Moscou desloca 10 mil soldados para a fronteira, mobiliza aviões e realiza exercícios de guerra

tanque russo na Criméia
Foto Konstantin Grishin/Reuters

Rússia treina militares e confronto entre ativistas mata rapaz. Estados Unidos alertam sobre risco de anexação da Crimeia

A três dias do controverso referendo sobre a separação da Crimeia, o Ministério da Defesa russo confirmou o início de exercícios militares próximo à fronteira do país com a Ucrânia. Cerca de 10 mil soldados foram deslocados para a região. A tensão entre separatistas e simpatizantes do governo interino deixou um homem de 22 anos morto e diversos feridos na cidade de Donetsk, de acordo com o Ministério da Saúde da Ucrânia.

O rapaz teria sido apunhalado por ativistas contrários ao governo de Kiev. Esforços diplomáticos para conter a escalada da crise prosseguem na Europa e nos Estados Unidos. Hoje, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, deve se reunir, em Londres, com o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov. Em discurso no Senado ontem, Kerry alertou Moscou sobre “uma série de medidas muito sérias” que poderão ser implementadas, caso o Kremlin leve adiante a anexação da península da Crimeia.

De acordo com a agência Interfax, além das tropas deslocadas para a fronteira, seis caças Su-27 e três aviões de transporte militar foram enviados a Bielorússia, aliado russo na fronteira norte da Ucrânia. A movimentação seria em resposta aos exercícios da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e dos Estados Unidos na Polônia. No mesmo dia, caças F-16 americanos pousaram em Varsóvia para “reforçar o comprometimento” de Washington com segurança dos aliados. Em nota, a embaixada do país na Polônia informou que “aumentar o destacamento de aviação foi uma escolha deliberada”. Segundo o comunicado, “12 aeronaves devem chegar até o final desta semana”.

Na véspera do encontro com Lavrov, Kerry disse a congressistas que pretende esclarecer os riscos que a Rússia corre ao manter a atual posição. “Haverá algum tipo de resposta ao referendo e, em adição, se não houver possibilidade de avançar e resolver esse problema, daremos uma série de passos muito sérios a partir de segunda-feira”, afirmou.

Mais cedo, a chanceler alemã, Angela Merkel, fez um forte pronunciamento no parlamento em Berlim, durante o qual pediu ao Kremlin para barrar o processo de anexação. “Nós, também como vizinhos da Rússia, não veríamos a anexação apenas como ameaça. E isso não mudaria somente o relacionamento da União Europeia com a Rússia. Isso causaria um imenso dano à Rússia, econômica e politicamente”, declarou. “Para ser absolutamente clara, nenhum de nós quer chegar a esse ponto, mas estamos prontos e determinados a fazer, caso seja inevitável.”

Diplomacia

Durante reunião no Conselho de Segurança, o primeiro-ministro interino da Ucrânia, Arseniy Yatseniuk, disse acreditar que ainda há “uma oportunidade de resolver o conflito de maneira pacífica”. O embaixador russo na ONU, Vitali Churkin, acusou europeus e americanos de provocarem a crise, ao incitarem os ucranianos a “derrubar pela força o governo legítimo” de Viktor Yanukovich. Churkin declarou que “a Rússia não quer guerra”, mas defendeu a posição do Parlamento da Crimeia, afirmando que a realização de um referendo é uma resposta ao “golpe anticonstitucional do governo em Kiev”. Com a crescente tensão, o presidente interino da Ucrânia, Oleksander Turchinov, alertou para o perigo iminente de um conflito militar, defendendo que a Rússia está “pronta para invadir a qualquer momento”.

FONTE: Correio Braziliense

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