Governo argentino avalia a construção de um submarino nuclear

Por Mariano De Vedia

Após a tragédia da ARA San Juan e quase um ano após a falta de submarinos da Marinha, o governo está analisando a possibilidade de projetar e construir um submarino nuclear. O objetivo é colocá-lo na água no ano de 2025.

O projeto prevê o desenvolvimento de um reator nuclear compacto para impulsionar um submarino na estrutura do ARA Santa Fé, o submarino TR-1700, semelhante ao ARA San Juan e cuja construção foi abandonada há 25 anos 70 por cento construído.



A ideia é terminar o submarino no estaleiro Cinar e do conseguir 5 milhões de dólares nos próximos três anos. A iniciativa se tornou público ontem na Câmara dos Representantes em comissões plenárias de Defesa e Tecnologia, na qual se decidiu solicitar relatórios do Poder Executivo para explicar a viabilidade e implementação do projeto.

A possibilidade de que a Argentina construa um submarino nuclear, num momento em que o Brasil desenvolve o seu próprio submarino, surpreendeu as forças armadas, que ainda estão à espera da resposta do governo às reivindicações por reajuste salarial, anunciou no mesmo dia um que o projeto do reator nuclear foi analisado no Congresso.

A reunião foi liderada pelos chefes de ambas as comissões, as deputados Sandra Castro (FPV-San Juan) e Nilda Garre (FPV-Capital). “Com a entrada de vários especialistas convidados, deputados que compõem as comissões de Ciência e Tecnologia e de Defesa, analisar a viabilidade da Argentina contar com um submarino com propulsão nuclear, baseado em tecnologia nacional”, previu pelo Twitter o ex-ministro da Defesa , ao anunciar a chamada.

Pedido de relatórios

Como resultado, ambos os comités irão requerer que o governo de Mauricio Macri se manifeste “para usar os estudos realizados e concluídos no Centro Atômico Bariloche para o desenvolvimento da engenharia conceitual e básica de um submarino de propulsão nuclear TR- 1700”.

Entre os especialistas navais que foram consultados, os almirantes aposentados José Luis Pérez Projeto Varela gerente do projeto de submarinos de Tandanor e Carlos Castro Madero. Além disso, o historiador naval Ricardo Burzaco, especialista e editor da revista Defesa e Segurança-Mercosul, e Horacio Calderon ex representante do estaleiro Domecq Garcia, que participaram na construção da ARA Santa Fe e foi desmantelado nos anos 90.

Em relação ao submarino inacabado, estima-se que há partes suficientes para terminar e podem ser importados outros componentes, além de sistemas passivos de atualização e sensores ativos.

O deputado Carlos Gastón Roma (Terra do Fogo-Pro) recomendou incorporar o projeto no orçamento para “permitir o desenvolvimento de condições de viabilidade”. Em diálogo com a Nação, explicou que, basicamente, analisar a viabilidade de utilizar a estrutura da ARA Santa Fé para transformar o projeto diesel de propulsão elétrica nuclear. Seria, no entanto, uma propulsão híbrida: elétrica e nuclear. “O reator também pode ser usado para um quebra-gelo e para qualquer outro tipo de embarcação”, acrescentou.

A idéia, segundo LA NACION apurou, é que no desenvolvimento do projeto e na construção a Invap e a Marinha intervêm, levando em conta o modelo brasileiro.

A discussão não é menor em termos de custos. Os 5 milhões de dólares necessários para o avanço do projeto seriam para completar o estudo de viabilidade.

Então será a vez de grandes investimentos. “Para colocá-lo na água, temos que pensar em um investimento de US $ 500 milhões”, disse uma fonte especializada ao LA NACION.

No plenário das comissões, foi indicado que a Austrália assinou um acordo para a compra de submarinos franceses – não nucleares – por US$ 3 bilhões. Nesse sentido, ao citar um artigo do engenheiro José Converti, pesquisador e professor do Instituto Balseiro, foi explicado que a Rússia pretende desenvolver um novo submarino nuclear por US$ 500 milhões. E, entre outros planos mais ambiciosos, foi mencionado o caso da França, que desenvolve “o projeto Le Triomphant, com um orçamento estimado em US $ 3.8 bilhões”.

Além do compromisso do Brasil, que já tomou a decisão política de promover essa tecnologia, os países que possuem submarinos nucleares são China, Rússia, Estados Unidos, Reino Unido, França e Índia. A Argentina aspira a ingressar nesse seleto grupo, em meio às fortes restrições orçamentárias que limitam as Forças Armadas.

Um projeto ambicioso

Antecedente: O projeto do submarino à propulsão nuclear foi impulsionado na gestão da ex-ministra da Defesa Nilda Garré. O ministro das Relações Exteriores, Jorge Taiana, se opôs à proposta porque o projeto poderia gerar irritação no governo dos EUA.

TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: DAN



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