Cerco à Kiev se intensifica mesmo diante de uma forte resistência ucraniana

Foto Daniel LEAL / AFP)

No terceiro dia da invasão russa na Ucrânia, as forças do Kremlin já levam dois dias tentando tomar a capital Kiev, mas estão sendo travadas por uma forte resistência dos militares ucranianos e pelos habitantes da cidade, que tentam lutar contra a agressão ordenada na madrugada de quinta-feira por Vladimir Putin.

Mesmo depois da Rússia ter ficado ainda mais isolada na assembleia-geral das Nações Unidas, onde vetou unilateralmente a condenação da invasão da Ucrânia, o Presidente Volodymyr Zelenskyy, que têm enviado regularmente mensagens e vídeos em Kiev, mostrou-se otimista num triunfo da resistência ucraniana sobre a ofensiva russa.

Para contra-atacar a desinformação, que tem sido uma das principais armas do Kremlin nesta invasão, o Chefe de Estado ucraniano tem desmentido os relatos de que teria deixado Kiev, mostra-se diante de edifícios emblemáticos da capital e tenta inspirar os compatriotas a manterem a defesa do “coração” da Ucrânia.

Como se tem ouvido em diversas reportagens internacionais realizadas a partir de várias cidades da Ucrânia, as mensagens do Presidente Volodymyr Zelenskyy parecem estar mantendo em alta a motivação de muitos ucranianos em continuar a luta pela liberdade da Ucrânia perante a Rússia.

Um cidadão estrangeiro, que conseguiu viajar de Kiev para Poltava, contava esta manhã à uma estação de televisão por vídeo chamada, que muitos ucranianos que se assumiam opositores de Zelensky, sentia agora uma admiração pelo chefe do Estado e um patriotismo reforçado.

O Ministério da Saúde ucraniano anunciou esta manhã a morte de pelo menos 198 ucranianos desde o início da invasão russa, incluindo três crianças. Tendo sido ainda relatados pelos menos 1.115 feridos, incluindo 33 crianças. Não foi possível verificar se as vítimas seriam apenas civis ou também militares. Imagens do impacto de projéteis atingindo edifícios residenciais nas zonas limítrofes de Kiev tem sido difundidos e partilhadas em diversas redes sociais e grupos de ucranianos na internet. Algumas imagens carecem de verificação, mas outras foram confirmadas por diversas agências internacionais.

As imagens de edifícios residências destruídas também se sucedem. As zonas por onde as forças do Kremlin avançam estão tornando-se em autênticos cenários de guerra urbana, com a resistência levantando barricadas para tentar travar os veículos blindados russos.

Os jornalistas internacionais que trabalham em Kiev, mantêm-se numa zona ainda salvo dos projéteis e dos referidos combates de rua, e vão reportando como os civis se vão tentando se manter protegidos da invasão russa, nas garagens de hotéis, nas estações de metro e edifícios residenciais. Nas ruas da érea central, não se vê quase ninguém e são poucos ou nenhuns os veículos em circulação pelas ruas.

Parte da comunidade internacional está tentando enviar armas para ajudar a resistência ucraniana. Os países da União Europeia, vizinhos da Ucrânia, estão montando operações de acolhimento e assistência a quem consegue cruzar as fronteiras, em fugindo da guerra. A Polônia e a Romênia, dois países vizinhos da Ucrânia, membros da UE e da OTAN, são recomendados como os destinos preferenciais para quem tenta fugir da guerra.

Nas fronteiras ucranianas com a União Europeia há no entanto outro drama acontecendo. Devido à Lei Marcial, e à mobilização geral decretadas pelo Presidente após a invasão russa, todos os homens entre 18 e 60 anos que apresentem condições físicas para lutar estão a sendo impedidos de sair do país e obrigados a entrar na guerra. Esta situação está a separando muitas famílias ucranianas. Entre eles um jogador de futebol brasileiro, que se naturalizou ucraniano há cerca de 10 anos, também foi chamado para os combates.

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