Com o fim do A-10 chegando, os EUA e Aliados focam nos caças leves de ataque

A-10 Foto Airman 1st Class Skyla Child/U.S. Air Force

Por Lara Seligman

À medida que a Força Aérea dos Estados Unidos reflete o futuro da guerra aérea, o interesse está aumentando para uma nova frota de aviões de ataque leve e de baixo custo, que os EUA e aliados internacionais poderiam usar para combater os terroristas no Oriente Médio.

O chefe de gabinete da Força Aérea, o general David Goldfein, disse à Aviation Week que ele irá participar pessoalmente de uma experiência neste verão, na competição entre o caça de ataque leve Sierra Nevada Corp. A-29 Super Tucano da Embraer, já em uso com a força aérea afegã, contra o jato Scorpion da Textron Aviation, e o AT-6 Wolverine turboprop. Representantes de várias nações estrangeiras também participarão do evento, que terá lugar na AFB Holloman, no Novo México, para entender melhor a capacidade que a indústria tem para oferecer aeronaves para a missão de ataque leve.

Para a Força Aérea dos EUA, o apelo da chamada frota OA-X para o antiterrorismo é claro. Os caças de alto desempenho que atualmente ajudam o venerável A-10 Warthog a fornecer Close Air Support (CAS), para tropas no Oriente Médio, estão desgastados por décadas de guerra. Uma nova frota de cerca de 300 aeronaves acessíveis e off-the-shelf, aliviaria o fardo nos F-15, F-16 e outros, liberando essas plataformas para as missões high-end para as quais foram projetadas.

Além disso, uma frota OA-X proporcionaria muitos assentos necessários para o treinamento de pilotos, uma vez que a Força Aérea luta contra os desafios de retenção orçamentária. “Se vamos estar nessa luta contra o extremismo violento, então existe uma maneira diferente para conseguir isso no futuro”, disse Goldfein em uma ampla entrevista a bordo de um C-40 da Força Aérea sobre o Atlântico. “Essa capacidade de ataque leve contribui com novas maneiras que me permitem começar a melhorar a prontidão na parte alta da minha frota, para garantir que estamos ainda mais prontos e mais letais contra a China, a Rússia, o Irã e a Coréia do Norte!”

Para os parceiros internacionais, o experimento – e potencialmente o programa ser implementado pelo Estados Unidos – poderia apresentar uma oportunidade para obter uma capacidade necessária de maneira mais acessível, diz Goldfein. Todos os três aviões que participam da DEMO OA-X, são muito mais baratos de comprar e operar que os caças atualmente voando no Oriente Médio – a Sierra Nevada se vangloriou de voar “bem abaixo de US$ 1.000 por hora” com o A-29, em comparação aos cerca de US$ 18.000 para o A-10C e US$ 34.000 para o F-15C. “Isso abre algumas oportunidades para que um número crescente de aliados e parceiros possam entrar em um sistema de armas que é mais barato, não só para adquirir, mas também para voar”, afirma Goldfein.

Uma porta-voz da Força Aérea se recusou a nomear qualquer país participante da DEMO. O esforço para o programa OA-X está em fase de experimentação, e nenhuma implementação foi iniciada, disse Goldfein. A próxima fase, se a Força Aérea optar, seria uma demonstração de combate. Implementar o programa será determinante não apenas pelo resultado da demonstração, mas também na obtenção de financiamento adicional do Congresso. O senador John McCain (R-Arizona), defendeu a concessão à Força Aérea de US$ 1,2 bilhões para começar a comprar os caças do programa OA-X, mas resta saber se os legisladores aprovarão esses fundos em uma conta de gastos bipartidária para o ano fiscal de 2018, que é chave para a decisão sobre a compra de uma nova frota de caças de ataque leve, observa Goldfein. “O que eu disse para a indústria é que não estou interessado em um único dólar para pesquisa e desenvolvimento”, diz ele. “Isto é, quero o que vocês tem preparado para eu colocar nesta luta”

A-29B Super Tucano colombiano voando ao lado de dois A-10 Thunderbolt II da USAF – Foto FAC

Se a Força Aérea optar por avançar com o programa OA-X, ele não seria um substituto para o A-10, o cavalo de força CAS da Força Aérea, mas aumentaria a capacidade que os EUA já possuem no Oriente Médio. No entanto, o A-10 Warthog chegará ao final de sua vida de serviço eventualmente, o que a Força Aérea atualmente projeta para meados de 2020, o que pede uma pergunta: o que virá depois?

A USAF há anos, pensa na construção de uma plataforma CAS dedicada para substituir o A-10, até mesmo redigiu um documento de requisitos para um “A-X” em 2016, mas esse esforço parece estar paralisado. Quando perguntado se a USAF está tomando medidas para desenvolver um A-X de papel único, Goldfein diz: “ainda não”. Então, isso significa que uma plataforma CAS de missão única acabará desaparecendo? “Talvez”, ele responde. “Eu não discordo que uma plataforma de missão única crie um custo incrivelmente alto para o resto da força”, diz Goldfein. “Mas lembre-se, comandantes combatentes têm todo o espectro de conflito que eu tenho que suportar, desde o mais alto, ao mais baixo além de tudo que está no meio, e eu tenho uma certa quantia de dinheiro para construir o melhor que a Força Aérea pode comprar. “Já a Força Aérea, depende de uma família de sistemas, não apenas do A-10, para fornecer CAS, diz Goldfein.

Para um comandante de componente aéreo no Afeganistão, o Warthog nem sempre foi a primeira escolha para proteger os soldados na batalha. No leste montanhoso, o Reaper MQ-9 foi melhor em navegar rapidamente pelos picos e vales, no oeste volátil, onde as operações poderiam rapidamente dar uma guinada para pior, o F-15E forneceu agilidade máxima, já para o norte, um bombardeiro B-1B com sua resistência e grande carga útil funcionou melhor.

“Se pudermos começar a conversar sobre essa família de sistemas, e não qual é o sistema de armas mais importante, na verdade, nós estaremos discutindo missões CAS para o século XXI”, diz Goldfein. “Há muito poucos conjuntos de missão onde eu poderia jogar uma única bala nele.” A questão passa por, se a Força Aérea acabará por construir um substituto direto do A-10, com um financiamento adequado e orçamentos estáveis, diz Goldfein. A incerteza orçamentária, incluindo ano após ano de resoluções contínuas, causaram estragos na capacidade militar de planejar, diz ele. “É impossível prever onde eu irei com esse tipo de comércio estratégico em relação à quantidade de opções que eu tenho e aonde ele se encaixa”, diz ele. “Nada vem de graça”.

Antes de tomar uma decisão, Goldfein consultará a comunidade CAS sobre o que o futuro da missão aponta, porque não dá para se basear no passado. Os especialistas argumentam que o A-10 funciona bem em ambientes de domínio total do ar, como o Iraque e o Afeganistão, mas, à medida que as armas antiaéreas avançadas e os mísseis superfície-ar proliferam, torna-se cada vez mais perigoso voar um Warthog volumoso e insalubre em batalha.

“Antes de termos alguma conversa sobre substituições, queremos ter certeza de que qualquer coisa sobre a qual falamos nos envolva para novas formas de fazer negócios”, diz Goldfein.

TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: DAN

COLABOROU: Felipe Salles

FONTE: Aviation Week

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