1.700 aviões prontos para combate: tudo que você precisa saber sobre Força Aérea chinesa

FC-31 © REUTERS/ Tim Hepher

A Força Aérea da China, bem como sua irmã mais nova, a Força Aérea da Marinha, usam conjuntamente em torno de 1.700 aviões de combate, inclusive os caças multifuncionais e de intercepção, bombardeiros e aeronaves de combate, calculou o jornalista Sébastien Roblin.

Somente os EUA têm mais aviões, isto é, 3.400 unidades em ação. Entretanto, a investigação publicada no portal The National Interest, revela que a China pode ter algumas classes de aeronaves pouco conhecidas no Ocidente.

FC-1/JF-17 ‘Thunder

Aproximadamente 33% de seus aviões de combate são caças de 2ª geração, com valor limitado para o combate com um inimigo moderno, eficazes provavelmente apenas para um ataque em grupo. Outros 28%, que incluem os bombardeiros estratégicos é de 3ª geração. Trata-se dos aviões com capacidades mais avançados, mas também obsoletos.

Outros 38% contam com os caças de 4ª geração, que em teoria podem fazer resistência a alguns aviões da produção americana, como os F-15 e F-16. Finalmente, os caças furtivos não superam 1% do número total.

Caça naval J-15

Grande parte dos aviões disponíveis são “clones” das construções russas ou norte-americanas, assinala Robin. Por isso, não é difícil determinar as capacidades técnicas das aeronaves a partir dos seus originais. A China, na verdade, revela pouco as propriedades técnicas dos seus aviões, mantendo em segredo os dados sobre a maior parte da sua frota.

Não obstante, as capacidades de toda esta aviação “são somente a metade da história”, afirma o investigador. Ao menos a metade da sua eficácia consiste no treinamento, na doutrina organizacional e nos “ativos de apoio a partir dos dados dos seus satélites de reconhecimento, aviões cisterna, radares terrestres e postos de comando aerotransportáveis”.

O autor acredita que a China não está com pressa para substituir seus antigos aviões por outros mais modernos. Segundo Roblin, as principais aquisições estão sendo adiadas até que a indústria de aviação chinesa suavize os defeitos da quarta geração das suas aeronaves e esteja pronta para a produção em série de caças furtivos.

‘Ataque de clones’ adiado por décadas

O design mais antigo disponível datado no ano de 1950, “quando a União Soviética e a China comunista eram as melhores companheiras”. Naquela época, Moscou transferiu muitos tanques e aviões para Pequim, juntamente com toda a tecnologia.

Nanchang Q-5

Uma das primeiras aeronaves fabricadas na China foi a J-6, um clone do MiG-19 supersônico. Pequim construiu milhares desses aviões e quase todos, com algumas exceções, já foram removidos. Quase 150 unidades de sua modificação redesenhada estão em serviço para realizar ataques terrestres, por exemplo, o Nanchang Q-5. Estes já estão equipados com munições de precisão guiadas.

Apesar das dificuldades nas relações russo-chinesas no final da década de 1950, em 1962 a URSS ofereceu mais uma dúzia de novos caças MiG-21 à China como parte de uma iniciativa de reconciliação. Pequim rejeitou a oferta, mas ficou com os protótipos, que foram submetidos à pesquisa de engenharia. Assim, apareceu o Chengdu J-7, mais robusto, mas também mais pesado que o original.

Chengdu J-7

Sua produção começou lentamente “devido ao caos da Revolução Cultural”, mas entre 1978 e 2013 as fábricas chinesas construíram milhares de unidades de diferentes variantes desses caças com a fuselagem em forma de lápis. Cerca de 400 aviões desse tipo ainda fazem parte da aviação naval e terrestre do país.

Em vez de descartar os J-7 com a chegada do novo milênio, a China se dedicou a mantê-los atualizados. Em 2004, a modificação J-7G recebeu um radar Doppler israelense com alcance de 60 quilômetros. Ademais, também foram melhorados seus mísseis e introduzida uma cabine de cristal digital.

Outro clone da era soviética é o Xian H-6, um bombardeiro estratégico de dois motores desenvolvido a partir do Tu-16 da década de 1950.

Xian H-6

Embora este fosse menos capaz que os bombardeiros Boeing B-52 ou Tupolev Tu-95, o H-6K ainda continua relevante porque pode lançar mísseis de cruzeiro pesados de longo alcance contra os alvos navais ou terrestres a distância de até 6.500 quilômetros sem entrar na área da defesa aérea inimiga.

Originalmente, o Xian tinha a missão de transportar as armas nucleares, mas a Força Aérea chinesa parece não estar mais interessada neste papel. Relata-se, ademais, que Pequim estará desenvolvendo um novo bombardeiro estratégico dessa família, o H-20, mas ainda há pouca informação sobre ele.

Inovações domésticas

A China começou a desenvolver as aeronaves com seu próprio design em meados da década de 1960, mas a estreia destes não ocorreu até 1979, quando o avião interceptor supersônico Shenyang J-8 decolou pela primeira vez. Este era capaz de alcançar a velocidade de Mach 2.2, embora lhe faltassem a aviônica moderna e a capacidade de manobra. Hoje em dia, 150 unidades da sua versão modernizada, o J-8II, ainda estão em serviço.

Shenyang J-8

Na opinião do jornalista, este avião representa uma plataforma de armas rápida, mas pesada, algo semelhante ao F-4 Phantom americano. Duzentas aeronaves Xian JH-7, conhecidas como “leopardos voadores”, entraram em serviço em 1992. Eles são potentes bombardeiros navais que podem transportar até 9 toneladas de bombas a uma velocidade máxima de Mach 1,75. Quando estes evitam um verdadeiro combate aéreo, têm uma enorme capacidade destrutiva.

O Chengdu J-10, por outro lado, é um análogo chinês do F-16 Fighting Falcon, caça multifuncional muito manobrável com a aviônica de alta qualidade, o que compensa a instabilidade aerodinâmica da sua fuselagem.

J-10

Atualmente, sua fabricação depende do fornecimento de turbojatos russos AL-31F. Alguns de seus dispositivos são genuinamente modernos, como os sistemas avançados de busca e escolta por raios infravermelhos e um radar AESA da última geração, que nem todos os F-16 possuem.

No entanto, entre as 250 unidades fabricadas, houve muitas envolvidas em acidentes fatais, possivelmente relacionados com alguns problemas no sistema de controle eletrônico.

Solução transcendental

Nos piores momentos para a economia russa, após o colapso da URSS, os chineses apelaram ao seu vizinho do norte para adquirir os mais modernos caças da época, Sukhoi Su-27. A decisão de vender vários deles foi transcendental, diz o autor. Agora, uma família extensa de aeronaves derivadas deste modelo, comparáveis com o F-15 Eagle, “constitui o núcleo da moderna Força Aérea da China”.

Depois de importar o lote inicial dos aviões Su-27, Pequim comprou uma licença para construir sua própria cópia, o Shenyang J-11, e então começou a construir independentemente dois modelos mais avançados, o J-11B e J-11D.

Moscou, por sua vez, ficou irritada com o fato, mas ainda vendeu 76 unidades do caça Su-30 modernizado (designado Flanker na OTAN) para a China. Esses análogos do F-15E Strike Eagle destinados para um ataque naval e terrestre também serviram como inspiração para designers chineses.

JF-16

Assim, eles fizeram seu próprio modelo derivado: o Shenyang J-16 (Red Eagle), que possui um radar AESA, e Shenyang J-15 Flying Shark, um caça adaptado para porta-aviões. Cerca de vinte dessas unidades estão atualmente implantadas no convés do navio chinês Liaoning. Mais tarde, veio também o J-16D, aeronave de contramedidas eletrônicas.

Os derivados chineses dos aviões Sukhoi pertencem, em teoria, à 4ª geração, como os F-15 e os F-16. Sua principal vulnerabilidade é o seu turbopropulsor de produção nacional WS-10, que sofreu problemas de manutenção e não produziu impulso suficiente. A tecnologia do motor a jato ainda hoje é a principal limitação deste avião de combate chinês. Roblin não exclui que Pequim irá comprar novamente turbojatos russos para resolver o problema.

J-20

Em um período de tempo incrivelmente curto, a China desenvolveu dois modelos diferentes de caçadores furtivos. Vinte aeronaves Chengdu J-20 foram encomendadas em 2017. Trata-se de um grande bimotor com velocidade e alcance otimizados, bem como a capacidade de carregar armas pesadas, porém, em detrimento da capacidade de manobra.

Enquanto isso, o Shenyang J-31, que no momento tem apenas dois protótipos construídos, é menor e representa uma remodelação do F-35 com dois motores americanos. Possivelmente, a corporação fabricante usou para a construção os designs “hackeados” dos computadores da empresa Lockheed Martin.

J-31

Os EUA temem, por sua vez, que os designers chineses tenham desenvolvido uma aerodinâmica superior em comparação com seus originais, inclusive as tecnologias que permitem decolar ou aterrissar verticalmente.

O projeto J-31 pode ser usado para porta-aviões do tipo 002 e também como alternativa às exportações do caça F-35 com um preço muito mais baixo.

FONTE: Sputnik

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