Nova área de vigilância aérea da China agrava guerra diplomática com o Japão

Mitsubishi-F-2-foto-via-JASDF

Kyodo/ Reuters/ em 25 Nov, 2013 – Acentuou-se o conflito entre Tóquio e Pequim em torno da soberania sobre as ilhas Senkaku, ou Diaoyu, um arquipélago desabitado no Mar da China Oriental. Depois de o Governo chinês ter incluído os céus daquele território insular na sua nova “zona aérea de identificação”, o primeiro-ministro japonês advertiu esta segunda-feira contra o que disse ser uma decisão “muito perigosa”. E mandou convocar o embaixador chinês. Ao que as autoridades chinesas responderam na mesma moeda.

Senkaku para os japoneses, Diaoyu para os chineses,está no vermelho mais uma vez, a crônica contenda diplomática entre o Japão e a China por causa da soberania sobre meia dezena de ilhas vulcânicas do Mar da China Oriental, um arquipélago controlado de fato pelos japoneses, mas reivindicado por Pequim e até mesmo por Taiwan.

A degradação das relações entre China e Japão acelerou em setembro de 2012, quando Tóquio comprou três das ilhas Senkaku ou Diaoyu de um proprietário privado.

Esta “nacionalização” do arquipélago deu espaço para uma semana de violentas manifestações de repúdio por toda a China.

Pequim destaca periodicamente navios guarda-costeiros para as águas territoriais das ilhas, localizadas a 200 quilômetros a nordeste de Taiwan e a 400 quilômetros a oeste de Okinawa, no sul do Japão.

A última aspersão de combustível para a fogueira das tensões regionais partiu do Governo chinês, que fez publicar durante o fim de semana o mapa de uma nova “zona de identificação aérea”.

O espaço de controle de tráfego aéreo abrange uma extensa porção do Mar da China Oriental, da Coreia do Sul a Taiwan, incluindo portanto, as ilhas da discórdia.

Assumindo um tom severo, o Ministério da Defesa da China avisava no sábado, que qualquer tripulação que pretendesse cruzar a “zona de identificação” ficaria agora obrigada a detalhar o seu plano de voo às autoridades chinesas, fazer prova da nacionalidade, manter permanentemente abertas as vias de comunicação e “responder de forma rápida e apropriada aos pedidos de identificação”. Na falta destes requisitos, arrisca-se a uma ação militar.

Vinte e quatro horas depois, surgia uma primeira resposta de Tóquio, pela voz do ministro japonês dos Negócios Estrangeiros. Fumio Kishida saiu a público para reprovar o “gesto unilateral” dos chineses e sublinhar “o risco de acontecimentos imprevisíveis” na região.

Munido do apoio do secretário de Estado norte-americano, John Kerry, que já responsabilizou indiretamente Pequim pela “escalada”, também o primeiro-ministro do Japão veio esta segunda-feira falar dos perigos associados à decisão da China.

“Estou muito preocupado porque é uma coisa muito perigosa que pode conduzir a um incidente imprevisível”, afirmou Shinzo Abe

“Zona cinzenta”

O Governo japonês decidiu entretanto convocar o embaixador da China em Tóquio. Com vista a contestar e a exigir mais explicações sobre a nova “zona aérea de identificação”. Pequim fez o mesmo. O representante diplomático do Japão na capital chinesa foi também chamado para tomar nota do “forte descontentamento da China e do seu protesto solene face aos irracionais exageros” de Tóquio.

Por sua vez, o Executivo da Coreia do Sul, outro dos aliados regionais dos Estados Unidos, fez saber que tenciona conservar o seu controlo sobre parte do espaço aéreo abrangido pelos planos chineses. E até mesmo as autoridades de Taiwan, tidas como próximas de Pequim, já saíram de cena para se desvincularem do gesto.

Nas páginas do diário pró-governamental chinês Global Times , porém, ecoam apenas os avisos das estruturas militares do regime: “Se o Japão enviar aparelhos militares para interceptar caças chineses, as Forças Armadas de Pequim ver-se-ão forçadas a adotar medidas defensivas de emergência”.

Foi em outubro, na sequência de mais uma missão de patrulhamento da China ao largo das ilhas, que os governos chinês e japonês começaram a enveredar abertamente pelo registo belicista. O ministro japonês da Defesa, Itsunori Onodera, encarava então as incursões marítimas da China como uma ameaça direta, acusando Pequim de abrir “uma zona cinzenta” entre “tempos de paz e uma situação de emergência”.

Nos dias seguintes, o Ministério homólogo da China empregava pela primeira vez a fórmula “ato de guerra” para dissuadir qualquer tipo de ataque aos seus navios ou aviões.

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