O AUKUS e o desenvolvimento estratégico das Filipinas

Por Gabriela Veloso e Thayná Fernandes

A recente formalização do acordo estratégico entre Austrália, Estados Unidos e Reino Unido (AUKUS) pela construção de submarinos de propulsão nuclear na Austrália suscitou debates, sobretudo em relação às questões de segurança no Indo-Pacífico. Os líderes dos países reforçaram as intenções da parceria em garantir a paz e a cooperação diante das crescentes disputas por territórios marítimos na região.

Para além da Austrália, o acordo pode gerar vantagens e benefícios a países asiáticos. Neste sentido, quais seriam os efeitos do AUKUS nas Filipinas?

Uma das principais alianças internacionais de Manila é o Tratado de Defesa Mútua com os Estados Unidos, ratificado em 1951, que visava conter o avanço soviético na Ásia. Até a década de 1990, as Filipinas abrigavam duas das maiores bases militares estadunidenses. Ainda, os dois países estabeleceram um Acordo de Forças Visitantes, facilitando a presença de aeronaves, embarcações e militares estadunidenses em território filipino.

Entretanto, as eleições de Donald Trump e de Rodrigo Duterte abriram espaço para que a China pudesse se aproximar de maneira mais contundente das Filipinas, já que os antigos aliados estavam se distanciando. Na época, visando a redução dos altos índices de desemprego no país, Duterte viu na iniciativa One Belt, One Road oportunidades de desenvolvimento econômico.

Todavia, as invasões de Pequim nas Zonas Econômicas Exclusivas das nações na área do Mar do Sul da China incomodam, mas não podem ser diretamente combatidas, principalmente pela superioridade militar chinesa. Assim, em 2018, Duterte aprovou a segunda fase do plano de modernização das Forças Armadas, a ser concluído até 2028. Nesta fase, inicialmente prevista para custar US$ 5,6 bilhões, haverá a aquisição de meios militares. Até o momento, as Filipinas adquiriram duas fragatas de mísseis guiados da Coreia do Sul, contrataram oito navios de patrulha rápida classe Shaldag, estações de armas controladas remotamente e mísseis de Israel.

Há ainda o contrato com a Índia, que inclui aquisição de mísseis de cruzeiro supersônicos Brahmos e a negociação de 6 navios patrulha offshore com a Austrália.

Para as Filipinas, o AUKUS chegou em bom momento, pois a terceira fase do programa de modernização de suas
Forças Armadas prevê a aquisição de seis submarinos convencionais e, por isso, o desenvolvimento do programa submarino australiano pode impulsionar o filipino e, talvez, convertê-lo a embarcações de propulsão nuclear. O acordo, desse modo, incentiva a busca por novas parcerias, aproxima as Filipinas de outros países e contribui para uma postura mais assertiva frente à China.

FONTE: Boletim GeoCorrente

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