros países que enviem forças de operações especiais para se juntar à luta contra o ISIS, incluindo aliados tradicionais dos EUA como Reino Unido e Austrália. O Secretário de Defesa dos EUA, Ashton Carter, confirmou. “Pedimos a países da região que assumam um papel mais ativo na campanha militar contra o terrorismo islâmico.”

Entre os países da região com forças de operações especiais que treinaram com seus pares norte-americanos, estão a Jordânia, os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita. Nesse contexto, fica evidente a plena vigência do famoso e velho aforismo norte-americano “boots on the ground” [botas no solo, na tradução literal], já que a presença e a mobilização de forças terrestres é necessária para a conquista e a ocupação de um território consolidado como resultado de uma operação militar.

A partir desses fatos, é evidente que os EUA devem usar forças de operações especiais para lutar contra o Estado Islâmico. Um elemento essencial da atual política de defesa dos EUA é o uso das SOF, que ganhou maior importância na guerra moderna, sobretudo por causa das capacidades que podem mobilizar, o treinamento rigoroso, a flexibilidade organizacional, os tipos de missões que podem executar, o impacto das ações e as características da nova ameaça onde prevalecem a incerteza e a assimetria.

Por serem capazes de executar ações rápidas e normalmente encobertas com um volume reduzido de unidades, as SOF são especialmente adequadas para a realização de operações militares em resposta a várias ameaças. A multiplicidade de tarefas que podem executar – na guerra e em operações militares fora da guerra – fazem dessas forças um instrumento apropriado para respostas militares rápidas e flexíveis, ao contrário de forças convencionais que podem causar ou agravar a escalada de uma crise.

Também será muito importante para os EUA planejar adequadamente o compromisso das SOF em missões de combate. Isto implica uma avaliação completa e adequada e a consideração dos riscos às próprias forças em virtude da possibilidade de vítimas e maiores dificuldades de recuperação com base no tempo e nos custos envolvidos na substituição. Mas as consequências políticas, estratégicas e operacionais que poderiam decorrer de uma missão malsucedida também devem ser levadas em conta. Portanto, antes de comprometer uma missão potencial, os comandantes e assessores devem fazer um planejamento completo e ponderar qualquer efeito futuro.

É precisamente nesse contexto que surge um dos principais desafios das forças de operações especiais: desenvolver uma força versátil e flexível capaz de combater e derrotar ameaças convencionais em um cenário típico de conflito interestatal e lidar com organizações não estatais, como grupos terroristas e organizações paramilitares, com base na realidade e nas normas de cada país.

Como se vê, os cenários de combate variados e contraditórios que podem ser enfrentados por uma força dessa natureza exigem um conhecimento detalhado sobre suas habilidades – confirmando a importância das forças de operações especiais como um instrumento apropriado de resposta militar em tempos de paz, crise e guerra.

*Tenente Coronel Rocco Vergara Lancellotti é Subdiretor da Academia de Guerra do Exército chileno.

FONTE: Diálogo

FOTOS: Ilustrativas

Sair da versão mobile