Coreia do Norte dispara outro míssil sobre o Japão

SEUL- A Coreia do Norte mais uma vez não ficou apenas na promessa: ontem (manhã de hoje na Península Coreana), após uma contundente ameaça de usar armas nucleares para “afundar o Japão e reduzir os Estados Unidos a cinzas e escuridão”, o país disparou mais um míssil balístico de uma base em Sunan, próxima à sua capital, Pyongyang.

O projétil sobrevoou Hokkaido e voou cerca de 3.700 quilômetros antes de cair no Pacífico, dois minutos depois, a dois mil quilômetros a leste da ilha japonesa. O lançamento de mais um míssil, menos de um mês após o mais poderoso teste nuclear da História da nação asiática, ocorre poucos dias depois de o Conselho de Segurança da ONU impor o mais forte pacote de sanções à Coreia do Norte, o oitavo ao país.

O disparo levou a forte condenação internacional, e a ONU convocou uma reunião de emergência de seu Conselho de Segurança para hoje.

Foi a segunda vez que Pyongyang disparou um míssil sobre o Japão em pouco mais de duas semanas, após ficar sete anos sem fazê-lo. Em 29 de agosto, outro projétil também sobrevoou o arquipélago japonês, mas caiu no mar.

Agora, militares da Coreia do Sul acreditam que o míssil atingiu uma altitude de 770 quilômetros, o que sugere uma trajetória mais curta e mais baixa do que os lançamentos recentes de mísseis balísticos intercontinentais (ICBM). O governo japonês não tentou interceptar o projétil, mas o lançamento ativou o sistema de alerta do país, advertindo moradores em 12 cidades a tomarem precauções. O sistema de trens também teve de ser temporariamente suspenso. O porta voz do Gabinete, Yoshihide Suga, afirmou que o país tomaria medidas apropriadas e oportunas na ONU e condenou o lançamento nas “palavras mais fortes possíveis”. Já o premier Shinzo Abe ameaçou diretamente Pyongyang:

Se a Coreia do Norte continuar neste caminho, não haverá um futuro brilhante. Precisamos que a Coreia do Norte compreenda isso, disse. Na Coreia do Sul, o governo convocou uma reunião do Conselho de Segurança Nacional.

‘LANÇAMENTO É UM SINAL DE FRUSTRAÇÃO’

A Casa Branca, por sua vez, informou que o presidente Donald Trump foi informado sobre o teste. O secretário de Defesa, James Mattis, acusou a Coreia do Norte de “um ato imprudente”, que colocou milhões de japoneses em perigo. Mas, questionado sobre a resposta americana, disse que ainda não queria falar sobre isso.

A tensão foi renovada ainda na manhã de ontem, quando Pyongyang ameaçou usar armas nucleares contra o Japão e os EUA, por apoiarem a resolução das Nações Unidas. “O Exército e o povo da Coreia do Norte pedem unanimemente que os ianques, os principais culpados que prepararam a ‘resolução de sanções,’ sejam linchados como merecem os cães raivosos”, afirmou um comunicado publicado pela agência oficial KCNA.

“É hora de acabar com os agressores imperialistas americanos. Condenemos o continente americano a cinzas e escuridão”.

Um dia antes, o governo de Kim Jon-un já prometera acelerar seus programas militares em resposta às sanções “maléficas” das Nações Unidas. O país ainda acusou Tóquio de estar sob as ordens dos EUA e recordou o lançamento de um míssil que sobrevoou o Japão no mês passado, a primeira vez desde 2009.

“As quatro ilhas do arquipélago devem ser afundadas no mar pela bomba nuclear do Juche. O Japão já não precisa existir perto de nós”, disse Pyongyang, referindo-se à forma como denomina o sistema comunista do país.

O texto aprovado na ONU por unanimidade na segunda-feira prevê um embargo sobre exportações de gás para a Coreia do Norte, a limitação das exportações de petróleo e derivados, e a proibição de importações de têxteis norte-coreanos. Ontem, o primeiro-ministro australiano, Malcolm Turnbull, reiterou que o lançamento é um sinal da frustração do regime por ter sido atingido por novas sanções.

Este é outro ato perigoso, imprudente e criminoso do regime norte-coreano que ameaça a estabilidade da região e do mundo e nós o condenamos completamente, disse Turnbull à Sky News.

No início do mês, a Coreia do Norte realizou seu sexto e mais poderoso teste nuclear, levando o Conselho de Segurança da ONU a intensificar as sanções, após uma série de testes de mísseis de pequeno, médio e longo alcance.

O país realiza seus exercícios nucleares num complexo de túneis em Punggye-ri, na província mais ao norte do seu território. Imagens do Monte Mantap puderam dar uma nova luz de onde o artefato foi testado exatamente e o quão poderoso foi o chefe das forças nucleares dos EUA admitiu ontem tratar-se de uma bomba de hidrogênio.

Você pode ver que a montanha foi deslocada visivelmente, o que demonstra a grande explosão e também que aconteceu no mesmo complexo de túneis onde foram realizados os quatro testes anteriores, explicou Jeffrey Lewis, diretor do programa de Ásia Oriental no Centro James Martin para Estudos de Não-proliferação na Califórnia.

FONTE: O Globo

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