Navio logístico francês vai custar a renovação de duas fragatas

Por Nuno Sá Lourenço

A concretizar-se a compra do Siroco, a Marinha de Portugal teria de limitar sua renovação, a apenas três das suas fragatas. O navio polivalente não faz parte dos gastos previstos na Lei de Programação Militar.

A aquisição à França do Navio Polivalente Logístico Siroco, possibilidade em cima da mesa desde o final do ano passado, vai obrigar à alteração dos planos da Marinha em relação às despesas previstas em equipamento.

Desde o início do ano que Portugal e França se envolveram estão negociando para dotar as Forças Armadas de um navio identificado desde 1999 como necessário para o sistema de forças. De lá para cá. já houve visitas técnicas ao navio por parte de peritos portugueses e até contatos entre os ministros da Defesa dos dois países.

Entretanto, o Ministério da Defesa já fez as contas e tenciona assumir os custos do investimento juntamente com a Marinha. Há cerca de um mês, o ministro da Defesa definiu como condição para a aquisição, que as verbas necessárias teriam de sair de um ou mais programas delineados na Lei de Programação Militar.

E a escolha está feita. A LPM, aprovada em Conselho de Ministros em Dezembro do ano passado, estabelecia a renovação de cinco fragatas das classes Vasco da Gama e Bartolomeu Dias. Duas destas deverão ficar de fora do processo de revisão por forma a garantir a verba necessária para financiar a compra do Siroco. O custo da operação está estimado nos 80 milhões de euros.

Entre os seus destacamentos encontra-se uma breve passagem pela força militar que operou nos finais de 1999 em Timor-Leste e liderada pela Austrália. Foi também um dos navios que a França enviou para o Haiti no esforço de apoio humanitário desencadeado em 2010, após o terramoto que devastou aquele país. No ano passado, participou na Missão da União Europeia Atalanta, de combate à pirataria na Somália.

Apesar dos seus mais de 30 anos de vida, a Marinha considera a aquisição do navio como benéfica. A compra ou construção de um navio semelhante novo, implicaria gastos na ordem dos 500 milhões de euros.

O Estado português tem em sua posse os requisitos técnicos e esboços preliminares para a construção deste tipo de navio. Os planos estavam nos arquivos dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, tendo revertido para o Estado português quando da concessão desses estaleiros à Martifer. O conceito do projeto era de uma embarcação multipropósito, mas fortemente vocacionada para as operações anfíbias, dotada de helicópteros de porte médio e lanchas de desembarque, com a capacidade de transportar um batalhão de fuzileiros.

Além da renovação das fragatas, a revisão da LPM prevê a encomenda de dois navios patrulha oceânicos aos estaleiros de Viana do Castelo e à compra de quatro patrulhas costeiras Stanflex 300 à Dinamarca. Estes últimos deverão chegar a Portugal já no próximo mês para sofrerem um processo de upgrade, a fazer no Arsenal do Alfeite.

Navio patrulha costeiro Stanflex 300

 

Aguiar Branco propôs que os gastos previstos em equipamento militar para os próximos quatro anos cheguem aos 1.074 milhões de euros. A nova LPM define ainda como objetivos dotar o Exército de viaturas tácticas ligeiras 4X4, capazes de suprir as lacunas que resultam da denúncia do contrato para o fornecimento dos blindados Pandur.

Está ainda prevista a substituição da metralhadora G3, que está ao serviço das Forças Armadas desde 1960, e ainda a renovação ou substituição dos seis aviões de transporte C-130, pelo mesmo número de aeronaves da brasileira Embraer KC-390. A Força Aérea Portuguesa já encaminhou para esse fabricante as especificações requeridas por forma a que a Embraer possa definir o preço de venda a Portugal.

FONTE: Portal Público

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