Japão reorienta a defesa para a China e Coreia do Norte

Japão

O programa de defesa nacional para o período depois de 2014, publicado pelo governo japonês, provocou uma reação negativa da China. Pequim viu nele o renascimento do militarismo nipônico.

Semelhante reação é completamente natural visto que, no quadro desse programa, o Japão rompe completamente com a herança da época da guerra fria, quando o adversário importante era a URSS (Rússia). O novo programa concentra-se completamente nas novas ameaças: China e Coreia do Norte.

A julgar pelos documentos publicados por japoneses, o país planeja realizar reduções significativas nos tipos fundamentais de armamentos do Exército. Por exemplo, as Forças de Autodefesa do Japão podem ter 600 tanques e 700 sistemas de artilharia. No futuro, planeja-se reduzir a quantidade de armamento pesado até 300 tanques e 300 peças de artilharia.

Tendo em conta as dimensões do Japão, pode reconhecer-se que o número de unidades militares terrestres com armamentos pesados irá ser reduzido até ao mínimo absoluto em caso de necessidade extrema, imprevisível. Ao mesmo tempo, cresce o número de unidades terrestres de reação rápida equipadas com armamento ligeiro.

O Japão aumenta o número de submarinos de 16 até 22, de contratorpedeiros com o sistema antimíssil norte-americano AEGIS de 6 para 8, a quantidade de caças de 260 para 280. Serão rearmadas as unidades terrestres de defesa antiaérea. O Japão tenciona também aumentar consideravelmente as possibilidades de controle do espaço aéreo à custa de um maior número de aviões de detecção a longa distância. Tendo acesso à produção da indústria militar americana e sólidas possibilidades técnicas e financeiras próprias, os japoneses têm capacidade de aumentar rapidamente o potencial militar.

No novo programa militar japonês assinala-se a necessidade de criação de potencial para realizar um contra-ataque contra as ilhas Senkaku em caso de invasão por um Estado estrangeiro. Para isso serão adquiridos navios especiais de desembarque. Além disso, será prestada atenção ao aumento da resistência da infraestrutura militar japonesa face a possíveis ataques de mísseis. Assinala-se que o Japão analisa não só medidas complementares de defesa antimíssil, mas também possibilidades de criação do seu próprio potencial de contenção e de desferir um ataque de resposta.

Isso pode significar que o Japão envereda pela via da Coreia do Sul e Taiwan e criará os seus próprios mísseis, possivelmente com base nos mísseis antinavio já produzidos no país. Neste caso, a China terá de reforçar a defesa antiaérea e antimíssil dos alvos da sua infraestrutura militar marítima na costa do mar da China Oriental.

Não obstante o fato de os planos de rearmamento do Japão poderem criar algumas dificuldades a Pequim na região do mar da China Oriental, as envergaduras da modernização militar dos dois países continuam a ser incomparáveis. A China pode bem aumentar a quantidade dos mísseis de cruzeiro já existentes e dos seus portadores (navios e aviação) até ao nível de poder desencadear contra o Japão um golpe convencional fulminante com uma enorme força destruidora. Os grandes hovercrafts de tipo Zubr de que a China dispõe, adquiridos à Ucrânia, aumentam seriamente as possibilidades das tropas chinesas na disputa por ilhas distantes.

Ao mesmo tempo, o conflito militar não é o objetivo de nenhuma das partes. O objetivo da China consiste em levar o Japão a reconhecer a existência de um litígio territorial, a começar conversações e, no futuro, a ter em conta os interesses da segurança da China. O Japão tenta limitar o aumento da influência na região, apoiando-se na união com os EUA. Ambas as partes precisam de novos tipos de armamentos. Em primeiro lugar, para alargar as possibilidades de manobra política na solução dos problemas territoriais.

FONTE: Voz da Rússia

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