“Não podemos ser otimistas”, diz diretor da AIEA sobre Coreia do Norte

Coreia do Norte

A situação nuclear da Coreia do Norte continua muito preocupante após o recente anúncio do teste de uma bomba de hidrogênio por parte do país asiático, afirmou o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, que classificou que a situação não abre margem para otimismo.

Em entrevista à Agência EFE depois de sua visita de quatro dias ao México, que terminou neste sábado, o diplomata japonês falou sobre os casos de Irã e Coreia do Norte, que considera como os principais desafios atuais em matéria de não-proliferação e desarmamento nuclear.

“Todos os países devem se sujeitar e implementar os acordos de salvaguarda (com a AIEA) e as resoluções relevantes do Conselho de Segurança das Nações Unidas. No caso do Irã, eles não implementaram as resoluções e tiveram um problema”, disse Amano em referência às sanções internacionais impostas desde a década passada à república islâmica.

Agora, depois do acordo alcançado em julho do ano passado com seis potências mundiais (Estados Unidos, Reino Unido, França, China, Rússia e Alemanha), “o Irã está cumprindo as resoluções”.

Em 16 de janeiro, a AIEA confirmou que o Irã cumpriu as exigências para iniciar o histórico acordo, chamado Plano de Ação Amplo Conjunto (JCPOA, na sigla em inglês), que prevê a limitação de vários aspectos do programa nuclear iraniano para garantir que se mantenha pacífico.

Por isso, as sanções internacionais foram suspensas nos dias subsequentes, apesar das críticas do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e de alguns analistas políticos que consideram que o regime de inspeções previsto no convênio não pode evitar totalmente as atividades nucleares com fins armamentícios.

“Estamos muito bem, e as coisas vão em boa direção. Este é um acordo muito importante”, disse Amano. No entanto, reconhecendo que o convênio por si só não é suficiente, ele ressaltou que o passo seguinte – o da implementação – é igualmente essencial.

“E a AIEA tem a tarefa de monitorar e verificar a implementação deste acordo. Isto continuará por 25 anos. Apenas acabou de começar. Precisamos continuar monitorando e verificando as atividades, e a AIEA funcionará como os ouvidos e olhos da comunidade internacional”, declarou.

No caso da Coreia do Norte, Amano disse que o país não está cumprindo suas obrigações derivadas das resoluções do Conselho de Segurança e lembrou que, desde abril de 2009, a AIEA não tem inspetores no território da Coreia do Norte devido à decisão de Pyongyang de acabar com a cooperação com a agência.

“Mas, na sede da AIEA em Viena, mantemos nossa capacidade, nossa equipe, de forma que podemos retornar à Coreia do Norte a qualquer momento, quando for fechado um acordo político”, disse o diretor-geral.

Amano explicou que depois que o governo norte-coreano anunciou em 6 de janeiro que havia realizado seu primeiro teste de uma bomba de hidrogênio, o quarto teste nuclear do país desde 2006, ele cobrou que o regime comunista “aplique plenamente as resoluções das Nações Unidas”.

Quando perguntado sobre qual foi a resposta de Pyongyang, Amano afirmou que não recebeu retorno.

“Não podemos ser otimistas. A situação continua sendo muito preocupante. Mas devemos conservar a esperança e tentar resolver o problema através do multilateralismo e do diálogo”, argumentou.

Ontem, os presidentes de Estados Unidos, Barack Obama, e China, Xi Jinping, concordaram em conversa por telefone sobre a conveniência de que o Conselho de Segurança emita uma resolução contra os testes nucleares da Coreia do Norte.

A tensão internacional em torno do país asiático aumentou depois que as autoridades norte-coreanas anunciaram que será lançado um satélite de observação aérea, em meio às suspeitas de que na realidade preparam o teste de um míssil de longo alcance.

FONTE: EFE

Sair da versão mobile