Militares brasileiros e peruanos participam de curso de desminagem humanitária

O Estágio de Ação contra Minas, ministrado pelo Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil, formou sete alunos brasileiros e dois peruanos, capacitando-os para o cumprimento de missões internacionais.

Militares brasileiros e peruanos participaram do Estágio de Ação contra Minas, do Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil. Foto: EB

Por Andréa Barreto

O Estágio de Ação contra Minas é um curso ministrado anualmente pelo Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB), unidade do Exército Brasileiro (EB). Com duração de cinco semanas, o curso foi concluído em 17 de agosto de 2018 por seis militares do Exército Brasileiro e um da Marinha do Brasil, além de dois militares da Marinha do Peru.



A maioria dos participantes prepara-se para cumprir, em breve, missões no exterior. “Como o Brasil tem compromissos internacionais de operação de desminagem humanitária, o Exército mantém um curso regular nessa área, para que tenhamos sempre militares em condições de atender tanto os compromissos já firmados quanto demandas que possam surgir de forma inesperada”, afirmou o Coronel do EB Marco Antônio Estevão Machado, comandante do CCOPAB.

Militares brasileiros na Colômbia

Dos sete brasileiros participantes do último estágio, cinco estão pré-selecionados para atuar na Colômbia, no contexto das ações de cooperação previstas em um memorando de entendimento assinado pelos ministérios da Defesa de ambos os países em fevereiro de 2018. Por meio deste acordo, o Brasil se comprometeu a ampliar sua colaboração com as atividades de remoção de artefatos explosivos em regiões da Colômbia. Com isso, as Forças Armadas do Brasil passaram a manter no país vizinho 15 militares peritos em desminagem. Os profissionais atuam como instrutores e assessores técnicos, não exercendo tarefas de busca e remoção de minas e explosivos.

Quanto aos alunos peruanos, o Suboficial da Marinha Robert Ángel Huertas Vargas e o Primeiro-Sargento da Marinha Miguel Ángel Cabrera Chalan são integrantes do Centro de Treinamento e Capacitação de Operações de Paz do Peru. Os militares foram indicados para realizar o curso no Brasil devido à possibilidade de participarem da Missão das Nações Unidas (ONU) na República Democrática do Congo (MONUSCO, em francês). As Forças Armadas do Peru estão presentes atualmente em cinco missões de paz, incluindo a MONUSCO, com cerca de 230 militares em total.

O intercâmbio acadêmico entre militares é frequente no âmbito da América Latina, segundo o Cel Machado. “A Associação Latino-Americana dos Centros de Operação de Paz se reúne duas vezes por ano. Nessas oportunidades, os participantes de cada país fazem as suas ofertas acadêmicas, informando os cursos oferecidos e que estão abertos à participação internacional”, detalhou.

Responsabilidade internacional

O Estágio de Ação contra Minas do CCOPAB tem duas fases. A primeira tem duração de duas semanas e objetiva apresentar aos participantes toda a documentação teórica internacional que regula a atividade de desminagem humanitária. Esse material inclui apostilas e videoaulas e fica disponível aos alunos em um portal na internet. “Isso permite que a gente economize tempo e recursos na condução do estágio, para que os alunos cheguem na fase presencial já ambientados em relação ao assunto que eles vão aprender”, explicou o Cel Machado.

Já a segunda fase dura três semanas, na sede do CCOPAB, no Rio de Janeiro, e em unidades do EB próximas a esta. Inicia-se com uma formação dentro da sala de aula e avança para a etapa prática, sobre a ação de desminagem em campo.

“Primeiro, a gente aborda o que a ONU chama de assuntos transversais, quer dizer, conhecimentos básicos que todo militar em missão no exterior tem que ter”, contou o Cel Machado. Esse conteúdo refere-se sobretudo a noções sobre o código de conduta. “Afinal, o militar que está no estrangeiro representa o país; qualquer falha de conduta dele pode repercutir no nível político”, ressaltou. Mas, o conteúdo abrange também aspectos subjetivos, com a intenção de preparar o militar para enfrentar o stress e facilitar a adaptação ao novo ambiente cultural.

No terreno

Na etapa final, os alunos se deslocam para a área da Escola de Instruções Especializadas do EB, nas proximidades da sede do CCOPAB. O propósito é permitir que os estagiários pratiquem no terreno o desafio de identificar um campo de minas, usando equipamentos detectores e outros mecanismos, e realizar a desminagem propriamente dita, com a destruição ou desativação dos explosivos.

“É muito importante que essa fase ocorra em um terreno real, porque a gente enfrenta as dificuldades de verdade. Isso é muito proveitoso, por exemplo, para os militares que estão indo trabalhar na desminagem na Colômbia, onde um trecho das ações é feito em terreno da floresta amazônica, com vegetação bastante densa”, contou o Segundo-Sargento do EB Rômulo Gomes Casale, um dos participantes do estágio.

Apesar de não ter previsão de participação iminente em ação no exterior, o 2º Sgt Casale é um dos militares que consta do banco de dados do EB como habilitado para ser destacado em missões de desminagem humanitária. Para isso, o EB exige o certificado de participação no Estágio de Ação contra Minas do CCOPAB e domínio de um idioma estrangeiro. Considerando o acordo de colaboração de desminagem com a Colômbia, o curso é ministrado atualmente em espanhol.

Para o 2º Sgt Casale, a participação dos peruanos no estágio somou muito em relação ao idioma. “Foi muito proveitosa a troca com os militares peruanos do ponto de vista das informações trazidas sobre o funcionamento geral do Exército deles e também sobre a língua espanhola. Eles explicaram detalhes sobre nomenclaturas e expressões na área de desminagem que a gente não conhece e que podem ser muito úteis na prática”, destacou.

FONTE: Diálogo Americas


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