Frota submarina canadense nunca operou; É hora de ignorar o problema

SUBMARINE-REPORT
The Victoria-class submarines HMCS Chicoutimi, right, HMCS Windsor, left, and HMCS Corner Brook, back right, rest at berth in Halifax in this photo from 2005. photo: Andrew Vaughan

A maioria dos canadenses desconhecem a triste história dos submarinos de segunda mão da Marinha Real Canadense. Comprados da Grã-Bretanha, em 1998, por um preço estranhamente baixo, os quatro submarinos passaram a maior parte dos últimos 15 anos sendo remodelados e reparados.

O que a maioria dos canadenses não sabem é que os submarinos da classe Victoria estão entrando agora na última década de sua vida útil. E uma vez que as aquisições navais canadenses normalmente levam de dez a quinze anos, o programa de submarinos do Canadá está destinado a fazer água – a menos que, como nosso novo relatório recomenda a contratação de substitutos é seja imediatamente iniciada.

Os problemas começaram em 1994, depois que os britânicos descomissionaram os submarinos, mas deixaram-os em água salgada. Os submarinos definharam durante quatro anos à espera de um comprador, e mais dois de seis anos antes do Canadá realmente tomar posse deles. Eles sofreram corrosões graves e, até hoje, a profundidade do mergulho do HMCS Windsor é restrita por causa dos danos da ferrugem no casco.

Em 2004, enquanto o HMCS Chicoutimi estava em rota para o Canadá, um incêndio a bordo, levou à morte um tripulante. A causa do incêndio foi a água do mar que entrou através de uma escotilha aberta, o que causou um curto-circuito. O curto ocorreu porque a fiação afetada tinha apenas uma camada de produto de vedação à prova de água, em vez das três camadas requeridas pelas características de construção.

Fotos obtidas pela CBC News indicam o dano extenso feito para HMCS Corner Brook, quando atingiu o fundo do oceano em junho de 2011.

Naquele mesmo ano, um erro de manutenção destruiu o sistema elétrico do HMCS Victoria. Depois do acidente, o jornal Halifax Chronicle Herald informou que a Marinha gastou cerca de US$ 200.000 para comprar tecnologia antiga dos construtores britânicos, equipamento esse que um dos próprios tecnólogos elétricos da Marinha disse que provavelmente remontava aos anos 60. O navio passou seis anos por reparos.

No ano passado, o HMCS Windsor concluiu uma reforma que foi inicialmente previsto para dois anos, mas levou cinco. Documentos obtidos por uma agência de notícias canadense revelou o motivo do atraso: “Todo sistema … tem grandes problemas, … incluindo soldas ruins no casco, tubos de torpedo quebrados, um leme defeituoso e telhas do lado dos sub que continuamente caem.”

Então, em dezembro passado, um defeito foi encontrado em um dos dois motores diesel de HMCS Windsor. Como resultado, a profundidade do mergulho da embarcação foi “severamente restrita” e a Marinha foi forçada a retirar os sub de exercícios planejados ao largo da costa sul dos EUA.

HMCS Victoria – Pearl_Harbor – Rimpac

Publicamente, a Marinha insiste que os submarinos podem ser mantidos em serviço até 2030. Atrás escotilhas fechadas, os almirantes deve saber melhor. Eles devem estar desesperados para substituir uma frota danificada e não confiável.

Em 2006, o Comitê do Senado sobre Segurança Nacional e Defesa, escreveu: “Os submarinos da classe Victoria estão se aproximando de seu ponto de meia-idade. Assim que os submarinos estejam totalmente operacionais, o planejamento para seus refits de meia-idade e eventual substituição devem começar.

Em 2010, o Departamento de Defesa Nacional elaborou um plano estratégico, o Horizon 2050, que antecipou uma possível entrada do Canadá em conflito armado marítimo, incluindo a possibilidade de que certos estados tentariam negar aos outros o acesso a suas abordagens marítimas.” O plano adverte: “Alguns adversários terão a capacidade de empregar recursos de negação mais sofisticados na área, usando altas capacidades convencionais ou assimétrica, como mísseis avançados ou submarinos.”

Nesse mesmo ano, uma nota informativa preparada para o Chefe do Estado-Maior da Defesa defendeu novos submarinos, porque “em caso de tensões globais desses ativos relativamente baratos vai contra projeção de poder e impedir a liberdade de movimento e ação.”

HMCS Corner Brook durante a Unitas Gold em 2009 – Notar a falta das placas na ilha do submarino

Quando o ministro da Defesa, Peter MacKay foi perguntado, em outubro de 2011, se o governo iria substituir os submarinos atuais do Canadá, ele respondeu que os submarinos fornecem uma “capacidade muito importante para as Forças canadenses.”

No entanto, curiosamente, não há nenhuma menção de submarinos na Estratégia Nacional de Compras e Construção Naval, que se estende até 2041 e prevê o gasto de US $ 33 bilhões em dezenas de navios de superfície.

A omissão de incluir os submarinos em tal estratégia se deve muito provavelmente porque a mesma visa que os meiso navais sejam construídos no Canadá, do contrário estariam foram da estratégia de construção naval. No entanto, os canadenses teriam duas opções disponíveis – o Scorpène francês e o alemão U-214, que podem ser construídos sob licença nos países compradores.

HMCS Corner Brook na base naval de Mayport em 2009

Mas há três explicações possíveis. Primeiro, o governo Harper já decidiu adquirir novos submarinos, e está mantendo a decisão tranquila por causa dos bilhões de dólares que custaria.

Em segundo lugar, o governo decidiu encerrar programa de submarinos do Canadá quando os submarinos da classe Victoria chegarem ao final da sua vida útil, e está mantendo essa decisão tranquila por causa dos bilhões de dólares já gastos na tentativa de resgatar um contrato que falhou.

A terceira e mais provável explicação é a péssima gestão do arquivo. E se for esse o caso, a falta de um plano irá resultar no fim do programa de submarinos do Canadá – por negligência e obsolescência, ao invés de design.

FONTE:  The Globe and Mail – MICHAEL BYERS AND STEWART WEBB

TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: Defesa Aérea & Naval

NOTA DO EDITOR:  O Canadá é membro da OTAN e como tal, não deveria estar com sua força de submarinos nesta situação. O Brasil não faz parte da OTAN e nossa Força de Submarinos, está muito bem obrigado!

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