Marinha americana quer recuperar a capacidade de recarga de mísseis no mar

Recarga de mísseis Foto :PO3 Jason Amadi/Navy

Por Geoff Ziezulewicz

O que acontece quando um navio da Marinha americana fica sem mísseis no calor de uma batalha naval? Como o resto de uma linha de armas é afetada se um cruzador tem que se afastar para se reabastecer?

Os chefes da Marinha americana não tiveram que pensar nessas questões durante décadas. A frota dos Estados Unidos não foi ameaçada por nenhuma outra marinha desde que um muro dividia Berlim e a marinha soviética rondava os mares. Mas agora, em meio a uma nova onda de tensão com a Coreia do Norte e no Mar do Sul da China, a Marinha está planejando recuperar sua capacidade de recarregar mísseis enquanto um navio está no mar.

O Chefe das Operações Navais, almirante John Richardson disse durante uma entrevista em junho que essa recuperação está nos planos da Marinha. Os oficiais dizem que o recarregamento no mar está em seus primeiros estágios de planejamento e os analistas acreditam que o que era antigo na Marinha agora é o novo novamente.

USS Philipine Sea (CV 58) cruzador classe Ticonderoga

Após o fim da Guerra Fria, a Marinha se afastou da preparação de uma frota que teria que lutar em mares disputados, de acordo com James Holmes, professor de estratégia no US Naval War College. “A liderança naval proclamou que não havia mais ninguém para lutar depois da marinha soviética”, disse Holmes em um e-mail. “Os chefes da Marinha, basicamente, disseram que a América é dona dos oceanos”. Mas uma China assertiva e as ambições marítimas russas ressurgentes, estão movendo a liderança da Marinha para os princípios da guerra convencional. “Dormimos por vinte e cinco anos após a Guerra Fria”, escreveu Holmes no e-mail. “Isso faz parte do desmantelamento após essa longa soneca”.

Desde o fim da Guerra Fria, os navios fizeram disparos no Iraque, no Afeganistão, na Líbia, na Síria e em outros lugares antes de retornar a um porto para recarregar. Mas os EUA sofrerão em um conflito com uma força marítima igual, se os navios tiverem que sair da batalha para recarregar, disse Holmes. “O adversário teria enfraquecido nossa frota mesmo sem dar um soco”, disse ele. “Se mantivermos a rotação de cruzadores ou destróiers voltando para recarregar, o adversário terá subtraído esse poder de combate da frota”.

USS Ross (DDG 71), destróier classe Arleigh Burke

Holmes disse que o fim da recarga no mar após a Guerra Fria foi parte de uma perda maior de hardware e táticas projetadas para lutar contra adversários. “A recarga de mísseis no mar é uma dessas capacidades que precisam ser rejuvenescidas”, disse ele. A Marinha continua estudando como fará para recarregar o sistema de lançamento vertical MK 41, atualmente em uso na maioria dos cruzadores e destróiers.

Não foi uma solução fácil no passado, de acordo com Eric Wertheim, analista naval e autor de “Combat Fleets of the World”. “Imagine um revólver, pense em quanto tempo demora para remuniciar as balas uma de cada vez”, disse Wertheim. “Eles não são carregadores de velocidade”. Guindastes foram instalados nos primeiros cruzadores na década de 1980 para ajudar na recarga, mas continuou demorado e perigoso. “É estressante para o equipamento, é estressante para as pessoas e é um desafio que tem sido observado por muitos anos”, disse Wertheim. “Foi muito difícil de fazer, e não foi muito prático, então, quando a necessidade diminuiu, acabou por cair no esquecimento.” Ao contrário das munições, combustível ou cargas, os mísseis não podem ser reabastecidos enquanto o navio estiver em movimento. Qualquer recarga no mar agitado também pode danificar uma célula do sistema de lançamento vertical, disse Holmes. Uma solução alternativa poderia envolver o recarregamento perto das ilhas do Pacífico e atóis por navios de transferência de expedição expedicionários como os USNS John Glenn ou USNS Montford Point, ele diz.

       

“Um cruzador ou um destróier pode se encontrar com um navio mercante convertido, usando a ilha para bloquear o vento e os mares”, disse Holmes. “Isso nos permitiria rearmar rapidamente e sem danos”. No entanto, ter os planos para repor a capacidade de recarregar no mar em 2017, reflete uma grande evolução. “Somente agora estamos começando a levar os Chineses e os Russos a sério”, disse Holmes. “Recarregar não era uma prioridade se você não tem um inimigo para combater”.

TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: DAN

FONTE: Navytimes

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