4ª Frota – Garantindo união, segurança e estabilidade

O foco estratégico das Forças Navais do Comando Sul dos Estados Unidos/4ᵃ Frota é promover a paz, a segurança e a estabilidade nas regiões do Caribe e nas Américas Central e do Sul.

O Contra-Almirante Sean S. Buck, comandante das Forças Navais do Comando Sul dos EUA, se dirige aos participantes da UNITAS 2016. Foto: 2ºSgto Jacob Sippel/US Navy

Por Geraldine Cook

O Contra-Almirante Sean S. Buck, comandante das Forças Navais do Comando Sul dos EUA/4ª Frota dos EUA (NAVSO, por sua sigla em inglês), tem um compromisso distinto e inabalável com as forças marítimas das nações parceiras das Américas Central, do Sul e do Caribe. Seu objetivo é claro: promover a união e o trabalho com cada uma, como as parceiras marítimas preferenciais na manutenção da segurança e da estabilidade no hemisfério ocidental.

O compromisso do C Alte Buck vai além do seu foco na área de operações do Comando Sul dos EUA (SOUTHCOM, por sua sigla em inglês). Além do trabalho conjunto com as nações parceiras, ele está comprometido a garantir que seus comandados na Flórida estejam 100 por cento prontos a dar o seu melhor, a qualquer momento.

Desde que assumiu o comando das Forças Navais do Comando Sul dos EUA em agosto de 2016, sua missão e responsabilidade, conforme ele mesmo diz, são essenciais para melhorarem a segurança marítima cooperativa.

Diálogo visitou o C Alte Buck na Estação Naval de Mayport, na Flórida, que falou sobre seus esforços militares, engajamentos com as nações parceiras do SOUTHCOM e os desafios regionais em termos de segurança que todos enfrentam.

Diálogo: Qual é o principal foco das Forças Navais do Comando Sul dos EUA com relação à sua área de ação?

Contra-Almirante Sean S. Buck: Nosso foco principal diário é ter certeza de que vamos manter nosso compromisso de segurança com os parceiros em nossa área de ação. É garantir que eles saibam sempre que estamos prontos a nos unir a eles para assim manter toda a nossa região segura e estável. Este foco exige um esforço em equipe. Eu fomento uma mentalidade de equipe para sermos capazes de atingir um alto estado de prontidão e preparo para responder a qualquer tipo de contingência ou crise na nossa área de ação; uma crise que pode afetar negativamente nossos parceiros e/ou possivelmente representar um risco à nossa segurança nacional.

Diálogo: Qual é o foco dos esforços militares do senhor no comando da NAVSO?

C Alte Buck: Eu continuo concentrando-me nos objetivos militares que o Almirante-de-Esquadra Kurt W. Tidd [comandante do SOUTHCOM] atribuiu a todos nós. Esses objetivos suportam os esforços de nossas nações parceiras para aperfeiçoar a execução de seus deveres. Esses quatro objetivos militares chave caracterizam qualquer militar legítimo que busque ganhar a confiança da população a que serve .

O primeiro objetivo é trabalhar em conjunto, ter a habilidade de trabalhar junto às outras Armas em seu país e em conjunto com órgãos governamentais para obter uma resposta governamental integral. O militar americano reconhece a importância de trabalhar em conjunto, e acredito que é um objetivo crítico demonstrar isso aos militares de nossas nações parceiras e organizações governamentais.

A profissionalização dos suboficiais de nossos países amigos da região também é um importante objetivo militar. Temos muito orgulho de como empoderamos nossos suboficiais, dando-lhes responsabilidade, autoridade e o sentido da prestação de contas. Isso é algo que compartilhamos e demonstramos aos nossos parceiros para habilitá-los a ser uma força de combate mais efetiva.

A antiga ordem de seguir os princípios dos direitos humanos é fundamental para militares bem-sucedidos em nossa área de ação. Um militar em missão nunca poderá ganhar a confiança e legitimidade de que precisa da população se houver alguma dúvida com relação ao seu compromisso com os direitos humanos, ou seu desejo de proteger tais direitos.

O quarto objetivo militar que enfatizamos é a integração de sexos; a integração de mulheres em nossos serviços militares, em todas as especialidades das Forças Armadas.

Tenho um ótimo exemplo dessa integração: minha subcomandante, a Contra-Almirante da reserva da Marinha dos EUA, Linda R. Wackerman, que simultaneamente exerce a função de líder naval e aviadora, além de trabalhar como piloto comercial de linhas aéreas. Sua valiosa experiência e profissionalismo são um benefício em nosso comando – estou extremamente orgulhoso de partilhar com ela a execução de nossa missão. Demonstrar a efetividade da integração de sexos para os nossos parceiros por meio de nosso próprio exemplo reforça a importância de ter mulheres servindo nas Forças Armadas.

Diálogo: O que o senhor espera obter de cada país na área de ação do SOUTHCOM, seja em termos de exercícios, diálogos entre líderes ou outros tipos de engajamento?

C Alte Buck: O mais importante é ganhar a confiança de nossas nações parceiras. É a primeira coisa em que penso sobre um parceiro, seja algo bilateral, individual ou talvez um esforço conjunto. Preciso reiterar meu compromisso de fazer parcerias com eles e dizer por que desejo fazer isso com nossos parceiros nas Américas Central e do Sul e no Caribe. É muito mais eficaz. Teremos muito mais sucesso se trabalharmos rumo a metas comuns de segurança, estabilidade e união. Os EUA preferem não fazer isso sozinhos. Quando trabalharmos juntos e somarmos nossas forças, venceremos e prosperaremos juntos.

Sou relativamente novo como comandante em Mayport; e, à medida que viajo a estes países e me apresento, meu desejo é ter certeza de que eles podem confiar em mim, acreditar na minha equipe, e espero estimulá-los a fazer parceria conosco. Tive a oportunidade de viajar a El Salvador, Panamá, Colômbia e Chile; minha experiência com essas três nações tem sido maravilhosa. Fui muito bem recebido e creio que consegui cumprir minhas metas lá e ganhar sua confiança. Fiz amizades com nossos parceiros e desejamos boas festas uns aos outros no fim do ano. Tem sido uma experiência muito boa, e acho que é algo muito promissor.

Com relação aos exercícios, um de que me orgulho e que tenho sob meu comando é a UNITAS. Agora ampliamos o exercício em nossa área de ação para termos um anfitrião a cada ano. No ano passado, o Panamá foi o anfitrião; é a primeira vez que uma nação da América Central recebe a UNITAS em 67 anos. Fizemos isso para garantir a criação e a disseminação de capacidade e recursos para todos os parceiros desta região. Participamos do TRADEWINDS para aumentar as capacidades e recursos de nossas nações amigas caribenhas, alguns dos exercícios bilaterais com chilenos, e há ainda muito mais. Todos os exercícios são muito importantes, sejam eles bilaterais ou multilaterais. Convidamos não somente as nações de nossa área de ação, mas também países do Pacífico, europeus e africanos para virem [participar], pois as ameaças atuais, de natureza global, são transnacionais e transregionais e se originam em todo o mundo. Todos nós temos as mesmas preocupações com segurança.

Diálogo: Qual é a maior preocupação do senhor em termos de segurança regional nas Américas Central, do Sul e no Caribe?

C Alte Buck: Há duas questões com que me preocupo muito e que me tiram o sono à noite. Em primeiro lugar, tenho muita preocupação com as redes terroristas, que estão ampliando as rotas do tráfico de drogas e vêm atuando há muito tempo. Minha preocupação é que os terroristas usarão essas rotas e redes para fazer circular dinheiro, armas, outros terroristas estrangeiros, drogas etc. por nossas nações parceiras e na parte sul dos EUA. Parece muito fácil usar esses caminhos que os cartéis de drogas já vêm usando há décadas. Essas redes criminosas são uma séria ameaça à nossa segurança regional e requerem esforços multinacionais para combatê-las.

Em segundo lugar, estou muito apreensivo quanto ao colapso de governos em qualquer uma de nossas nações parceiras. Isso pode levar à migração em massa dos povos. Migrações em massa, assim como desastres naturais, podem causar uma ruptura e ameaçar nossa estabilidade regional e impactar negativamente nossa prosperidade. Compartilhamos interesses e objetivos comuns com os povos da América Latina, por isso preocupo-me que o êxito destas redes criminosas, colapso de governanças ou qualquer grande desastre natural possa causar um impacto devastador em nossa paz, segurança e estabilidade que trabalhamos tão arduamente para alcançar em nossas pátrias.

Diálogo: Em que mudou sua perspectiva sobre a área de atuação de sua Força desde que assumiu esta função em agosto de 2016?

C Alte Buck: Não mudou muito. Tenho alguma experiência nessa região. Meus primeiros seis meses me deram um respeito maior por nossos parceiros, seus recursos, capacidades, força e amizade. Em termos mais específicos, isso me deu um conhecimento mais amplo de quem são, o que fazem e o que eles podem fazer em suas marinhas. Assim, não houve uma mudança muito grande na minha perspectiva, apenas um aprofundamento em respeito e conhecimento.

Diálogo: Como essa relação que o senhor ajudou a criar beneficia a colaboração entre a Marinha dos EUA e as das nações parceiras regionais?

C Alte Buck: A colaboração está se fortalecendo, assim como a capacidade militar individual dos EUA e nossos parceiros. Acho que o maior indicador desse fortalecimento é a noção de responsabilidade que vejo em cada uma das nações parceiras em relação à própria segurança, prosperidade e estabilidade. Anos atrás, meus antecessores costumavam receber muitas ligações com pedidos de ajuda quando algo ruim acontecia em nossa área de operações. O que vejo agora são menos ligações e, quando acontece uma crise com uma nação parceira, eles atendem e ajudam seus povos com muito mais eficiência do que faziam no passado. Isso é muito bom, porque mostra um aumento na confiança – nossos esforços para capacitação, preparação e objetivos militares estão surtindo um efeito positivo. Estamos vendo isso e estou muito feliz. Vamos continuar sempre preparados para atender se formos chamados e vamos sempre nos oferecer para consultorias ou aconselhamentos. Vamos continuar a realizar exercícios conjuntos, mas é ótimo ver nossos parceiros cada vez mais assumindo essa postura, como estão fazendo hoje.

Diálogo: Que tipo de resultados o senhor espera obter em 2017 e quais já viu até o momento em sua atual função trabalhando nesta região?

C Alte Buck: Tenho três metas básicas que gostaria de atingir em 2017. Em primeiro lugar, quero me reunir com os principais líderes militares de cada nação parceira. Quero ter a chance de me apresentar, e estabelecer uma confiança mútua e isso pode ser obtido seja pela visita aos países ou convidando-os a virem a Mayport para um intercâmbio de informações sobre nossas forças navais.

Em segundo lugar, internamente, naNAVSO, desejo ampliar nossa prontidão operacional para atendimento rápido. Isso é algo fundamental que devemos estar prontos a executar porque nossos parceiros ou nosso próprio país estão contando com nosso suporte ou aconselhamento se um desastre ocorrer.

Em terceiro lugar, estou procurando aumentar o nível de sofisticação dos nossos exercícios, tais como PANAMAX e UNITAS. Tornamos-nos melhores realizando operações reais em alto-mar; desafiando a nós mesmos e a nossos parceiros para trabalharmos em conjunto e estabelecer um repertório de habilidades marítimas. Não podemos ser complacentes realizando apenas exercícios em terra firme. As ameaças à nossa establidade e segurança estão se transformando, por isso precisamos estar preparados para enfrentar qualquer cenário. Fazemos isso compartilhando conhecimentos e melhorando nossa colaboração multinacional.

Diálogo: Como sua experiência anterior o preparou para esta posição? E que lições aprendidas o senhor traz consigo para este cargo, especialmente após servir como chefe do Estado-Maior do JS J5, auxiliando o comandante do Comando Conjunto das Forças Armadas dos EUA, que é o principal conselheiro militar do presidente dos EUA e do ministro da Defesa?

C Alte Buck: Minha experiência anterior tem me ajudado muito em minha nova função. Sou aviador de patrulha marítima. Tenho muitos anos de experiência operacional voando em operações de detecção e monitoramento em missões antinarcóticos. Meu tempo no Estado-Maior me deu uma visão mais amadurecida das questões geopolíticas que ocorrem na minha área de ação, assim como das relações político-militares. Meu tempo no Pentágono, especificamente no Estado-Maior e no J5, me deu um conhecimento muito bom sobre a importância das parcerias e um maior apreço à variedade de culturas existentes no mundo.

Diálogo: O senhor gostaria de dizer algo mais a nossos leitores?

C Alte Buck: Gostaria de relembrar a eles do lema do meu comando: “União, segurança e estabilidade”. Esse é o meu foco estratégico no comando da NAVSO, para melhorar a unidade de minha própria equipe e de meus comandados com meus parceiros, para garantir a segurança e a estabilidade de toda a nossa região. Acho que é um lema muito eficaz e onde quer que vejam meu símbolo espero que isso relembre a todos de nosso comprometimento e do que representamos.

FONTE: Diálogo Americas

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