EUA rejeitam reivindicações de Pequim sobre Mar do Sul da China e agravam tensão

Porta-aviões norte-americano USS Nimitz é reabastecido no Mar do Sul da China 07/07/2020 Marinha dos Estados Unidos/Christopher Bosch/REUTERS

Por Humeyra Pamuk e Arshad Mohammed e Yew Lun Tian

WASHINGTON/PEQUIM (Reuters) – Os Estados Unidos rejeitaram na segunda-feira as reivindicações da China sobre recursos marítimos na maior parte do Mar do Sul da China, o que levou Pequim a criticar os EUA e dizer que a posição norte-americana aumenta a tensão na região e ainda sublinhou um relacionamento cada vez mais exasperado.

A China não ofereceu nenhuma base legal coerente para suas ambições no Mar do Sul da China, e há anos vem intimidando outros países do litoral do sudeste asiático, disse o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, em um comunicado.

“Estamos deixando claro: as reivindicações de Pequim sobre recursos marítimos na maior parte do Mar do Sul da China são completamente ilegais, como é sua campanha de assédio para controlá-los”, disse Pompeo, crítico destacado da China no governo Trump.

Grupo de ataque (Strike Group) do USS Ronald Reagan

Há tempos os EUA se opõem às reivindicações chinesas de expansão territorial no Mar do Sul da China, e com frequência enviam navios de guerra à rota marítima estratégica para demonstrar apoio à liberdade de navegação no local – mas os comentários de segunda-feira refletiram um tom mais duro.

“O mundo não permitirá que Pequim trate o Mar do Sul da China como seu império marítimo”, disse Pompeo.

O comunicado dos EUA apoia uma decisão tomada quatro anos atrás em conformidade com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), que invalidou a maioria das reivindicações chinesas de direitos marítimos no Mar do Sul da China. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, repudiou a rejeição norte-americana da pretensão chinesa.

“Ela atiça intencionalmente uma polêmica a respeito das reivindicações de soberania marítima, destrói a paz e a estabilidade regionais e é um ato irresponsável”, disse ele em uma coletiva de imprensa de rotina.

“Os EUA enviaram repetidamente grandes frotas de aviões e navios militares sofisticados ao Mar do Sul da China… os EUA são os encrenqueiros e destruidores da paz e da estabilidade regionais.”

A China reclama 90% do mar potencialmente rico em recursos energéticos, mas Brunei, Malásia, Filipinas, Taiwan e Vietnã também reivindicam partes dele.

Cerca de 3 trilhões de dólares de mercadorias atravessam a rota marítima todos os anos. A China construiu bases em atóis da região, mas diz que suas intenções são pacíficas.

O porta-aviões chinês Liaoning participa de um exercício militar da PLA Navy, no oeste do Oceano Pacífico.  REUTERS 

Analistas disseram que seria importante ver se outros países adotam a postura dos EUA e o que Washington pode fazer -se é que fará algo- para fortalecer sua posição e impedir que Pequim crie “fatos nas águas” para reforçar suas reivindicações.

(Por Humeyra Pamuk, Arshad Mohammed, Matt Spetalnick, Daphne Psaledakis; reportagem adicional de Yew Lun Tian em Pequim, Ben Blanchard em Taipei e Karen Lema em Manila)

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